Christian - pov.
Olho de relance para minha mãe que fita-me com seriedade, seu olhar severo fala muito mais que mil palavras, e como ela não pode me advertir apenas força um sorriso.- Não vão começar a falar de negócios na hora do jantar, não é, cavalheiros? Dessa forma, me sentirei uma completa inútil - diz Eloíse, levando uma taça com vinho à boca.
- Sua mãe tem razão - meu pai completa encerrando o assunto.
Fico imaginando o que eles, exatamente, estão tentando esconder de mim e a frustração por não ser visto como o adulto que sou se torna evidente em meu rosto.
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O restante do jantar não é nem um pouco diferente dos outros jantares: maçante e sem graça, mas, apesar disso, consigo ocultar minha total falta de interesse pelos assuntos debatidos ao longo da noite.Várias vezes vejo meu nome circulando na roda de conversa do trio. Mamãe, é claro, faz questão de destacar meus inúmeros fracassos - começando pela minha problemática adolescência até o dia em que quase destruí a vida do meu irmão mais novo, graças a ela, só que esses detalhes ela oculta.
Penso como tudo teria sido diferente se o Noah não tivesse entrado no meu carro no dia mais infeliz da minha vida. Recostado no extenso sofá da sala e morrendo de tédio, só me resta folhear uma revista.
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O telefone toca e meu pai atende, sussurra algo para a esposa e ambos se retiram para a varanda, deixando-me a sós com Dr. Lacerda na sala de estar.Sr. Lacerda é um homem curioso, porém sabe indagar com discrição, elegância e sensatez. Temos uma conversa bem interessante, diferente do assunto tedioso abordado pelo trio anteriormente. Porém, chega o momento em que sou alvo de uma pergunta extremamente embaraçosa, questionamento esse que faz o sorriso presente em meu rosto desaparecer.
- Você não pensa em se casar, Christian? Constituir família? - Perco a fala diante do atrevimento. Talvez eu tenha me precipitado quando utilizei o adjetivo discreto para descrevê-lo. Esse não é o tipo de pergunta que se faz para alguém que passou pelo o que eu passei, principalmente pelo fato de ele saber o porquê jamais cogitaria a possibilidade de me casar algum dia. Ou ao menos imagino que a Eloíse tenha explicado.
- Eu não pretendo me casar, senhor Lacerda. Nunca. - O tom da minha voz sai mais alterado do que deveria. - Acredito que os erros que cometi no passado ensinaram-me o suficiente - declaro, só que desta vez mais calmo.
- Apesar de não saber o que houve, devo alertá-lo que o nosso passado traz aprendizados, Christian, mas ele não é uma sentença de vida. Podemos tentar novos começos.
- Eu tentei e tudo deu errado. Fico contente que o senhor queira compartilhar comigo às suas filosofias, porém, não estou disposto a arriscar mais nada.
- Eu compreendo perfeitamente. De qualquer maneira, peço desculpas se fui indelicado. Não foi a minha intenção.
- Agradeço a compreensão. - É o máximo que consigo dizer.
Isah
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APENAS UMA RAZÃO PARA AMAR VOCÊ
Storie d'amoreUma proposta de casamento inesperada - mesmo sendo uma conveniência - é tudo o que Christian Guiavila Santiago Rivera jamais cogitou receber. As profundas marcas das desilusões que sofreu no passado ainda estão lá para assombrá-lo. E estas servem d...