Capítulo 24

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Christian

- O que o Cielo queria conversar comigo? Você sabe? - indago, logo depois de entrar no carro. Dehayne se acomoda no banco do carona e põe o cinto depressa como se estivesse fugindo de alguém.

- Eu não sei - responde secamente, evitando o meu olhar. - Podemos ir pra casa? - O aborrecimento presente em sua voz só mostra o quanto ela tenta desviar do assunto em questão.

- Dehayne, não começa. Se quer realmente começar uma nova história ao meu lado vai ter que se abrir comigo. Por que não consegue confiar em mim? - questiono com uma mágoa incontida na voz.

Ela vira o rosto para o lado da janela e imagino que o assunto esteja encerrado.

- Eu confio em você! Mas não confio no Cielo e na Jhey..

- O que a minha secretária tem a ver com a nossa conversa? Era sobre esse assunto que estava discutindo com o seu primo? - indago confuso.

- Ela nos viu juntos hoje e acho que tenha sido esse o motivo d'ela ter ido embora mais cedo. Ela estava triste e o Cielo foi consolá-la. Tenho certeza que ela ainda gosta de você.

- É esse o motivo de tanta aflição?

- Ela é apaixonada por você, trabalha com você e está constatemente ao seu lado. Como queria que eu estivesse?

- Eu prometo a você que vou resolver essa situação da melhor maneira possível - explico devagar -, mas por hora, vamos esquecer esse assunto - sugiro com calma.

Ela permanece em silêncio.

- O que deseja fazer hoje quando chegarmos em casa?

- Posso escolher qualquer coisa?

Faço que sim com a cabeça.

-  Quero aprender a cozinhar. Você me ensina? - Não consigo conter a vontade de rir. - Disse que eu poderia escolher o que eu quisesse.

- Eu sei, Dehayne. Só não imaginei que fosse escolher algo tão embaraçoso. Eu não sei cozinhar. Receitas simples ou pré-prontas não contam.

- E eu sou a patricinha, não é?

- Sim, você é - afirmo em tom brincalhão. Ela passa a mão nos meus cabelos bagunçando-os.

- Não deve ser tão difícil. Hoje eu serei a chef e você meu ajudante. Pode avisar a Darcy que ela está de folga.

- Não pretende servir esse prato aos meus pais, não é?

- Por que não?

- Se quiser envenenar só a Eloíse, eu deixo. - É a vez da Dehayne sorrir.

- Christian, ela é sua mãe. Que tipo de filho você é?

- O tipo que não gosta de madrastas más.

- Bem, agora falando sério, por que não gosta da Eloíse? Percebi, ao longo dos jantares, que vocês mal se falam. 

- A Eloíse me adotou como filho quando eu era criança com a intenção de ficar com o meu pai, mas ela nunca gostou de mim de verdade. Não pergunte o porquê, também não sei as razões pelas quais ela se tornou alguém tão má. Mas acho que ela gosta de você.

- Tenho certeza que a culpa não é sua. Você é uma pessoa incrível! - Prende o cabelo com uma presilha enfeitada com pedras brilhantes e seu rosto fica bem amostra. Estaciono o carro na frente de casa, porém permanecemos dentro do veículo conversando.

- Não sou mais insuportável? - Minha mão pousa em seu rosto, pondo uma pequena mecha que cai sobre ele detrás da orelha e vejo seu semblante  sereno ganhar um lindo rubor.

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