Capítulo 28

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Capitulo dedicado a Rosany_Devellyn

Dehayne

Acordo cedo, após uma noite mal dormida. A minha cabeça dói um pouco por causa do sono. Me espreguiço, virando de um lado para o outro, na cama. E quando finalmente percebo que a minha tentativa de permanecer debruçada sobre as macias cobertas é em vão, decido levantar. Lembranças da manhã no escritório do Cristian voltam a perturbar minha mente. Balanço a cabeça no intuito de afastá-las pra longe.

Hoje era pra ser a nossa viagem, porém o Cristian decidiu que iria sozinho quando resolveu ficar se agarrando com a Jhey na sala dele. A ira que sinto quando lembro daquela cena é indescritível. Estava dando tudo certo, por que ele tinha que fazer isso comigo?

Me sento no chão, ao lado da cama, frustrada com a minha vida, desejando poder voltar no tempo e dizer ao meu pai que nunca irei ceder às suas chantagens. Maldito dia em que eu deixei ele estragar meus planos. Faltava tão pouco e eu boba, acabei me aliando as pessoas erradas. Escolhi o lado errado e o preço que estou pagando é alto demais. Não sei se meu sacrifício valerá à pena. Não sei nem mesmo porque estou aqui!

Sem a minha permissão, memórias do acidente da minha mãe vem à tona. Vejo meu corpo desabar, revelando uma garota assustada e frágil, que só queria colo. Só queria ser ouvida, amparada.

Eu sei que meu pai perdeu muito naquele dia. Perdeu a esposa, a mulher com quem dividia suas alegrias e angústias. Aquela amiga que lhe ouvia e apoiava. Mas eu perdi tudo, porque além da minha mãe, perdi o meu pai. Tenho certeza que Dalton Lacerda, o empresário bilionário calculista, o respeitado magnata que só pensa em dinheiro e poder e ainda assim serve de inspiração para muitos, não é o meu pai.

E quando imagino que não poderia sofrer mais decepções, Rachel, a mulher a quem depositei a confiança de uma vida, resolve deixar a máscara cair, revelando a megera hostil, dissimulada, ambiciosa que ela é.

Levo as mãos ao meu rosto, pensativa. E só consigo me livrar desses pensamentos quando ouço passos no corredor e decido verificar os acontecimentos de perto. Cristian está conversando com a Darcy. Admito que gostaria de ser uma mosquinha pra saber o que eles tanto conversam.

O vejo descendo às escadas, segurando duas malas, pronto para ir embora sem mim. Sinto uma pontada no peito, relutando em aceitar que a situação chegou a um nível em que não podemos fazer mais nada. Mantenho o olhar fixo no Cristian e o observo por tempo suficiente pra ter certeza que não poderíamos estar à sós, porque mesmo eu tendo motivos concretos para odiá-lo, tenho sérias dúvidas se conseguiria deixá-lo ir, sem antes desabar em lágrimas.

Os cabelos escuros estão levemente bagunçados, dando um charme a mais no visual. Ele é perfeito. Eu sou uma idiota por estar aqui babando por ele.

Corro para a varanda do meu quarto com a expectativa de vê-lo pela última vez antes de ele partir. Sinto algo desconfortável no peito, como se parte de mim tivesse indo embora. A sensação é angustiante.

Observo o táxi lá embaixo sem conseguir me mover. Cristian coloca às malas no porta-malas do carro e de repente percebo que ele também me olha. Com dificuldade consigo manter no rosto uma expressão de seriedade; ele permanece com o semblante calmo, inalterado. Decidida a não bancar a sadomasoquista desta vez, corro para a minha cama me escondendo debaixo dos travesseiros, me impedindo de ver a partida do homem que amo.

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