Capítulo 10

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Depois de inúmeros escândalos envolvendo casamento, no passado, jamais imaginei que um dia iria voltar ao cenário onde o universo se encarregou de virar à minha vida do avesso. E posso assegurar que foi um dos maiores vexames que já vivenciei até conhecer à minha futura esposa e ter quase certeza que tudo o que aconteceu comigo, anos atrás, foi apenas uma premissa do que realmente está por vir.

Caminho desconcertado em direção ao jardim da mansão Lacerda, onde será realizada à cerimônia. Flores brancas enfeitam o caminho que leva ao altar, tendo o tradicional tapete vermelho posicionado no centro, com pétalas de rosas espalhadas por ele.

Para uma simples conveniência é um exagero e tanto.

Os poucos convidados chegam um a um. Meus pais, alguns amigos de Sr. Lacerda, o juiz encarregado de realizar a cerimônia e outras pessoas as quais não conheço.

- Olá, você deve ser o noivo da minha prima, estou certo? - indaga uma voz masculina, quebrando o silêncio.

- Perdão. V-você falou comigo? - A minha fala sai engasgada. Limpo a garganta tentando não demonstrar nervosismo.

- Acho que sim. Cielo Lacerda. - Estende a mão para que eu aperte-a. - Sou sobrinho e advogado do seu futuro sogro.

- Cristian Rivera. E respondendo a sua pergunta, infelizmente, sim.

- Não parece estar muito feliz com este casamento. E lamento informá-lo que a cerimônia começa daqui a pouco. Meu tio requisita a sua presença. Posso levá-lo até ele.

- Já estou indo. - Olho a decoração do jardim novamente.  - Seu tio é meio exagerado, não acha?

- Para quem está casando a filha por meio de uma conveniência? Talvez. A Dehayne, com aquele temperamento intempestivo, dificilmente iria encontrar alguém pra por uma aliança no dedo. Por dinheiro, quem sabe. - O comentário do loiro não ajuda em nada.

Caminhamos um tempinho em silêncio até chegarmos ao altar e Cielo me dizer:

- Eu poderia desejar boa sorte, mas espero que aconteça um milagre na sua vida. Um dia ao lado da minha prima vai parecer uma semana inteira, mas você parece ser um homem determinado. Vai sobreviver ao furacão Dehayne. - Toca o meu ombro e então se afasta. Forço um leve sorriso, deixando claro que já sei o que me aguarda.
                           ******

DEHAYNE

- Dehayne, todos já estão lá embaixo esperando, não faça seu noivo esperar mais - brada papai, colérico.

- Daqui a pouco ele vai fugir - Briseis ironiza, passando mais maquiagem no rosto.

- Pai, eu não estou preparada para casar, será que você não entende? - argumento, ignorando a Briseis. - E não sei se vou conseguir suportar olhar todos os dias para a cara daquele insuportável do Cristian.

- Não quero conversa. Você vai descer, chegar àquele altar sorrindo, deixar o Cristian colocar uma aliança neste dedinho aqui. - Ele segura a minha mão. - Já esqueceu do nosso trato, filha? Só se passaram duas semanas. - Seu tom de voz soa como uma ameaça.

- Não. É óbvio que não esqueci. Já estou descendo. Me dê apenas um minuto. - Ponho o véu no meu rosto. - Briseis, chama a Brigity pra me ajudar com o vestido. Alguém nesta casa pensa que uma princesa vai casar hoje e resolveu comprar um vestido com um milhão de capas. Eu quase não consigo andar com essa coisa.

- Menos drama, Dehayne. Seu vestido está perfeito. Parece até um daqueles modelos de contos de fadas. Sem dúvidas o Cristian é um principe mesmo.

- Esses sapatos estão me machucando. Mal consigo andar até a porta. - Deixo escapar um suspiro, sentando na cama outra vez. - Procura algo mais confortável pra mim, Brigity.

- Dehayne, se você trocar de sapatos vai estragar o figurino. É melhor ficar com esses aí mesmo.

- E desde quando eu me importo com isso? - Dou de ombros.

- Se você usar um salto mais baixo que este vai ter que ficar nas pontas dos dedos pra poder beijar o seu noivo. - Jogo um travesseiro na Briseis.

- E quem disse que eu quero beijar aquele idiota? - Sinto o meu rosto ruborizar. - Ele que tente fazer alguma gracinha.

- Bem, no final do casamento, o noivo beija a noiva selando a união do casal.

- Acontece que este casamento é diferente. Trata-se de um infeliz contrato. Somente isto. Então para de tentar romatizar essa porcaria - grito.

- Estas lingeries novas são pra lua de mel? - provoca. Brigity me segura impedindo que eu corra atrás dela.

- Não é possível que ainda não esteja pronta. - Papai adentra o meu quarto e fica parado me olhando.

- O que foi? Por que está me olhando desse jeito?

- Você está linda! - exclama. - Não posso acreditar que a minha princesinha vai se casar hoje.

Fito o meu pai, com o coração partido, por mais uma vez ele estar me dando às costas no momento em que mais preciso dele.
                            *****

Cristian

Quando a marcha nupcial começa a soar, os convidados se levantam repletos de curiosidade. Os olhares de todos se voltam para à noiva, que caminha vagarosamente acompanhada do seu pai.

- Cuida bem dela, Cristian. - Ele deposita um beijo no rosto da filha, logo que chega ao altar.

- Eu vou cuidar. Prometo. - Seguro a sua mão e Dehayne parece não gostar muito da ideia.

- Primeiro quer segurar a minha mão, depois quer segurar o quê?

- A vontade de sair correndo daqui - falo baixinho. Ela encolhe os ombros.

- E o que o impede, senhor Rivera? Seria um enorme favor que você me faz.

- Quer mesmo que eu responda?

- O juiz - já um senhor de idade - para de falar e começa a prestar atenção na troca de farpas entre os noivos. Quando percebemos que todos os presentes nos encaram nos calamos.
- Tudo bem com vocês dois?

- A Dehayne só está com um pouco de calor. Seria pedir demais que o senhor fosse diretamente para a parte do aceito? - O ancião lança-me um olhar confuso. Dehayne aperta a minha mão, irada com a resposta dada por mim ao juíz.

- Posso dar continuidade à cerimônia? - Assinto e ele continua. - Bem, onde estávamos? Vou começar tudo outra vez - anuncia. E começa tudo de novo.

Ao final da interminável cerimônia trocamos às alianças. E o juíz diz por fim:

- Agora pode beijar à sua noiva. - Retiro o véu de Dehayne e deposito um beijo rápido em sua bochecha. Ela se afasta de imediato, atirando o buquê em cima de mim.

- Não ouse me beijar outra vez, com esses lábios imundos.

- Não seja ingênua, Srta. L. Em nenhum momento eu pensei em beijá-la. Você não é o tipo de garota que atrai muitos olhares, e eu nem de longe desejaria ter alguém como você ao meu lado.

Isa.Facinelly

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