Capítulo 37

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A porta do carro se abre devagar e Eloíse - com toda a sua arrogância -  passa por ela. Dá uma olhada em direção a casa e só então abre a porta de trás. Uma mulher loira, de cabelos longos e ondulados desce do veículo segurando a mão de um rapaz alto, de cabelos claros; ele caminha devagar, apoiando-se nela. Fico perplexo ao lado de Dehayne, sem conseguir esboçar nenhuma reação perante a cena inacreditável. No segundo carro há somente um homem, ele deixa algumas caixas na área adaptada para o Noah, depois se vai.

- Quem são essas pessoas que estão com a Eloíse? - indaga Dehayne, quebrando o silêncio que se instaura no ambiente.

- É meu irmão. E, provavelmente, algum médico que veio avaliá-lo de perto. A saúde do Noah é bem frágil.

- É uma médica então - corrige. - Você não vai falar com ele?

- É melhor não. Eloíse e eu não estamos em uma boa fase, não que algum dia ficamos bem um com o outro, acontece que quero evitar mais aborrecimentos ao Noah, além do que ele já passa no hospital. É melhor entrarmos.

- Tem certeza que é somente isso?

- Estou com visitas em casa, seria no mínimo irresponsável de minha parte deixá-los sozinhos por mais de uma hora. E com a jararaca da Eloíse aqui é impossível ficar calmo sabendo que ela pode armar um circo a qualquer momento. Ela não tem conhece a palavra " limites".

- Não vai ao menos tentar...

- NÃO, Dehayne! - grito exasperado. Ela se encolhe e nada mais é dito. - Desculpa o estresse, é que você não entenderia. - Entro na sala como se não tivesse acontecendo nada de mais. Dehayne sai na direção oposta à minha. Senta-se ao lado de minha avó e começa a dialogar com ela e com meu avô; meu pai que havia ficado conversando com eles na sala quando saí também participa da roda de conversa. Somente Darcy e eu ficamos de fora - Darcy, você vem comigo - a intimo.

- O que houve, Chris? Você está bem?

- Não - digo sem rodeios.

- Qual é o problema então? Você está verde - sua fala soa um tanto quanto dramática.

- A Eloíse está aqui!

- A cobra velha está aqui? Digo dona Eloíse. Pensei que ela ficaria mais tempo fora depois de tudo o que houve. Se bem que não estou entendendo essa cara de espanto. - Lança-me olhares acusadores. - Quer me falar algo?

- Ela trouxe o Noah consigo.

- O Noah? - O grito abafado sai mais alto do que deveria. - Perdão, não fiz por mal, eu juro. Como sabe que ela está.. - Ela se interrompe de imediato ao se virar para trás e constatar a veracidade do que digo. Eloíse passa pela porta da entrada principal e logo se posiciona ao lado de meu pai, que veio ao seu encontro assim que a viu desfilar pela sala.

- Vejo que fizeram uma festinha particular e não me convidaram - diz com um ar de deboche. - De quem partiu a brilhante ideia de convidar "essas pessoas"? É mérito seu, meu querido enteado?

- Eloíse, não começa - replico sem paciência. - Não admito que ofenda os meus convidados quando a única pessoa indesejável aqui é você.

- Não vai dar as boas-vindas à sua mamãe? Eu senti saudades suas.

- Lamento não poder dizer o mesmo, você acaba de estragar o meu jantar com a sua presença.

- Christian, podemos conversar sobre assuntos internos outra hora, não acha? - Meu pai intervém.

- Eu não acredito que você já perdoou as pessoas que viraram as costas para você no momento em que mais precisou delas, que te privaram de ter uma vida melhor, sem turbulências e, a mim, que sou sua mãe, não consegue perdoar? - Eloíse exibe na face uma expressão de desgosto.

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