Capítulo 06

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CHRISTIAN

- Pensei que você nunca mais viria me visitar - Noah fala com um pouco de dificuldade. Ponho a mão em seu ombro encorajando-o.

- Estive ocupado e não pude te fazer companhia. Me desculpe, Noah. Você sabe que se eu pudesse trocaria de lugar com você, não sabe? - Ele me olha perplexo.

- É sério, Chris? Essa foi a coisa mais idiota que já ouvi você dizer. - Deixa transparecer um sorriso forçado, olho para a porta tentando conter a agonia que me invade.

- Olá, Christian, tudo bem?

- Estava aguardando o senhor. - Estendo a mão para cumprimentar doutor Alexandre Collor, o médico que cuida do meu irmão.

- Como está o meu paciente favorito? - Noah acena para ele, levemente sonolento. Os medicamentos já estão fazendo efeito.

- Qual é, de fato, o problema do Noah?

- Infelizmente o quadro clínico de seu irmão regrediu bastante. Ele não consegue mais respirar sem a ajuda dos aparelhos e os medicamentos utilizados no tratamento dele já não fazem efeito. O Noah precisa de cuidados mais específicos e com urgência. - A preocupação no rosto do médico e nas palavras faz-me tomar uma decisão imediata.

Volto ao quarto 206 e observo o meu irmão envolto de aparelhos os quais o mantém vivo e uma lágrima escorre pela minha face.

- Eu prometo que nada de mal vai acontecer a você, Noah. Espera só mais um pouquinho. Consegue me ouvir? - Acaricio os seus cabelos loiros esbranquiçados. Ele aperta a minha mão em resposta.

****

- Pai, antes de entrar gostaria de lhe dizer algo - digo logo que o meu pai estaciona o carro dele na frente da mansão Lacerda.

- Não vai me dizer que mudou de ideia?

- Mudei. - Ele me olha assustado.

- O que mudou exatamente? Não vai mais jantar?

- Quero que feche negócio com o Dr. Lacerda. O quanto antes - acrescento.

- Está falando sério, Christian? Posso marcar uma reunião para amanhã?

- Se quiser falar com o seu amigo hoje mesmo vai ser ótimo. O que realmente importa é saúde do Noah.

- Não sabe o quanto sua atitude me deixa feliz, filho. - Ele me abraça. - Vamos entrar?

- Gostaria de ir pra casa. - Desvio o olhar para o chão.

- Por favor, Christian, não me dá esse desgosto. O Dalton ficou tão contente quando soube que você viria.

- Isto se chama chantagem emocional, senhor Abelardo Rivera. E eu vou ficar para o jantar, mas permanecerei um tempinho a mais aqui fora.

- Tudo bem. Só não vá embora. - Assinto. Ele caminha até a porta, onde Eloíse o aguarda e juntos adentram à mansão, guiados por um dos funcionários.

A residência Lacerda é bem elegante. Tudo neste lugar tem aspecto imponente. O que faz uma pergunta pairar na minha mente. "Como é possível tanto poder estar concentrado nas mãos de um único homem?"

- Gostou da minha casa? - Viro-me rapidamente, assustado.

- Há quanto tempo está aqui?

- Não muito. Não está pensando em ir embora, está?

- Se eu disser que sim, vai ficar chateado?

- Muito. - Seu rosto é mesmo enigmático. Impossível decifrar seus planos. - Aceita uma bebida? - pergunta já com duas taças de champanhe na mão.

- Ao que iremos brindar?

- Em breve saberá. - Leva à taça com champanhe à boca. Seu sorriso de contentamento me preocupa. - Que tal conversarmos após o jantar. No meu escritório, claro.

- Só seja breve.

- Serei. - Sigo ele até à mesa de jantar. Os acentos onde cada pessoa deve se sentar estão indicados por pequenas placas sobre a mesa.

****

- Eu não quero descer. - O grito exasperado vem do alto da escada.

- Não contrarie o seu pai - a outra pessoa replica. - Tenha postura e seja educada.

Duas mulheres descem à escada. Uma delas é a Sra. Lacerda, a outra deve ser.. Meus olhos não conseguem acreditar no que veem. Deus, por que o universo me odeia tanto? A garota que eu acidentalmente derrubei no chafariz é filha de Dalton Lacerda?

- Christian, quero que conheça alguém.- Meu corpo permanece estático, só consigo reagir quando o bilionário segura o meu braço e me conduz até o centro da sala de estar onde estão os outros convidados, incluindo a esposa e a filha dele.

- Esta é minha filha Dehayne.

- É um prazer conhecê-la. - É tudo o que consigo falar, deixando transparecer um leve sorriso.

- Eu já conheço o seu amigo.- Dehayne revira os olhos.

- Vocês se conhecem de onde? - O magnata fica curioso.

- Acabei de conhecê-lo, pai! - se corrige imediatamente, e eu agradeço em silêncio. - Mas já vou adiantando que não tenho interesse nos seus eventos particulares. Posso ir para o meu quarto, certo?

- Não. Vai ficar pra jantar conosco. E sem objeções de sua parte.

- Ótimo. - A ironia na sua voz é evidente. Quando D.L se afasta, ela pega uma taça de vinho e caminha na minha direção, sentando-se ao meu lado. - Quer vinho? - me oferece.

- Não, mas obrigada pela gentileza. - Ela se levanta, pega a taça e derrama o líquido em mim, como se fosse um acidente. - Por Deus, o que está fazendo?

- Eu poderia dizer que sinto muito, mas não sinto. Foi de propósito, sim, e você sabe o porquê - fala bem próximo ao meu ouvido em tom baixo.

- Dehayne, o que você fez? - D.L encara a filha com as mãos posicionadas nos quadris. - Vamos ter uma conversa após o jantar.

- Foi sem querer, papai. Já pedi desculpas a ele. - Sua voz tem uma doçura forçada. - Não é mesmo, senhor Rivera?

- T-tudo bem - balbucio constrangido antes de sair da sala.

Isa. Facinelly

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