Tribunal

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Amélia

O dia do julgamento finalmente havia chegado, e eu me sentia nervosa além da medida. Estava diante do espelho do banheiro, tentando me arrumar enquanto minhas mãos tremiam. Meu estômago estava em um nó de nervosismo e ansiedade, como se tivesse uma tempestade furiosa dentro de mim.

O vestido que escolhi parecia um desafio naquele momento, com seus botões teimosos e zíperes que pareciam resistir a cada tentativa de fechamento. Meu reflexo no espelho mostrava uma mulher que estava tentando manter a compostura, mas cujos olhos refletiam uma montanha-russa de emoções.

Jeff se aproximou de mim, vestindo um terno impecável, e sua expressão preocupada era palpável.

— Como você está se sentindo, Amélia? — Perguntou de forma gentil.

Minha resposta não veio em palavras. Em vez disso, um nó terrível de ansiedade apertou minha garganta, e minha mão voou instintivamente para cobri-la. Eu me virei em direção ao vaso sanitário e corri até ele, vomitando minhas preocupações e medos. Foi uma resposta física ao puro nervosismo que estava consumindo meu corpo.

Enquanto eu estava lá, apoiada no vaso, sentindo-me fraca e vulnerável, Jeff se aproximou segurando meu cabelo. Quando finalmente terminei me levantei dando descarga.

— Isso responde a sua pergunta? — Disse com um sorriso fraco.

Ele olhou para mim com ternura e preocupação em seus olhos.

— Amélia, eu entendo o quanto isso está te afetando. Mas lembre-se de que estamos fazendo isso juntos. Você não está sozinha. — Jeff segurou meu rosto acariciando minha bochechas com os polegares. — Eu te beijaria se não tivesse visto você botar o café da manhã pra fora. E eu não sabia que você tinha comido os morangos.

— Idiota. — Ri o afastando.

Eu me senti grata pelas palavras de apoio de Jeff, por sua presença constante ao meu lado. Ele sempre esteve lá para me sustentar, e eu não poderia ter pedido um parceiro mais forte e amoroso.

Respirando fundo fomos até o carro rumo ao tribunal.

No tribunal, a tensão era palpável enquanto Jeff e eu esperávamos pelo início do julgamento. Meu advogado conversou comigo, tentando acalmar meus nervos como se isso fosse possível. Eu estava prestes a ficar frente a frente com o monstro do meu ex-marido.

O momento chegou, e entramos no tribunal, enfrentando o olhar curioso de todos os presentes. Eu e meu advogado tomamos nossos lugares, na mesa dos réus lá estava Chris com seu advogado, ele me olhou e pude vê-lo claramente piscando pra mim.

O julgamento começou, e a apresentação do advogado de Chris foi agressiva desde o início.

— Excelência, senhoras e senhores do júri, hoje vocês ouvirão uma história diferente da que a acusação está tentando pintar. — ele começou, sua voz carregada de convicção. — Meu cliente, Chris Blackwood, é um homem que está sendo injustamente acusado de crimes horríveis. Ele é, na verdade, uma vítima de circunstâncias terríveis.

Ele prosseguiu, descrevendo nosso casamento de três anos e como as coisas começaram a dar errado quando ele descobriu que eu estava tendo um caso. Ele apresentou Chris como o marido traído, levado a cometer atos extremos devido à dor da traição.

— Chris estava devastado pela traição de sua esposa. — o advogado continuou, sua voz aumentando de intensidade. — Ela o havia traído com outro homem, um homem que, como testemunharemos hoje, invadiu a casa deles e o espancou brutalmente na mesma noite em que Amelia foi encontrada. Seria uma coincidência apenas?

A Chama ProibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora