Capítulo 39

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- Eu fui muito boba em acreditar que o senhor realmente tinha mudado um pouquinho sequer. Essa BMW é para mim? Porque encontrei esta chave dourada em cima da minha cama esta manhã quando resolvi abrir alguns presentes.

- Ela é sua se quiser, é claro. Vai ficar linda na nova garagem de vocês.

- Garagem? O que o senhor está sabendo que 'euzinha' não sei? Vai me dar uma casa também? Se o Christian não fosse tão orgulhoso, eu aceitaria.

- O carro ou a casa? - Papai abre a porta do corola para eu entrar e o faço com elegância, igualzinho aquelas dondocas refinadas de filmes e novelas.

- A casa, obviamente. O carro já é meu, papai. Quando eu precisar fazer compras, ou levar as crianças na escola...

- Que crianças? Os meninos estão de férias, Dehayne. - Ele me lança um olhar de desconfiança. - Por acaso você e o Christian estão pensando na possibilidade de aumentar à família?

- É sério que está me fazendo esse tipo de pergunta? - replico horrorizada. E ele insiste:

- É sim ou não. Muito simples.

- Esse é o tipo de conversa que eu teria com a minha melhor amiga, até com a minha mãe se fôssemos próximas, não me parece ser uma boa ideia compartilhar esse tipo de pensamento com um homem, ainda mais se ele for o meu pai. É no mínimo estranho.

- Quer dizer que essa possibilidade passa pela sua cabecinha? - fala em tom acusatório. - Estou errado, filha?

- Completamente!! Principalmente no que me concerne. O Christian e eu teremos filhos, mas não agora! Quem sabe depois que eu concluir a faculdade e montar minha empresa de cosméticos.

- Fale mais sobre os seus projetos. Estou adorando conhecer esse seu lado "família" que você escondeu durante uma vida.

- Você se fechou pra mim primeiro, senhor Lacerda. O que queria que eu fizesse? Não sou o tipo de pessoa que sobrevive de migalhas.

- Eu não a culpo, porém nós dois sabemos que erramos um com o outro, eu mais que você admito.

- Já consegue admitir seus erros? Isso é algo "chocante". Eu vivi pra ver isso: Dalton Lacerda se redimindo de seus cri..

Meu pai freia o carro bruscamente em uma curva fechada antes que eu consiga terminar a frase; meu coração começa a bater mais depressa e um pânico que eu nunca senti antes toma conta de mim.

- Papai, o que houve?

Ele nada responde. Está ocupado conversando com alguém através de um ponto eletrônico, equipado na orelha esquerda, ao que me parece é algo urgente.

- Reforça a segurança no local e me mantenha informado. Eu fui bem claro? - As últimas palavras são pronunciadas com bastante rigidez. - Eu chego aí assim que possível.

- Se não me disser o que está acontecendo eu vou sair desse carro e voltar a pé para casa dos avós do meu marido - sussurro. - O que está havendo?

- Não vai querer voltar pra casa a pé, são 60 km para percorrer de volta. E além do mais não há motivos para estresse. Já encaminhei alguém de minha total confiança para resolver esse incidente na empresa.

- Que seria?

- Uma pequena falha na segurança, porém, como eu já disse: não se preocupe. Tudo está sob controle, mas fico feliz que se preocupe com os problemas da nossa empresa.

- Precisava rugir dessa forma para o rapaz? Eu me assustei, sabia?

- Vai entender quando gerir os meus negócios, que também são seus. Mas não vamos ficar conversando sobre esse assunto, precisamos conversar sobre algo muito importante, filha.

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