Capitulo 04: P/3

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Abelardo Rivera

Ainda na sala de reuniões, Dalton e eu tentamos encontrar uma maneira de convencer o meu primogênito a assinar o bendito contrato de venda da GR, tarefa essa que não será nada fácil. De repente, Lacerda parece se lembrar de algo importante que o faz mudar completamente seus planos. Seja lá quais são eles.

- Eu lamento muito pelo o que aconteceu aqui, Dalton! Minhas sinceras desculpas. Espero que releve o que o Cristian disse, ele é teimoso mas costuma ponderar o que fala.

- Não se preocupe, Abelardo, seu filho até que tem razão, deveríamos ter conversado com ele antes, agora não podemos fazer mais nada.

- Você vai desistir de fechar o negócio? É que precisamos desse dinheiro, entende? E não sei se vou encontrar outra proposta tão boa quanto a sua em tão pouco tempo. Se o privei da verdade foi porque sabia qual seria a reação dele à essa notícia. - Respiro fundo antes de continuar. -  Meu filho é muito dedicado. Tem que ver os projetos dele, Dalton - tento mudar o assunto.

- Eu já vi. São realmente esplêndidos. - Dá uma pausa. - Bem, deixa eu ver. - Dalton leva as mãos ao queixo. No rosto há uma expressão de quem está articulando um plano extraordinário. Conheço bem essa expressão. - Na verdade, tenho uma proposta bem interessante pra ele, na hora certa você saberá. Agora, se possível, me fale mais sobre seu primogênito. Gostaria de conhecer um pouco da família Rivera.

- Não sei o que está tramando, mas espero que não seja algo que possamos nos arrependermos depois.

- Acredite, eu sei o que estou fazendo - soa bastante eloquente.

- Bom, por onde começo?

- Do início. E antes que pergunte, "sim", quero saber de onde nasceu essa rivalidade entre a Eloíse e o Cristian.

- Você sabe que eu já fui casado antes de casar com a Eloíse, não sabe? Kizz Guiavila, a mãe biológica do Cristian, prima e maior rival de Eloíse. Conheci ambas no colegial. Eu tinha acabado de me mudar de São Paulo pra Dalence.

- Senti falta das nossas travessuras, na época. - Sorrir.

- Eu mais ainda - confesso. - Como eu ia dizendo, o que eu sentia pela Kizz era um carinho especial. Amar só amei uma única mulher: Eloíse. Claro, eu deveria ter deixado isso bem claro, talvez teria evitado boa parte da confusão que ocorreu depois. A Kizz era minha amiga, e vivia confundindo as coisas. E com aquele jeitinho doce, inocente, sempre conseguia o que queria.

- Meu amigo, você estava bastante encrencado.

- Você não imagina o quanto.

- Por que você deixou a Eloíse ir, se gostava tanto dela?

- Ela era ciumenta demais, por isso nos separamos. Depois que fui pra universidade, ela foi embora. E anos depois, acabei me casando com a Kizz após descobrir que ela esperava um filho meu. O Cristian.

- Cristian Rivera. É por isso que eles divergem tanto?

- É. - Assinto cabisbaixo. - Não era pra ser assim. O Cristian herdou a fisionamia da mãe dele. A Eloíse não consegue conviver com isso.

- Seja sincero e tire-me essa dúvida. Certa vez perguntei ao Cristian se ele não tinha a intenção de se casar. Ele tem idade suficiente pra pensar em assumir um compromisso sério e é um rapaz bonito, cheio de qualidades. Mas sabe o que ele respondeu? Que jamais irá se casar. E eu me pergunto por que essa aversão ao matrimônio?

- Porque ele já se decepcionou duas vezes no que diz respeito a esse assunto. Há sete anos, a noiva dele cancelou o casanto uma semana antes e se mudou pra Anápolis. Ele nunca revelou o que ela disse a ele. Dois anos depois, ocorreu um desastre. A noiva dele não chegou a comparecer à cerimônia. Ele nunca entendeu o porquê disso tudo e, honestamente, eu também não. É por isso que ele se esconde atrás do trabalho. Por medo.

- Medo?

- Medo de ter o mesmo resultado de anos atrás. O Cristian tinha planos para o futuro, agora ele só pensa em trabalho e mais trabalho.

- Tenho uma boa notícia pra lhe dar. Acabei de elaborar uma proposta irrecusável para o seu filho. Vai ajudá-lo a superar seus traumas. E vocês ainda podem ficar com a GR, se ele aceitar, claro.

- O que tem em mente? E que mudança repentina é essa?

- Gosto do seu filho, sabe.

Isa.

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