A vida

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Atualmente (2016).

Você já sentiu como se nada no mundo importasse? Já sentiu um vazio tão grande, mas tão grande, que achou que ia morrer? Já teve que escolher entre a vida do seu querido filho ou da sua amada mulher?

É como se milhares de facas tivessem atingindo meu coração, me perfurando, me matando. É como se eu estivesse no fundo do mar e não houvesse ninguém para escutar meus gritos de socorro.

Isso é torturador.

Isso é insuportável.

Eu fiz a escolha certa, eu sei. Kathleen teria orgulho de mim.

Eu escolhi a vida de nosso filho.

Porém, a dor que sinto é terrível e não sei se conseguirei suportar. O grande amor de minha vida vai para longe de mim, para sempre.

Quebrei a promessa que fiz no dia de nosso casamento. "Se eu tivesse a chance de escolher qualquer pessoa no mundo, ainda escolheria você" foi o que eu disse. Não sabia que essas seriam as circunstâncias e que eu teria mesmo que escolher entre ela e nosso filho.

Ando de um lado para o outro, tentando colocar em minha cabeça que o que fiz é o certo. Lágrimas descem agressivamente e incontrolavelmente pelos meus olhos. Me escorro na parede, deslizando até o chão.

Como viverei sem Kath? Sem, ao menos, me despedir? Como vai ser todos os dias de minha vida sem ela ao meu lado? Como educarei Pitter sozinho? Como ele se sentirá sem uma mãe?

O que me resta é torcer por um milagre, torcer para que Kathleen sobreviva.

A enfermeira informou-me de que minha esposa está inconsciente pela falta de sangue e que não tem como eu me despedir. Contudo, eu preciso vê-la uma última vez.

Me forço a levantar e abandonar meu sofrimento por alguns instantes. Passo pela minha família a passos largos, ignorando perguntas e exclamações preocupadas.

Preciso ver ela, apenas ela.

Corro até a sala de parto, abrindo a porta.
Perco minha fala e a maioria de meus sentidos quando chego. Estou paralisado. O rosto pálido de Kathleen está voltado para mim, como se estivesse me esperando. As enfermeiras aparecem, me empurrando para a saída. Me recuso, desviando de cada toque. Minha mulher está viva, ainda está viva.

Luto contra as enfermarias, tentando me aproximar de minha esposa. Ela sorri para mim, assentindo. Seus olhos fecham-se lentamente e um desespero me atinge.

- Não - uma lamentação escapa de meus lábios - NÃO! NÃO! KATHLEEN! ME SOLTEM, EU PRECISO... PRECISO DA MINHA MULHER.

Mais enfermeiras aparecem, me jogando fora da sala. A porta se fecha e a bato até minhas mãos doerem. Seguranças aparecem, me tirando dali. Tento me esquivar, porém, eles são o dobro do meu tamanho.

Ela... ela morreu. Sou acometido por uma angústia profunda. Raiva, culpa, tristeza...

Me acalmo quando ouço o choro de um bebê. Pitter, Pitter está bem. Como se não tivesse acabado meu estoque água, mais lágrimas caem de meus olhos.

Deixe-me Te Amar - Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora