Capítulo 22

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JHEY HARRIS

13: 34 da tarde (empresa Rivera).

- Boa tarde, Srta. Miller - Uma voz bastante familiar me saúda. Levanto os olhos, confirmando as minhas suspeitas. Dr. Antonir Devely.

- Boa tarde. Como posso ajudá-lo Dr. Devely? - pergunto gentilmente.

- Preciso falar com Cristian Rivera ainda hoje, a Srta. poderia fazer a gentileza de informar a ele? É uma emergência, mas garanto que serei breve.

Analiso rapidamente a agenda do meu chefe, conduzindo o empresário - Antonir Devely - imediatamente até o elevador. A sala do Cristian fica no quinto andar, e hoje estou cobrindo a folga de uma amiga minha, por isso estou na recepção do prédio.

- O senhor pode aguardar na sala dele! - digo erguendo o celular próximo ao ouvido, na tentativa conversar com o Cristian. - Atende! - sussurro mais para mim mesma.

- É gratificante ver alguém assim tão dedicado ao que faz! - Um elogio desse partindo de alguém considerado pela sociedade exigente, esnobe, sem coração e outros tantos adjetivos me faz erguer o olhar na direção do homem a minha frente.

- Perdão? Está se referindo a mim? - Sorrio levemente.

- Estou.

- Imagina! Só estou fazendo meu trabalho da melhor forma possível. Mas obrigada. - Sorrio novamente.

Ao observá-lo, por um instante, ao invés do Sr. grisalho, de olhos claros e semblante, aparentemente, rude, que exala autoridade, vejo um homem tristonho, arrependido, cujo os olhos carregam um sentimento de culpa incontido.

Algum tempo depois o elevador chega ao seu destino. A porta se abre. Então acompanho Dr. Antonir até a sala do meu chefe.

- Estive pensando muito a respeito desse assunto e decidi que mais cedo ou mais tarde, Cristian e eu vamos ter que conversar sobre isso. - Escuto atentamente, mesmo sem entender uma única palavra.

- Diga-me, Srta., se soubesse de um segredo envolvendo o passado de uma pessoa que você ama, contaria a ela mesmo que isso custasse a amizade de vocês?

- Se fosse a coisa certa a se fazer o faria, mesmo que doesse. O fardo da culpa às vezes é pesado demais!

- Tem razão!

- É por aqui, senhor! Se precisar de qualquer coisa é só avisar...

Ao abrir a porta do escritório, minhas palavras pairam no ar, o tablet que eu seguro vai ao chão e eu sinto a firmeza do meu corpo se esvair, tendo que me apoiar na porta pra não cair.

A cena nítida do amor da minha vida nos braços de outra, um tanto desconcertado, mas contente, tendo a face ruborizada seja lá por qual motivo, certamente relacionado à Dehayne, é cortante.

Tenho de engolir em seco, tentando ser forte ao ponto de conter as lágrimas que a essa altura não podem ser contidas.

Dr. Antonir observa tudo! E um olhar de pena é lançado em direção a uma garota de olhos verdes, que há pouco exibia um sorriso carismático - mas que agora está com o coração aos pedaços.

Me sentindo ridicularizada, deixo o local imediatamente sem conseguir fingir que não está doendo. Dói muito.

CRISTIAN

- Desculpem o incômodo, não imaginei que você estivesse aqui! - Dr Devely, um empresário muito conhecido no país, adentra à minha sala sem ser anunciado.

- Eu que peço desculpas. - É a minha vez falar algo. - Sente-se por favor. Logo conversaremos. - Ajusto o meu blazer, arrumo meu cabelo que a Dehayne fez questão de bagunçar. - A propósito, esta é a minha esposa, Dehayne.

- Muito linda, sua jovem esposa.

- Obrigada - Dehayne agradece o elogio já se dirigindo até a saída.

A acompanho até a porta e sussurro:

- Depois conversamos, está bem!

Ela assente, e se retira.

- Não quero me intrometer na sua vida particular, mas me parece que você casou há pouco tempo.

- Faz alguns meses. Por quê? - Sr. Antonir me analisa de cima a baixo.

- Por nada.

- Então vamos ao que interessa, por exemplo, a que devo a honra da sua ilustre visita?

- Quero contratar seus serviços.

- C-como?

🥀🥀🥀

JHEY HARRIS

Quase uma hora depois do ocorrido ainda estou no banheiro, secando as lágrimas. A cabeça sobre os joelhos e a maquiagem borrada, mostra o quão machucada estou.

Me sentindo péssima! Fracassada.

Ao olhar meu reflexo no espelho vejo a garota que passou cinco anos ao lado do homem que ama e mesmo assim nunca conseguiu dizer nada a ele. Por medo? Medo do que ele me diria. E hoje simplesmente tive reais motivos pra me calar para sempre.

Dúvidas e mais dúvidas me perturbam até que finalmente resolvo sair do toalete. A caminho da recepção encontro Cielo, ele parece notar algo de errado em meu semblante. Então indaga.

- Jhey, o que houve? Estava chorando?
- A resposta é bem óbvia, porém, apesar de saber, Cielo está mais interessado em saber o porquê do choro, já que a maior parte do tempo ela aparento estar feliz e contente.

- É tão notável assim? - indago sem firmeza na voz. Sim, é claro que é.

- Quem te fez chorar? - Cielo segura a minha mão - Foi o Cristian? Ele te disse alguma coisa? - Ele realmente parece estar preocupado comigo, o que não ajuda nem um pouco.

- Não! Eu quero saber se posso ir pra casa, não estou muito bem! - Acho que minha resposta não o convence. Minhas bochechas estão ruborizadas, e meus olhos ameaçam transbordar a qualquer momento.

- Posso te dar uma carona - sugere, e eu nego com a cabeça.

- Prefiro ir sozinha, mas obrigada! - recuso.

- Jhey, confia em mim - diz aflito. - Eu só quero te ajudar. - Cielo explica.

- É de grande ajuda se me disser que tipo de casamento é esse do Dr. Cristian com a Srta. Dehayne? Por amor sei que não foi.

Cielo franzi o cenho. Respira fundo!!

- Esqueça as formalidades, Jhey. Se gosta do idiota do Cristian, deve ser mais audaciosa, mais objetiva. E, sabe do que mais, quando digo que ele é idiota, falo sério.

- Ele só estava com o coração partido! Por que está dizendo isso?

- Por ele ter passado tanto tempo ao seu lado e nunca ter enxergado a pessoa maravilhosa que você é. Você é ingênua, Jhey, o Cristian nunca vai correspondê-la, porque o coração dele pertence à Dehayne.

As minhas lágrimas voltam a brotar, desta vez, com mais intensidade.

Eu o amei todo esse tempo em vão?

- Ele não se casou por amor! Então por que não pode responder minha pergunta, Cielo?

- Sobre o Cristian? Por que não pergunta pra ele? - indaga o loiro, exasperado.

- Eu...eu posso ir pra casa? - minha voz sai baixa e abafada.

A expressão decepcionada em meu rosto faz Cielo calar-se, mesmo que por um segundo.

- Pode ir, eu aviso o Cristian.

- Obrigada! - abraço-o.

- Jhey, não deixa o desprezo de um homem fazer isso com você! Você é mais que isso! Tenha mais amor próprio, mulher - me adverte. Pego minha bolsa e me encaminho para longe dali.

Espero que tenham gostado do capítulo!

Votem, comentem, e compartilhem a obra.

Isa.

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