Christian
Durante o percurso até à casa da Briseis gastamos cerca de vinte minutos, nesse meio tempo Dehayne não me dirige a palavra uma única vez. Percebo que ela está inquieta, no banco de trás. Talvez até mesmo incomodada com a minha presença. Olho-a pelo espelho interno do automóvel, ela desvia o olhar rapidamente, quebrando o nosso contato visual.
- O que está havendo, Dehayne? Por que está me evitando. - Ela desvia o olhar novamente. E antes mesmo de eu estacionar o carro, Dehayne abre a porta do automóvel e desce quase correndo. - Fizemos as pazes, não é mesmo? Eu ao menos imaginei que sim.
Ela permanece calada, continua caminhando pelo parte mais isolada do salão de festa. Puxo-a para mim com força exigindo uma explicação.
- Por Deus, quando vai parar de agir como uma criança mimada e encarar os fatos? Por que é que você tem que ser tão teimosa?
- Está me machucando, Christian - sussurra sem emoção na voz. - Não quero falar sobre isso agora.
- Perdoe-me, não vai acontecer de novo. Só conversa comigo, por favor! - Minhas mãos pousam em seu rosto, fazendo-lhe corar. - Se quiser posso ir embora pra você ficar mais tranquila quando encontrar seu pai. É por causa dele que está tão nervosa, não é?
- Você não entende - diz entre lágrimas. - Não quero que se sinta obrigado a ficar ao meu lado porque prometeu ao meu pai que cuidaria de mim. Pior ainda, por pena do ser humano que sou. Meu pai sempre soube que eu era um "caso perdido" e na primeira oportunidade passou as responsabilidades que eram dele pra você, mas eu não quero que seja assim. Não sou uma dama, tampouco sou gentil, bonita, educada, simpática, inteligente e até mesmo uma companhia agradável. Eu não o culpo se o nosso relacionamento não deu certo, só espero que não piore as coisas entre nós me dando falsas esperanças. - Ofereço um lenço a ela para enxugar o rosto. - Talvez não fomos feitos um para o outro.
- Este não é o melhor lugar para discutirmos esse assunto. Quando chegarmos em casa pode falar sobre o que desejar e eu vou te ouvir. Eu prometo.
- Só esclareça uma dúvida: se você
tivesse me conhecido em diferentes circunstâncias, você ficaria comigo? Mesmo conhecendo todos os meus defeitos, em um cenário diferente do atual, sem obrigações ou pressão do meu pai e dos seus. Ficaria comigo?-Está com medo de eu estar brincando com os seus sentimentos e deixar você logo que o contrato chegar ao fim? Eu não ligo para o que seu pai quer.
- Não respondeu a minha pergunta, Christian Rivera. - Seguro as mãos de Dehayne com cuidado. - Eu posso imaginar a resposta, entretanto prefiro que diga isso olhando em meus olhos.
- Olha pra mim - peço. Ela fita-me nos olhos. - Quando nos casamos, tudo era muito complicado. Eu não suportava você e era recíproco. Você sabe ser irritante quando quer. - Consigo arrancar um leve sorriso de seus lábios, mesmo que por um instante. - Porém, com o passar dos meses passamos a conviver juntos e tudo mudou inclusive o que eu sentia por você. Eu me apaixonei por uma garota linda, ousada e extremamente irritante, e por medo de nunca dar certo tive receio de admitir pra mim mesmo o que estava sentindo aqui dentro. Somos opostos demais! Acontece que eu te amo, Dehayne, e não me importo de ter meu coração partido por você. Só espero que confie em mim.
- Eu também te amo, Christian. Amo muito. E sinto muito por não conseguir dizer o quanto você significa pra mim. Você me perdoa por toda essa confusão? - Sem mais delongas, conduzo-a para um beijo sôfrego e demorado.
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APENAS UMA RAZÃO PARA AMAR VOCÊ
RomanceUma proposta inesperada de casamento - mesmo sendo uma conveniência - é tudo o que Christian Guiavila Santiago Rivera jamais cogitou receber. As profundas marcas das desilusões que sofreu no passado ainda estão lá para assombrá-lo. E estas servem d...