Capítulo 05

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Christian

Paro o meu Fiat em frente a uma praça, no centro da cidade. Quem sabe agora longe de toda a pressão familiar consigo organizar os meus pensamentos.

Não há muitas pessoas circulando em volta. Observo o prédio gigantesco ao lado da praça.

- Centro Educacional Álvares de Albuquerque.

Pronuncio em voz alta. A instituição que eu cursei o ensino médio anos atrás. Está um tanto diferente. O azul celeste das paredes deu lugar a um cinza quase branco. E uma árvore que ficava próxima ao portão não está mais lá. Muita coisa mudou ao longo desses dez anos.


Vibrações no meu celular tiram-me de meus devaneios. São muitas chamadas não atendidas. Algumas do meu pai, outras da minha secretária, da Eloíse, do médico do Noah. Neste momento, flashes de memória mescladas entre passado e presente me invadem. O aparelho vibra continuamente na minha mão. Em um surto de raíva o arremesso para longe. E por ironia da sorte meu celular atinge uma garota que está sentada próxima a um chafariz, lendo algo.

Quando me aproximo, nosso olhar se encontra. Ela tem olhos castanhos. Está usando uniforme escolar e sua roupa agora encharcada se torna transparente. Os cabelos castanhos cor de mel caem sobre a face dela, mas não escondem a ira que ela deve estar sentindo.

Pela maneira como se veste, acredito que seja uma das muitas garotas mimadas que frequentam à escola ao lado.

- Tudo bem com você? - balbucio estendendo à mão para ela. Meu cérebro emite um alerta para que eu não me aproxime, mas ignoro. - Perdoe-me por isso, senhorita. Não foi internacional - completo.

- Claro que não, seu idiota. Olha só o que você fez comigo. - Seus olhos são extremamente marcantes tanto quanto irreverentes.

- V-você se machucou? Posso te levar para casa ou para um hospital, pra onde você quiser ir - minha voz soa cordial apesar de ela continuar enfurecida.

- É você quem vai precisar ir a um hospital quando eu disser a meu pai o que você fez comigo, seu retardado. - Leva à mão ao ombro machucado, fazendo uma careta de dor.

- Olha, eu sei que você está estressada e com toda razão. Só quero que saiba que não foi intencional. Deixe-me ajudá-la - peço.

- Você, por acaso, sabe quem sou eu? - indaga ignorando-me.

- Sei. Uma garota muito mal-educada, desprovida de bons modos e de arrogância desmedida - comento o que vem à minha mente sem me dar conta.

Ela não revida. Devo tê-la magoado de alguma forma. A vejo juntando os objetos imersos na água, exalando seriedade, inclusive o meu celular.

- Seu celular, Sr. Rivera. - O tom da sua voz não é debochado. É até bem calmo. Estendo a mão para segurá-lo e antes de pensar em agradecê-la, acabo indo parar dentro do chafariz. Bem em cima dela. - Sai de cima de mim. - Me estapeia.

- Olha só o que você fez, garota! - Ela se diverte com à minha indignação. - Eu não posso acreditar que estou passando por isso.

- Esperava que você provasse à sensação de como é derrubar alguém numa água suja e fria. E devo dizer o quanto estou grata pela sua "cordialidade", senhor Rivera.

- Por nada, Srta. "confusão".

Me arrasto para longe da garota-problema, que sai pisando duro na direção contrária sem olhar para trás.

*****

- O que aconteceu, Cristian? Por Deus! Isso é jeito de aparecer na empresa? - Os sócios de meu pai fitam-me sem entender nada. - Senhores, vão indo na frente. Já os acompanho.

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