APENAS UMA RAZÃO PARA AMAR VOCÊ

Capítulo 26: P/2

O fracasso do amor tem seu
início no momento em que
transformarmos em ídolo a
pessoa amada.

Pe Fábio de Melo.

Christian

Os dias passam mais depressa que o esperado e finalmente chega o dia em que irei visitar o Noah. Nos falamos vez ou outra por telefone e apps de mensagem, mas não é a mesma coisa.

- Está tudo na mais perfeita ordem, Christian. Não sei porque toda essa insegurança. É por que a priminha não vai mais viajar?

- Claro que não, Cielo. Eu só tenho receio que possa surgir algum problema e...

- Eu não consiga resolver? Seu pai está aqui comigo, sem falar que temos uma equipe inteiramente bem treinada e competente para solucionar qualquer problema. - Ele toca o meu ombro com leveza. - Você merece um descanso, meu amigo.

- Muito bem. Sendo assim, vou pegar aquela pasta que você queria analisar e deixar na sua mesa. E se não for pedir demais poderia fazer um pequeno favor para o seu amigo?

- Christian, não está pensando em.. A Dehayne me detesta. E estou velho demais para bancar o babá de uma patricinha adolescente.

- Cielo, é somente por uma semana. Depois que eu voltar prometo que irei falar com seu tio. Essa situação está insuportável.

Cielo faz algumas caretas e objeções  antes de dizer "sim".

- Eu vou pegar a pasta. - Ele sorri e então se dirige, aconpanhado de Leonor, a secretária de meu pai, para o seu primeiro compromisso do dia.

***

- Onde estão esses benditos papéis?

O relógio em meu pulso esquerdo   marca oito e quinze da manhã. Um belo lembrete de que eu tenho de me apressar se não quiser perder o voo que está marcado para às 09:30h.

- Está procurando por isto, Christian?
- A voz familiar me faz parar o que estou fazendo imediatamente e encará-la. - Não estava pensando em viajar sem antes se despedir de mim, estava? - Jhey exibe um sorriso doce e gentil. Mas o que realmente me chama à atenção é a maneira como a garota tímida, que sempre pondera o que fala, se dirige a mim.

- É a minha pasta? Onde a encontrou? - indago me aproximando dela.

- V-você pediu para eu guardar. E quando entrei na sala vi que estava procurando por ela; eu sabia exatamente onde encontrá-la.

- Obrigado por ser tão prestativa, Jhey. É bom saber que sempre posso contar com a dedicação e eficácia do seu trabalho. Agora se me der licença eu preciso ir. Nos vemos daqui a uma semana. 

- Preciso que me ouça, Christian, ao menos dessa vez.

- Eu não posso demorar porque estou meio que atrasado e preciso passar em casa para pegar minhas malas. Então seja rápida. 

Ela parece estar desconcertada, mas bem decidida a falar seja lá o que for. Seus olhos verdes brilham com uma intensidade nunca antes vista. E aos poucos a vejo encurtando a distância entre nós.

- Posso dar um abraço em você?

- Jhey, suponho que esse não seja o melhor momento para..

- É só um abraço. - Ela me abraça com suavidade. Demoro um tempinho para corresponder ao seu abraço e quando o faço sinto algo se quebrar dentro de mim, só não sei de fato o que é.

Jhey deposita um beijo rápido em meus lábios, sem o meu consenso, me afasto dela rapidamente, assustado.

- Por que fez isso, Jhey?

- Porque eu te amo, Christian. E não consigo mais fingir que não sinto nada quando tudo o que eu quero é estar ao seu lado.

- Para de confundir as coisas, eu não sou o homem certo pra você. Nossa relação sempre será extremamente profissional e você sabe disso. Além do mais esse desejo é somente seu. Eu amo outra pessoa que, infelizmente, não me ama. - Falo esta última parte mais para mim mesmo do que para ela, em tom baixo.

- Eu esperei pelo o dia em que iria ser notada, ser correspondida por você e então me diz que nunca vai haver nada entre nós?

- Eu sempre soube que você gostava de mim, mas nunca disse nada a você por sentir receio de magoá-la. Eu gosto muito de você, Jhey. Mas eu não te amo. Minha amizade é o máximo que posso te oferecer.

- Não quero ser só sua amiga quando desejo mais que isso, eu quero você, Christian. Fiz planos para nós dois, idealizei nosso futuro juntos. Eu preciso de você.

- Você precisa de um psicólogo. Ou  qualquer outro profissional que possa ajudar você a sanar essa loucura. Eu vou pagar tudo. Não se preocupe.

- Está sendo egoísta, nem ao menos me deu uma chance para tentar fazer você feliz. Não me importaria ter meu coração partido por alguém que amo.

- Mas eu me importo. E muito.

- Então por que está com a Dehayne?

- Deixe de procurar respostas pra suas obsessões, o assunto aqui é você.

- Certamente não confia nela.

- O assunto está encerrado. Se retire da minha sala, por favor. - Aponto à saída, já exasperado.

- Não estamos mais juntos. - Dehayne passa pela porta sem ser anunciada. Mas apenas uma dúvida paira na minha cabeça. Há quanto tempo Dehayne está nos observando?

- O que faz aqui, Dehayne? Deveria estar na escola agora.

- E você me deve respeito. Somos casados, lembra? Por que deixou ela beijar você?

- Não começa, Dehayne. Pra começo de conversa nem deveria estar aqui e quanto a Jhey: simples. Ela enlouqueceu. Está satisfeita?

- Quando se separarem podemos ficar juntos. - Jhey começa a falar. - E com o passar do tempo você vai aprender a gostar de mim. Eu espero.

- Essa garota é muito ridícula mesmo. É esse tipo de garota sonsa que você quer na sua vida? - Dehayne replica, com ciúmes.

- Nem mais uma palavra, Jhey. Saia da minha sala agora. Você também, Dehayne. Quero as duas fora daqui.

- Eu vou sair da sua sala - Jhey fala com a voz chorosa -, porém depois que a Srta. Lacerda sair.

- Para você é senhora S. Rivera, Jhey. E não vou sair daqui antes de você.

-Quero você fora desse departamento, Jhey. Quando eu voltar de SP não quero vê-la aqui. E quanto a você, Dehayne, faça o humilde favor de se retirar da minha sala juntamente com a Srta. Harris. - Abro a porta para ambas saírem. 

- Vai me demitir? - Jhey retruca do lado de fora da sala. Dehayne sai sem nada dizer.

- Não. Só transferir você de setor. É para o seu próprio bem - Pego meu celular e ligo para o Cielo imediatamente. - Preciso de um favorzinho seu, Cielo. Pra ontem.

Isa