Alpha e Beta

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Amélia

Dias Depois...

A tensão em nossa casa era palpável. Chris agora trabalhava em casa, alegando que isso nos permitiria passar mais tempo juntos como uma "família". No entanto, eu sabia que era apenas um pretexto para que ele pudesse me vigiar constantemente. Todos os passos que eu dava, cada palavra que eu dizia, eram examinados cuidadosamente por ele.

Em um dia ensolarado, estávamos sentados na sala, Chris concentrado em seu notebook, digitando rapidamente como se sua vida dependesse disso. Eu estava cuidadosamente escolhendo minhas palavras, tentando não provocá-lo. A fragilidade da nossa situação me assombrava, e eu temia o que ele faria se sentisse que estava perdendo o controle.

De repente, as batidas na porta interromperam nossa tensa calmaria. Chris imediatamente olhou pela janela, reconhecendo Jeff do lado de fora. Seus olhos se estreitaram, e ele se aproximou de mim, puxando meu braço com uma força que me fez gemer de dor.

— Você precisa se livrar dele. — Chris sussurrou, sua voz sibilante de raiva. — De uma vez por todas, ou eu vou esquecer que você está carregando um filho meu e vou fazer o pior.

As palavras de Chris foram como um choque elétrico, cortando o ar com ameaças sombrias. Eu estava presa em um pesadelo, entre dois homens que me controlavam de maneiras diferentes, ambos com a capacidade de destruir minha vida. A única coisa que eu sabia com certeza era que precisava encontrar uma maneira de proteger meu bebê, não importava o custo. Mas como? Aquela pergunta me atormentaria por muito tempo.

Eu sabia que não podia adiar mais o inevitável, então tomei uma respiração profunda e fui até a porta. Quando a abri, encontrei o rosto preocupado de Jeffrey. Sua expressão de alívio ao me ver contrastava com a frieza que eu estava tentando manter.

— Amélia! Por que você sumiu? — Jeffrey perguntou, sua voz carregada de confusão e preocupação. — Eu enviei mensagens, tentei te ligar. Você estava bem?

Eu não conseguia encará-lo diretamente.

— Eu não quero mais ver você, Jeffrey. Por favor, vá embora e me deixe em paz. — Meu olhar vagou para o chão enquanto eu respondia com firmeza, embora a dor em minha voz fosse inegável.

Os olhos dele se estreitaram, e ele notou o hematoma em meu rosto. Era difícil esconder a dor que eu estava sentindo, mas eu não podia contar a verdade.

— O que aconteceu com o seu rosto? Quem fez isso com você? —  perguntou, claramente preocupado. Porém havia algo mais, a ira queimava em seus olhos como fogo no inferno.

Foi nesse momento que uma mentira escapou de meus lábios, uma mentira que eu já havia usado antes.

— Foi um acidente. — respondi, evitando seu olhar. — Nada sério, não se preocupe.

—Amélia, não minta para mim.

Eu queria acreditar nele. Queria poder abrir meu coração e contar a verdade, mas eu sabia que não podia. Chris estava sempre presente, sempre me vigiando. Eu estava encurralada, e a única coisa que eu podia fazer era pedir a Jeffrey que fosse embora e me deixasse enfrentar esse pesadelo sozinha.

O toque inesperado no meu ombro me fez pular. Chris estava ali, com sua presença esmagadora, como se estivesse sempre à espreita, esperando pelo momento certo para aparecer. Eu me virei para encará-lo, meu coração martelando no peito.

— Algum problema aqui? — ele perguntou com um sorriso falso, mas seus olhos mostravam um aviso claro.

Jeffrey se manteve firme.

— Eu só estava preocupado com Amelia.

Chris bufou, parecendo ainda mais irritado.

— Já disse para você ficar longe da minha esposa, não disse? Se eu te ver perto dela de novo, vou chamar a polícia.

Eu estava entre os dois homens, sentindo-me como uma presa encurralada. O conflito estava crescendo ao meu redor, e eu sabia que precisava manter as aparências. Mesmo que meu coração doesse de ter que afastar Jeffrey, eu tinha que fazê-lo para mantê-lo seguro.

Antes que eu pudesse dizer algo Jeffrey puxou Chris pelo colarinho da camisa.

— Escuta aqui seu filho da puta, se você estiver machucando ela...

— Com quem acha que está lidando? Eu sou o advogado renomado e você um atorzinho de merda. O que acha que pode acontecer com você se continuar com isso? — Chris o encarava com frieza.

— Jeffrey solta ele! Por favor, vá embora. — eu implorei, meu olhar cheio de tristeza. — Você precisa me esquecer.

A expressão de Jeffrey mostrava a luta interna que ele estava travando. Ele queria ficar, eu podia ver isso em seus olhos, mas ele também pareceu entender o perigo da situação. Com um último olhar de angústia em minha direção, ele finalmente recuou soltando Chris.

— Está bem, Amélia. — ele disse com uma voz resignada. — Eu vou embora, mas saiba que eu estarei por perto.

Assenti, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. Assim que Jeffrey saiu, Chris me puxou para perto dele, e eu sabia que não tinha escolha a não ser continuar desempenhando esse perigoso jogo.

Enquanto Jeffrey se afastava, o olhar de Chris permanecia fixo em mim, como se ele pudesse ver através das minhas mentiras. Meu coração batia forte, meu corpo tenso, enquanto ele me mantinha sob sua mira.

— Você acha que pode brincar comigo, Amelia?—Chris murmurou, seus dedos apertando meu ombro com uma força crescente. Eu engoli em seco, desviando o olhar, incapaz de encarar a crueldade em seus olhos.

— Chris, eu... — Minha voz tremia enquanto eu tentava encontrar as palavras certas para acalmá-lo.

Ele apertou ainda mais seu aperto, fazendo-me gemer de dor.

— Você não deveria ter chamado aquele cara aqui, Amelia. Você sabe que ele não é bem-vindo em nossa casa.

A dor em meu ombro era intensa, e lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

— Eu sinto muito, Chris. Eu não quis...

Ele me interrompeu com um beijo brutal, seus lábios esmagando os meus com uma violência que fez meu lábio ferido latejar. Sua mão encontrou meu pescoço, e eu temi que ele fosse me machucar ainda mais. Mas, em vez disso, ele me empurrou para longe, me fazendo cair no chão.

— Saia daqui, Amelia. — ele rosnou. — E lembre-se de que você está grávida. Não faça nada estúpido que possa machucar o bebê.

Eu me levantei, com dificuldade, sentindo a dor em todo o meu corpo. Ele tinha razão sobre o bebê; eu não podia arriscar. Eu engoli minha dor e saí da sala, sentindo-me derrotada e vazia.

Lá fora, a luz do sol parecia desmentir a escuridão que eu estava vivendo.

A Chama ProibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora