Capítulo 18

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Christian

- Dehayne, o que faz aqui?

- A porta estava entreaberta, então resolvi entrar. Tem um minuto para mim? - indaga posicionando uma bandeja com comida sobre a cama.

- Desde quando está aqui?

- Não se preocupe, Christian. Eu não estou te espionando. - Deita-se na minha cama e fecha os olhos como se estivesse se preparando pra dormir.

- Preciso vestir algo. Eu já volto, vai esperar?

- Vou, sim. Não estou com pressa. Mas antes de ir pode tirar uma dúvida?

- Do que se trata? - Percebo que ela analisa o meu corpo descaradamente.

- Você tem manias de andar pela casa quase sem roupa? - Um olhar de descrença é direcionado à Dehayne. Entro no closet ignorando sua ironia e visto a primeira peça de roupa que encontro.

- Já terminei - informo, ajustando a manga longa da camisa azul escura que estou usando, acima do pulso. - O que tem pra me falar?

- Não vai querer seu lanche primeiro?

- Não envenenou o suco, não é?

- Só os bolinhos mesmo - responde entre risos.

- Quer suco? Cupcakes? - Nega com a cabeça. - Muito bem, sobre o que quer falar?

- Eu?

- É. - Dehayne me olha confusa. Parece lembrar-se algo que a incomoda. - Você está bem?

- Estou. Só preciso respirar um pouco de ar fresco. - Corre para à varanda aturdida.

- Tudo bem!

O silêncio é um abismo profundo entre nós por um bom tempo.

- Já terminou?

- Terminei.

- Então podemos conversar?

- Sim.

- Por que está me evitando? E não adianta dizer que não, porque tem quase duas semanas que você mal olha na minha cara. O que foi que eu fiz?

- Eu não quis parecer rude. É que, depois que nos beijamos, fiquei muito confuso. Admito que não soube lidar com a situação..- Ela põe a mão sobre a minha, me obrigando a fitá-la nos olhos.

- Eu entendo que você tem muitos problemas. E que este não é o momento mais apropriado para se envolver com alguém.

- Entende mesmo?

- Entendo. Só não concordo.

- Com o que exatamente?

- Já se passaram sete anos, Christian. Não acha que já chegou a hora de seguir em frente? - indaga docemente.

- O que a Darcy disse a você? - A encaro. - Seja sincera.

- Nada de mais. E por favor, não fica bravo com ela. Fui eu quem insistiu.

- Eu não sei se consigo ficar bravo com aquela baixinha. - Mostro meio-sorriso. - Ela é como uma mãe pra mim, apesar de não ter idade, tampouco aparência.

- E comigo está chateado?

- Você é sempre curiosa assim ou tem os casos específicos? - Meu tom de voz sai amigável.

- Só quando o assunto me interessa - sussurra sem rodeios. - Você é meu marido agora, tenho que saber o máximo de coisas sobre você.

- E o que pretende fazer com tantas informações, Sra. S. Rivera? - Sento na cama, ao seu lado. Ela parece respirar mais depressa.

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