Capítulo 23

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Dehayne

Saio do escritório do Cristian um pouco constrangida devido ao vexame que passamos, mas também eufórica por finalmente conseguir dizer a ele o que sinto.

Entro no elevador ainda indecisa se devo esperar o Cristian lá embaixo ou não. Como ele garantiu que não vai demorar, sento-me em um enorme - e aveludado - sofá, na recepção e começo a olhar algumas fotos minhas.

- Dehayne! - conheço essa voz! Na verdade ela me é bastante familiar.

Levanto a cabeça devagar e tamanha é a surpresa ao constatar que se trata de....

- Tia Rachel! - Corro ao encontro dela para abraça-la.

- A própria! Quem mais poderia ser? - pergunta retirando o óculos escuro. - Senti tanto a sua falta, meu anjo.

- E-eu t-também! - Minhas palavras saem hesitante não sei ao certo o porquê. Talvez, pelo fato dela aparecer na empresa assim do nada. Ou pelo simples motivo de que minha tia está prestes a descobrir que estou casada com o Cristian. Em instantes me vejo aflita.

- Está diferente, Dehayne! - Ela me analisa da cabeça aos pés. - Só não sei exatamente o que é. Aconteceu algo a você na minha ausência, que queira me contar? - Titia só me deixa mais apreensiva.

- Não!

- "Não!" É só isso que tem a me dizer? Desse jeito vou acabar acreditando no que disse seu pai! - A alteração na voz da mesma torna evidente uma coisa: ela já sabe de tudo! O casamento, o contrato...

- Eh, eu... - Mordo o lábio inferior, incrédula. Não posso acreditar que a garota que sempre tem todas as respostas na ponta da língua não consegue dizer nada. Absolutamente nada! - O que meu pai disse? - É o máximo que consigo pronunciar.

- Não interessa! Vejo que é tudo verdade!

- Dehayne! Pensei que você já tivesse ido pra casa - Cristian fala descendo às escadas, e quase tenho um colapso nervoso.

- Cristian! - Me volto para ele que já está atrás de mim. - Já terminou? - vejo seu olhar desviar de mim para tia Rachel.

- Já. Quer me contar alguma coisa?

- Ah, sim! Esta é minha tia, aquela de quem te falei. A francesa.

- Ah! Lembro, sim. Tudo bem com a senhora?

- Rachel Meunier - Estende a mão para que ele beije-a. - E sem essa de Sra., sou muito jovem pra isso! Só Rachel mesmo. - Titia o encara de um jeito malicioso.

- E você quem é, meu belo rapaz? - Se não a conhecesse diria que ela está cantando Cristian. Olho para ele e vejo um leve curvar de lábios em seu rosto, - um pouco - ruborizado.

- Sou Cristian Rivera.

- Encantada! - Um sorriso largo se forma no rosto da mulher a minha frente, vulgo Rachel. - Ele é seu amigo?

- Meu marido, titia! - respondo de supetão.

Claro que não estou com ciúmes! Só acho que mereço um pouco mais de consideração de alguém que diz ser minha tia.

O sorriso dela se desfaz de repente. E eu agradeço.

- Como? É algum tipo de piada de mal gosto? - Agora ela foi cruel. Mal gosto? De qual das partes? - Vocês não têm nada a ver um com o outro! E sabem do que estou falando melhor que ninguém! - seu tom de voz debochado faz meu sangue ferver.

- Não me leve a mal, é que a senhor... Digo, você, não está facilitando as coisas! Meu casamento não foi e não é uma piada. E de qual das partes refere ser o mal gosto? Do Cristian?

- Dehayne! Calma! - Cristian me abraça e agradeço muito por tê-lo ao meu lado. - Acho melhor você ir embora, Rachel! Não está fazendo bem pra Dehayne - Cristian a encara.

- Me desculpe pelo mal entendido, é que foi um temendo choque pra mim, meu amor. Eu me preocupo tanto com você! - Acho que fui um tanto insensível e grossa com alguém que sempre esteve ao meu lado me dando apoio. Mas ela bem que poderia ter sido mais cautelosa com as palavras.

- Não precisa pedir desculpas. Tá tudo bem!

- O que veio fazer aqui, Rachel? - Cristian pergunta.

- Ver minha sobrinha que eu tanto amo! Não posso?

- E como sabia que eu estava aqui?

- Ora, mais que pergunta boba. Seu pai me disse. Agora, responda uma curiosidade minha, seja sincera - seu pedido soa mais como uma ordem e por um instante, desconheço a pessoa a minha frente. Quanta petulância.
- Por que se casou com ele? Algum motivo específico? - Arqueia uma das sobrancelhas.

- Vou te esperar no estacionamento, Dehayne! - A essa altura, Cristian já está exasperado e nada a fim de fazer parte da conversa.

- Porque o amo! Muito! - Cristian lança-me um olhar de dúvidas antes de se retirar.

- Acho que você deve ir atrás dele. Pede desculpas a ele por mim, tá bem.

- Eu falo com ele.

- Querida, já ia me esquecendo, está aqui o meu cartão, mantenha contato, viu. E, lembre-se, estarei aqui para o que precisar.

- É bom ouvir isso. Eu procuro você.

- Sabe que eu não vou acreditar nessa história de que você se apaixonou por aquele rapaz, por mais bonito que ele seja, não sabe?

- Por favor, não começa de novo...

- Tudo bem! Pode ao menos me dar um abraço?

- Posso!

Isa.

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