Christian- Dehayne, o que faz aqui?
- A porta estava entreaberta, então resolvi entrar. Tem um minuto para mim? - indaga posicionando uma bandeja com comida sobre a cama.
- Desde quando está aqui?
- Não se preocupe, Christian. Eu não estou te espionando. - Deita-se na minha cama e fecha os olhos como se estivesse se preparando pra dormir.
- Preciso vestir algo. Eu já volto, vai esperar?
- Vou, sim. Não estou com pressa. Mas antes de ir pode tirar uma dúvida?
- Do que se trata? - Percebo que ela analisa o meu corpo descaradamente.
- Você tem manias de andar pela casa quase sem roupa? - Um olhar de descrença é direcionado à Dehayne. Entro no closet ignorando sua ironia e visto a primeira peça de roupa que encontro.
- Já terminei - informo, ajustando a manga longa da camisa azul escura que estou usando, acima do pulso. - O que tem pra me falar?
- Não vai querer seu lanche primeiro?
- Não envenenou o suco, não é?
- Só os bolinhos mesmo - responde entre risos.
- Quer suco? Cupcakes? - Nega com a cabeça. - Muito bem, sobre o que quer falar?
- Eu?
- É. - Dehayne me olha confusa. Parece lembrar-se algo que a incomoda. - Você está bem?
- Estou. Só preciso respirar um pouco de ar fresco. - Corre para à varanda aturdida.
- Tudo bem!
O silêncio é um abismo profundo entre nós por um bom tempo.
- Já terminou?
- Terminei.
- Então podemos conversar?
- Sim.
- Por que está me evitando? E não adianta dizer que não, porque tem quase duas semanas que você mal olha na minha cara. O que foi que eu fiz?
- Eu não quis parecer rude. É que, depois que nos beijamos, fiquei muito confuso. Admito que não soube lidar com a situação..- Ela põe a mão sobre a minha, me obrigando a fitá-la nos olhos.
- Eu entendo que você tem muitos problemas. E que este não é o momento mais apropriado para se envolver com alguém.
- Entende mesmo?
- Entendo. Só não concordo.
- Com o que exatamente?
- Já se passaram sete anos, Christian. Não acha que já chegou a hora de seguir em frente? - indaga docemente.
- O que a Darcy disse a você? - A encaro. - Seja sincera.
- Nada de mais. E por favor, não fica bravo com ela. Fui eu quem insistiu.
- Eu não sei se consigo ficar bravo com aquela baixinha. - Mostro meio-sorriso. - Ela é como uma mãe pra mim, apesar de não ter idade, tampouco aparência.
- E comigo está chateado?
- Você é sempre curiosa assim ou tem os casos específicos? - Meu tom de voz sai amigável.
- Só quando o assunto me interessa - sussurra sem rodeios. - Você é meu marido agora, tenho que saber o máximo de coisas sobre você.
- E o que pretende fazer com tantas informações, Sra. S. Rivera? - Sento na cama, ao seu lado. Ela parece respirar mais depressa.

VOCÊ ESTÁ LENDO
APENAS UMA RAZÃO PARA AMAR VOCÊ
RomanceUma proposta de casamento inesperada - mesmo sendo uma conveniência - é tudo o que Christian Guiavila Santiago Rivera jamais cogitou receber. As profundas marcas das desilusões que sofreu no passado ainda estão lá para assombrá-lo. E estas servem d...