Aliados ou Inimigos?

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Amélia

Entrar na clínica para minha consulta pré-natal foi uma experiência agridoce. Por um lado, estava ansiosa para ver o meu bebê pela primeira vez, mas, por outro, a presença de Chris ao meu lado era um constante lembrete de meu confinamento emocional e físico.

A médica era gentil e compreensiva. Ela me ajudou a me deitar na maca e começou o procedimento do ultrassom. Senti um frio na barriga, uma mistura de ansiedade e medo. Eu não podia deixar transparecer que minha relação com Chris estava longe de ser perfeita, que havia abusos emocionais e físicos, mas sabia que era vital para a segurança do meu bebê.

A médica aplicou o gel e colocou o transdutor sobre minha barriga. No monitor, uma imagem começou a se formar. Era o meu bebê, com apenas oito semanas de vida. Meus olhos se encheram de lágrimas ao ver aquele pequeno ser. Eu não podia acreditar que estava gerando uma vida.

— Olhe, Amélia. — a médica disse, apontando para o monitor. — Aqui está o seu bebê.

Chris, que estava sentado ao meu lado, esboçou um sorriso e olhou com atenção para a tela.

— Ele é tão pequeno. Incrível. — ele murmurou, sua mão encontrando a minha.

Eu forcei um sorriso, concordando. Era incrível, de fato. Mas minha alegria estava entrelaçada com uma camada de ansiedade. Eu sabia que este era apenas o começo, que enfrentaria um longo caminho até o nascimento do bebê.

A médica continuou a examinar o ultrassom, verificando o coraçãozinho do bebê e medindo o seu tamanho. Cada batida do coração era como uma música para os meus ouvidos. Saber que dentro de mim havia uma vida pulsante e que eu jamais estaria sozinha novamente me encheu de um amor inexplicável.

No entanto, eu também sabia que precisava ser forte e cuidadosa. Qualquer sinal de fraqueza, qualquer tentativa de revelar a verdade sobre meu relacionamento com Chris poderia colocar em perigo tanto o bebê quanto eu.

Depois de terminar o ultrassom, ela me pesou e fez outros procedimentos. Quando voltamos a sentar a mesa ela estava com uma expressão séria.

— Amélia, você está abaixo do peso. — ela disse, olhando para os resultados em sua prancheta. — Isso pode ser preocupante durante a gravidez, especialmente no seu estágio.

Chris imediatamente interrompeu a médica.

— É porque ela tem vomitado muito. — ele explicou, sua voz carregada de preocupação falsa.

Engoli em seco, tentando não mostrar meu desconforto. Eu sabia que minha perda de peso não era apenas devido a enjôos matinais. Os abusos de Chris estavam começando a afetar minha saúde de maneiras que eu não podia ignorar.

A médica me lançou um olhar atencioso.

— É importante que você cuide de sua saúde, Amélia. — ela enfatizou. — A gravidez exige muito do corpo da mulher, e estar abaixo do peso pode representar riscos tanto para você quanto para o bebê.

Eu apenas assenti, incapaz de dizer a verdade. Se Chris suspeitasse que eu estava enfrentando problemas devido aos abusos, eu poderia estar em perigo. Eu tinha que continuar mantendo as aparências, pelo bem do bebê.

A médica continuou dando orientações sobre a importância de uma alimentação saudável e equilibrada durante a gravidez. Chris parecia prestar atenção, mas eu estava perdida em meus próprios pensamentos, pensando em como poderia proteger a mim e ao bebê sem levantar suspeitas.

Assim que saímos da sala da médica, Chris manteve uma aparência tranquila e preocupada, como se ele fosse o marido cuidadoso e atencioso. No entanto, eu sabia que tudo isso era uma farsa, uma fachada que ele usava para esconder seus verdadeiros abusos.

A Chama ProibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora