- Eu fui muito boba em acreditar que o senhor realmente tinha mudado um pouquinho sequer. Essa BMW é para mim? Porque encontrei esta chave dourada em cima da minha cama esta manhã quando resolvi abrir alguns presentes.
- Ela é sua se quiser, é claro. Vai ficar linda na nova garagem de vocês.
- Garagem? O que o senhor está sabendo que 'euzinha' não sei? Vai me dar uma casa também? Se o Christian não fosse tão orgulhoso, eu aceitaria.
- O carro ou a casa? - Papai abre a porta do corola para eu entrar e o faço com elegância, igualzinho aquelas dondocas refinadas de filmes e novelas.
- A casa, obviamente. O carro já é meu, papai. Quando eu precisar fazer compras, ou levar as crianças na escola...
- Que crianças? Os meninos estão de férias, Dehayne. - Ele me lança um olhar de desconfiança. - Por acaso você e o Christian estão pensando na possibilidade de aumentar à família?
- É sério que está me fazendo esse tipo de pergunta? - replico horrorizada. E ele insiste:
- É sim ou não. Muito simples.
- Esse é o tipo de conversa que eu teria com a minha melhor amiga, até com a minha mãe se fôssemos próximas, não me parece ser uma boa ideia compartilhar esse tipo de pensamento com um homem, ainda mais se ele for o meu pai. É no mínimo estranho.
- Quer dizer que essa possibilidade passa pela sua cabecinha? - fala em tom acusatório. - Estou errado, filha?
- Completamente!! Principalmente no que me concerne. O Christian e eu teremos filhos, mas não agora! Quem sabe depois que eu concluir a faculdade e montar minha empresa de cosméticos.
- Fale mais sobre os seus projetos. Estou adorando conhecer esse seu lado "família" que você escondeu durante uma vida.
- Você se fechou pra mim primeiro, senhor Lacerda. O que queria que eu fizesse? Não sou o tipo de pessoa que sobrevive de migalhas.
- Eu não a culpo, porém nós dois sabemos que erramos um com o outro, eu mais que você admito.
- Já consegue admitir seus erros? Isso é algo "chocante". Eu vivi pra ver isso: Dalton Lacerda se redimindo de seus cri..
Meu pai freia o carro bruscamente em uma curva fechada antes que eu consiga terminar a frase; meu coração começa a bater mais depressa e um pânico que eu nunca senti antes toma conta de mim.
- Papai, o que houve?
Ele nada responde. Está ocupado conversando com alguém através de um ponto eletrônico, equipado na orelha esquerda, ao que me parece é algo urgente.
- Reforça a segurança no local e me mantenha informado. Eu fui bem claro? - As últimas palavras são pronunciadas com bastante rigidez. - Eu chego aí assim que possível.
- Se não me disser o que está acontecendo eu vou sair desse carro e voltar a pé para casa dos avós do meu marido - sussurro. - O que está havendo?
- Não vai querer voltar pra casa a pé, são 60 km para percorrer de volta. E além do mais não há motivos para estresse. Já encaminhei alguém de minha total confiança para resolver esse incidente na empresa.
- Que seria?
- Uma pequena falha na segurança, porém, como eu já disse: não se preocupe. Tudo está sob controle, mas fico feliz que se preocupe com os problemas da nossa empresa.
- Precisava rugir dessa forma para o rapaz? Eu me assustei, sabia?
- Vai entender quando gerir os meus negócios, que também são seus. Mas não vamos ficar conversando sobre esse assunto, precisamos conversar sobre algo muito importante, filha.

VOCÊ ESTÁ LENDO
APENAS UMA RAZÃO PARA AMAR VOCÊ
RomanceUma proposta de casamento inesperada - mesmo sendo uma conveniência - é tudo o que Christian Guiavila Santiago Rivera jamais cogitou receber. As profundas marcas das desilusões que sofreu no passado ainda estão lá para assombrá-lo. E estas servem d...