Capítulo 10: P/2

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Cumprimento alguns convidados dispersos pelo jardim e então me aproximo dos meus pais, que estão próximos à piscina conversando com Sra. Lacerda. Eloíse me abraça sem ter reciprocidade como resposta.

- Estou tão feliz por você, filho. O seu casamento não poderia ter sido mais perfeito. - Forço um sorriso, logo que consigo me desvencilhar dela.

- Acho melhor eu ir. Estou com uma leve indisposição. Tenham um bom dia, pessoal. - Busco refúgio no estacionamento, e meu pai me segue.

- Eu sei que você não está feliz, mas quero que saiba que eu não tive nada a ver com esse plano do Dalton. Seu pai seria incapaz de torcer pela sua infelicidade.

- Nada disso importa agora. - Olho para ele por cima do ombro. - Só peço que respeite a minha decisão de ficar sozinho. - Abro a porta do meu FIAT e entro no carro.

- Você vai ficar bem?

- Espero que sim. Agora se me der licença, preciso ir pra casa.

*****

A vontade que tenho ao chegar em casa é de me jogar no sofá e dormir até o dia seguinte, mas como divido a casa com meus pais, sei que isso é basicamente impossível.

Preparo algo para comer antes de tomar um banho e descansar um pouco. Há dias o meu corpo implora por repouso, principalmente agora que o Noah foi transferido de hospital e tive que ficar com ele em São Paulo até Eloíse resolver umas pendências.

Ligo para a minha secretária e peço que ela desmarque todos os meus compromissos pra hoje.

•••

- Você sempre dá um jeitinho de resolver esse tipo de coisa, Jhey. Agenda as reuniões de hoje para o fim de semana ou amanhã. Faça como achar melhor.

- O senhor está bem? - Há uma preocupação nítida na voz dela. - Precisa de mais alguma coisa?

- Só estou um pouco cansado. Porém, amanhã estarei de volta ao trabalho.

- Desejo melhoras e fico contente em saber que logo logo vai estar de volta. Vou reorganizar à sua agenda hoje mesmo. E se precisar de qualquer coisa é só me ligar.

- O que seria de mim sem você, Jhey? - Ela sorri. E então desliga.
•••

- É esse o tipo de mulher por quem você se sente atraído, senhor S. Rivera? O tipo submissa?

- Dehayne? O que a faz aqui? E que malas são essas? Não vai me dizer que pretende ficar?

- Não respondeu à minha pergunta.

- Também não respondeu às minhas.

- Não lhe parece obvio? - Revira os olhos.

- Deveria ter batido à porta antes de invadir a minha casa e ficar ouvindo o que não deve. Ninguém lhe avisou que esse tipo de comportamento é antiético?

- Não. Nunca me disseram nada a respeito. - Ela praticamente cospe as palavras, ainda me encarando com fúria nos olhos.

- Estou vendo. - Pego o meu celular e tento ligar para o meu nem tão querido sogro.

- Não vai me ajudar com as malas?

-Você nem deveria estar aqui. Não me lembro de ter lido algo sobre "você se mudar pra minha casa, no contrato". Aguarde um tempinho na sala que eu vou falar com o seu pai.

- O quê? Não pode estar falando sério, seu idiota - grita, irritada. - Acha que eu traria minhas malas pra cá se tivesse escolha? - D.L atende o celular e saio para a varanda deixando ela falando sozinha.

****

- Dehayne, seu pai disse que.. Pra onde ela foi? - Procuro resquícios da garota problemática na sala vazia, sem sucesso. - Espero que ela não esteja lá em cima. Ela não teria a ousadia.

Enquanto desfilo pelo corredor silencioso da mansão Rivera uma única pergunta perturba a minha cabeça:

- Como deixei a situação chegar a esse ponto?

Observo o objeto dourado preso à minha mão esquerda, pela milésima vez, incrédulo. O destino nunca fora muito generoso comigo, todavia, ultimamente, confesso que ele foi longe demais.

Em frente ao meu quarto, giro a maçaneta, abro a porta devagar e por pouco não vejo a Dehayne sem roupa. O vestido branco - agora amarelo - que ela usava horas atrás está jogado no chão e pisoteado, uma amostra do quão feliz ela está com a nossa conveniência.

- Perdoe-me, eu não sabia que estava aqui - balbucio, constrangido, e fecho a porta em seguida.

- Sai daqui, seu idiota!! - Ela atira alguns travesseiros na minha direção. Como se não bastasse ter me casado a contragosto, agora vou ter de suportar uma garota de temperamento altamente inflamável e bipolar.

Ainda no corredor, me recosto na parede, aturdido. Dehayne surge atrás de mim logo depois, furiosa. E traz consigo algumas roupas minhas, lençóis, travesseiros e outros objetos. E para diante do meu olhar atônito.

- O que está fazendo, garota? Caso você ainda não percebeu, esse é o meu quarto. Você não está cogitando a possibilidade de... - Não consigo terminar a frase diante do ataque de fúria dela, no segundo seguinte.

- Você é que ainda não entendeu, meu nem tão querido marido, esse ERA o seu quarto, agora ele é meu. E não, não pense que vou dormir ao seu lado, não vou tolerar a sua presença nem mesmo que seja para dormir no chão deste quarto. E por fim, mas não menos importante, você não sabe do que sou capaz, então FIQUE LONGE DE MIM E DO MEU QUARTO. - Bate a porta com violência.

- Calma, Christian! Inspire, expire...

Isa. Facinelly

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