Mantê-lo Seguro

106 9 6
                                    



Amélia

O sol já havia nascido lá fora, mas dentro do quarto de tortura, a luz parecia distante. Meu celular estava destruído, sem chances de pedir ajuda ou desabafar com alguém. As únicas testemunhas do meu sofrimento eram as paredes silenciosas e os lençóis manchados pelas minhas lágrimas.

O som da chave virando na fechadura fez meu coração acelerar. Chris estava de volta, e eu sabia que não tinha escolha a não ser obedecer. Ele empurrou a porta, seu olhar frio e calculista penetrando em mim.

— Vai preparar o café. — ordenou ele, como se nada de anormal tivesse acontecido.

Engoli em seco e assenti, tentando me levantar da cama com alguma dignidade. Mas minhas pernas tremiam, e eu me sentia fraca e vulnerável. Vestir uma máscara de normalidade era a única coisa que me restava.

No entanto, enquanto eu seguia para a cozinha, sentia o olhar de Chris queimando minhas costas. Ele sabia que eu estava quebrada, que ele havia conseguido me humilhar e me quebrar. E ele gostava disso.

Na cozinha, comecei a preparar o café com mãos trêmulas. Tentava esconder os hematomas que marcavam meu corpo, mas sabia que não podia escondê-los para sempre. Aquilo era uma prisão, um ciclo interminável de abuso e humilhação.

Chris sentou-se à mesa, observando cada movimento meu com um sorriso sádico nos lábios. Eu sentia nojo daquele homem, daquele monstro que se escondia por trás de uma fachada de respeitabilidade.

Eu sabia que precisava encontrar uma saída, uma maneira de escapar daquele pesadelo. Mas, por enquanto, estava presa, servindo café para o homem que me atormentava, enquanto a vergonha e o medo corroíam minha alma.

A atmosfera na cozinha era pesada, carregada com o silêncio ensurdecedor e a tensão que parecia nunca dissipar-se. Chris estava sentado à mesa, sua postura ereta e confiante, como se fosse o senhor daquele domínio. Eu, por outro lado, estava do outro lado da mesa, me sentindo pequena e vulnerável, com meu corpo ainda dolorido dos abusos da noite anterior.

O café estava à nossa frente, uma cena cotidiana que escondia os horrores que aconteciam nos bastidores daquela casa. Eu observava o líquido escuro em minha xícara, tentando encontrar coragem para falar, mas as palavras pareciam ter sido roubadas de minha boca.

Chris quebrou o silêncio, sua voz soando fria e indiferente.

—Você não parece muito animada hoje, querida. — disse ele, como se estivesse comentando sobre o tempo. Ele me observou atentamente, seus olhos parecendo perfurar minha alma.

— Só não dormi muito bem. — respondi, desviando o olhar para a janela. Não era uma mentira completa, afinal, minhas noites eram repletas de pesadelos.

Chris pareceu satisfeito com minha resposta, pelo menos por enquanto. Ele começou a falar sobre seus planos de negócios, como se o mundo lá fora não fosse um lugar obscuro e cruel. Eu o escutava, tentando me desconectar da realidade, dissociar e fugir para algum lugar seguro em minha mente.

O café estava amargo, como um reflexo de minha própria vida. Cada gole era uma lembrança dolorosa de minha impotência, da prisão em que me encontrava. Eu não sabia como ou quando poderia escapar, mas a única certeza que eu tinha era que precisava encontrar uma maneira de me libertar daquele pesadelo.

O som das batidas na porta ecoou na cozinha, enchendo o ambiente com uma tensão ainda maior. Meu coração disparou quando olhei pela janela e percebi que se tratava de Jeff. Senti um raio de esperança, mas também uma profunda preocupação. Chris não era alguém que gostasse de surpresas.

Chris, com um olhar que poderia congelar o inferno, se levantou abruptamente da mesa e se aproximou de mim. Ele agarrou meu cabelo com força, puxando-o para trás e forçando minha cabeça para trás. A dor me fez soltar um gemido abafado.

A Chama ProibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora