Reservo um tempinho para visitar meu irmão no hospital Santa Tereza, onde ele está internado, e ao ver o quão frágil ele está fico desolado. Por trás das persianas o observo sem conseguir dar um passo à frente para vê-lo mais de perto. Sinto como se meus pés tivessem fincados no chão, impedindo-me de me aproximar.
A imagem de Noah conversando com a médica, a voz fraca quase sem forças, não sai da minha mente. Pelas expressões em seus rosto é evidente que ele sente muitas dores, mas se esforça para manter as aparências.
*****
Em casa, a situação também não é das melhores. A começar pelo fato de minha mãe estar me evitando por causa da última discussão que tivemos há quase duas semanas. Às vezes me pergunto se ela não tem razão em pensar que estou sendo egoísta quando o assunto é o Noah. Infelizmente, as adversidades conseguem colocar uma pessoa em um espaço desagradável, onde o que deve ser feito supera o que você gostaria que fosse feito, e nesse momento só consigo pensar em como vou conseguir superar esses obstáculos que há dias perturbam o meu sono.Por Deus, mas onde vou conseguir arranjar tanto dinheiro e um período de tempo tão curto? Se a Guiavila Rivera continuar arcando com tantas despesas, sem dúvidas vai acabar quebrando. Pressiono as têmporas, angustiado. A solução para muitos dos meus problemas parece ser bem clara, porém, no meu meu coração há um certo grau de relutância me impedindo de fazer o que tem de ser feito. Talvez porque a GR tem um valor simbólico para mim, já que foi a minha mãe quem fundou a empresa junto com o meu pai. Também por ser o lugar onde posso ser quem sou de verdade; sem máscaras ou facetas.
Meus pensamentos são dissipados quando ouço batidas à porta.
- Christian, você está bem? - Meu pai abre a porta devagar.
- Pai! - Exclamo, extenuado. A pressão psicológica dos dias anteriores está me matando - O que o senhor está fazendo aqui? - Talvez seja algo sobre o estado de saúde do Noah, para ele vir aqui conversar comigo. Sempre que eu e Eloíse divergimos, meu pai fica do lado dela. Desta vez foi diferente porque o assunto é bem mais delicado, já que envolve um patrimônio que era da minha mãe. - Não sei o que o trouxe aqui, só espero que o Noah esteja bem!! - Cruzo os braços, por fim.
- Sim, está! Dr. Alexandre ligou avisando que ele está bem melhor, mas não foi por isso que vim aqui! Acontece que um grande amigo meu virá jantar conosco esta noite e eu gostaria que você comparecesse se possível.
- Eu conheço esse seu amigo?
- Não. Vai conhecê-lo hoje se decidir descer para jantar conosco. O que me diz?
- Eu desço em dez minutos.
- Filho, acredita em mim quando digo que sinto muito, não acredita? Eu não queria que tudo terminasse dessa maneira. Eu sei o quanto a GR significa para você! - Ao fitá-lo consigo ver a marca da dor e da culpa em seus olhos, aquela que nasce quando machucamos alguém que amamos sem ter a intenção de magoá-la.
- Dá para ver só pelo seu olhar. - Toco seu ombro com leveza. Ele me dá um breve abraço e então descemos para a sala de jantar onde Eloíse e o convidado já nos aguarda.
******
- Boa noite! - cumprimento a todos enquanto desço as escadas.- Boa noite! - Uma voz desconhecida me responde. - Você deve ser o Christian Rivera. Seu pai falou muito bem de você, meu rapaz, e pelo o que estou vendo, ele não exagerou. - Um homem ilustre, aparentando ter uns quarenta e poucos anos, se dirige a mim de maneira educada.
- Creio que ainda não fomos apresentados - respondo rapidamente.
- Sou Dalton Lacerda, um grande amigo de seu pai. - Me saúda com um aperto de mão e em seguida D.L se volta para o meu pai.
Dalton Lacerda. Esse nome soa familiar. Abro a aba de pesquisa do google. Faço uma rápida busca. Admito que o resultado é assustador.
Dalton Lacerda: empresário bilionário e magnata, CEO do Império Lacerda...
Desde quando esse homem misterioso é amigo de meu pai? E por qual motivo ele se juntou à minha família numa ocasião tão modesta? Penso comigo mesmo, mas a resposta não vem de imediato.
- Meu pai nunca comentou nada a respeito dessa amizade, e vocês parecem ser bem próximos.
Meu pai se mantém cabisbaixo, diante da figura presente à mesa. Dos seus lábios não saem uma única palavra. Porém, o olhar de insatisfação de minha mãe em mim é notável.
- De qualquer maneira, sinto-me lisonjeado em poder conhecê-lo pessoalmente.
- Igualmente, meu jovem. - Seu jeito de articular as palavras é persuasivo. Logo, não é difícil adivinhar de onde provêm tanto poder.
- Por que o senhor nunca falou que é amigo de uma das figuras mais ilustres do país? - Um sorriso leve se forma no canto dos lábios do magnata e em seguida se desfaz dando lugar a seriedade de antes.
- Ah, filho! Eu e Dalton não nos víamos faz uns dez anos ou até mais, não sei ao certo. Nos encontramos recentemente em um evento beneficente, a questão é que o atual cenário não é tão confortável para nós. Acredito que você me entende.
- Não, eu não entendo. Poderia ser mais específico, meu pai?
Meu pai me olha por um instante, ainda em silêncio. O gesto é suficiente para eu entender ao que ele se refere. E essa informação mesmo que dita de maneira indireta me machuca profundamente.
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APENAS UMA RAZÃO PARA AMAR VOCÊ
RomanceUma proposta de casamento inesperada - mesmo sendo uma conveniência - é tudo o que Christian Guiavila Santiago Rivera jamais cogitou receber. As profundas marcas das desilusões que sofreu no passado ainda estão lá para assombrá-lo. E estas servem d...