A Chama Proibida

Sombra e Luz

Amélia

A luz da manhã invade o quarto, e ao acordar, percebo imediatamente a ausência de Chris ao meu lado. Um peso se instala no meu peito enquanto me lembro da noite anterior e da discussão terrível que tivemos. Ele provavelmente havia saído para trabalhar mais cedo, ou para qualquer outro lugar como sempre fazia.

Olho para o espelho e o reflexo revela marcas roxas em meus braços, recordações dolorosas de momentos de tensão com Chris. Engulo em seco, tentando conter a emoção que ameaça transbordar. Decido usar uma blusa de mangas compridas para esconder os hematomas, evitando que alguém no trabalho perceba o que aconteceu em casa.

Enquanto me visto, penso no meu marido, naquilo que ele já foi e no que se tornou. O homem que eu amava se perdeu em algum lugar ao longo do caminho, substituído por alguém que mal reconheço. É uma realidade dolorosa, mas uma que tenho medo de enfrentar.

Desço as escadas e encontro a casa em um silêncio opressivo. Chris de fato não estava aqui. É como se a nossa casa, um refúgio que costumava ser cheio de risos e amor, agora esteja impregnada com uma tristeza e uma solidão que eu não sei como enfrentar.

Enquanto preparo meu café da manhã, as lágrimas finalmente encontram o caminho para fora dos meus olhos. Me pergunto como chegamos a esse ponto e o que aconteceu com o nosso casamento. Mas sei que, de alguma forma, a chegada do trabalho no set de The Walking Dead me deu uma pequena faísca de esperança, uma distração da escuridão que se instalou em minha vida.

Visto minha blusa de mangas compridas com cuidado, escondendo os vestígios visíveis da noite anterior, e saio de casa, pronta para enfrentar o dia. Enquanto dirijo em direção ao set, tento afastar os pensamentos sombrios que ameaçam me consumir. A promessa de um novo começo e a oportunidade de me perder na fotografia são o que me impulsionam agora.

E assim, começo mais um dia, na esperança de que, de alguma forma, as sombras do meu casamento e as marcas roxas nos meus braços possam ser superadas pela luz e pela paixão que encontro nas lentes da minha câmera.

O segundo dia no set de começa com um sentimento de renovação, como se o mundo lá fora estivesse temporariamente suspenso e eu tivesse a chance de deixar meus problemas para trás, pelo menos por algumas horas.

Dirijo-me à mesa onde o café e alguns bolinhos são servidos, agradecendo mentalmente por essa pequena indulgência matinal. Enquanto estou lá, sinto a presença de alguém se aproximando. Viro-me e me deparo com Jeffrey Dean Morgan, casual e charmoso como sempre, pegando um copo de café.

Ele está usando parte do figurino do Negan, com excessão da característica jaqueta de couro.

— Amélia, não é? — ele diz, com um sorriso que parece sugerir que ele sabe mais do que aparenta. — Está gostando do set até agora?

Pego um copo de café de isopor e tento corresponder ao seu charme com um sorriso profissional.

— Sim, é realmente emocionante estar aqui. A equipe é incrível.

Ele inclina a cabeça, observando-me com olhos perspicazes.

Jeffrey toma um gole de café e então comenta com um tom de voz sarcástico,

— Bom, você parece mais competente do que a maioria dos novatos que passaram por aqui. — Da de ombros ainda com aquele sorriso charmoso nos lábios que fazem com que um arrepio percorra cada vértebra da minha espinha.

Meus lábios se curvam em um sorriso discreto.

— Obrigada, Sr. Morgan. Aprendi com os melhores.

— Sr. Morgan é o meu pai, sem formalidades. — Ele solta um riso nasal.