Capítulo 08

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Eu posso fingir um sorriso

Eu posso forçar uma risada

Eu posso dançar e atuar

Se é isso o que você pede

Te dar tudo o que eu sou

Mas eu sou apenas humana

Human - Christina Perri


Muitas pessoas me julgam sem conhecer a minha dor, outras mesmo conhecendo, ainda assim decidem me ferir.

Lembro-me bem quando eu era criança e brincava com o Noah no playground de uma praça próxima à minha casa. Ele sempre deixava bem claro o quanto eu era importante pra ele. Noah era carinhoso e protetor. E imagino que não há momento mais apropriado que este para eu retribuir tudo o que ele já fez por mim um dia.

- Boa tarde, Cristian. - Seus lábios esboçam um leve sorriso, fazendo-me sentir derrotado. - Estava preocupado com você. Pensei que não viria mais. São quase cinco da tarde.

- Meu dia não começou muito bem. E creio que saiba ao que estou me referindo.

- Bem, não é muito difícil adivinhar o que está perturbando você. Veio aqui pelo contrato, certo?

- Dr. Lacerda. - Ponho-me de joelhos aos seus pés. - Eu sei que tem planos pra GRE, eu assino os papeis da venda  da empresa, só não me obrigue a passar por mais essa humilhação.

- Cristian, ponha-se de pé.

- Não vai mudar de ideia?

- Mas eu já mudei de ideia. Eu queria comprar a GR, você reagiu muito mal a isso e eu não o culpo. Então elaborei este plano, onde ambos sairemos vitoriosos. O que você me diz?

- Eu não quero à sua filha. Será que ainda não percebeu? - falo com os dentes semicerrados.

- Saiba que a sua tentativa em me fazer mudar de opinião é inútil. Não quer ao menos ler o contrato?

- Já que quer tanto se livrar da Dehayne, por que não deixa ela ir embora?

- Está sugerindo para eu abrir mão da minha filha? - O magnata parece não gostar do que acaba de ouvir. - Jamais irei permitir que uma víbora destrua a vida de minha herdeira. Rachel Meunier não sabe com quem está lidando. - Pelo visto, eu também não.

- Eu não disse isso. - Pego o contrato de cima da mesa e começo a folheá-lo. - Primeiro: quero um tempo para ler este contrato; segundo: se eu não concordar com certas exigências terá que modificar o texto; terceiro: vai dar toda assistência possível ao meu irmão e ainda hoje. Ele precisa ser transferido para São Paulo. Pode cuidar disso?

- Isto é um "sim"? - Um sorriso de contentamento volta à face do bilionário.

- Caso eu aceite - acrescento.

- Posso, sim. - Ele pega o celular e  digita algo na tela, enquanto fala comigo. - Precisa de quantos dias pra ler o contrato?

- Só preciso de um tempo sozinho. Hoje mesmo lhe darei a resposta - declaro, fitando o papel, desconcertado.

- Não quero que pense que estou fazendo isso por maldade. Eu amo a Dehayne. Quero protegê-la. Você não entende porque não tem filhos. Por enquanto.

- E não pretendo ter - replico.

- Está falando isso porque está magoado, mas aposto que quando encontrar a pessoa certa vai mudar de ideia.

- Esse alguém, com certeza, não seria sua filha - sussuro sem pensar e o magnata lança um olhar sagaz na minha direção, porém permanece em silêncio.

- 22 meses é muito tempo, ao menos o suficiente para que a Dehayne me leve à loucura.

- Vai solucionar os seus problemas, não vai?

- Eu espero que sim. - Levanto da cadeira ainda com a folha na mão e leio em voz alta: " um ano e dez meses de contrato, uma quantia significativa será disponibilizada para garantir os cuidados com o Noah. Tem multa rescisória para ambos os lados e por último, a Dehayne vai morar comigo". Por Deus, não precisamos residir no mesmo espaço. E vinte e dois meses é muito tempo.

- É só isso que tem a dizer?

- Bem, presumo que sim. - Ele risca duas linhas do contrato. Dezoito meses e não falamos mais sobre isso, certo?

- O que ela vai fazer durante esses 18 longos meses? Eu não fico em casa. Não posso dar atenção a ela.

- Nesse meio tempo quero que cuide da Dehayne pra mim. Ensine a ela o valor de uma bela amizade. Leve-a a lugares interessantes, se divirtam juntos. Impressione-a.

Sorrio da astúcia de D.L. Não dá pra fazer nada disso com a garota que eu conheci dias atrás. Ele realmente se superou desta vez.

- Quando deseja realizar esta cerimônia atípica?

- Daqui a duas semanas. Está bom pra você?

- Está ótimo. Onde devo assinar?

- Nesta folha e em mais quatro copias.

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I

saFacinelly.

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