Cristian
Após o almoço, tomo coragem e subo para o meu quarto para organizar a bagunça. Começo a mudança pela remoção da bagagem de Dehayne para o quarto ao lado. Darcy me dá uma ajuda, já que ela entende mais do gosto feminino.
- Tem certeza que ela não vai ficar chateada?
- Darcy, você fez um ótimo trabalho. E pode deixar que com a Dehayne eu me entendo. Se precisar, estarei no meu escritório.
- Vai trabalhar home office?
- Sim.
- Muito bem. Eu vou lá pra baixo. Deixo a janela aberta pra ventilar um pouco?
- Pode ser. Depois você fecha.
- Certo. Tomara que eu não esqueça. Essa floresta aí embaixo deve esconder cada coisa.
- Vou conversar com o jardineiro.
- Faça isso, Cris. Agora se me der licença preciso ir comprar algo para o jantar.
- Obrigada pela ajuda, Darcy. - Ela afaga os meus cabelos antes de sair.
***
- Como foi seu dia? - Meu pai pergunta com um ar de curiosidade.
- Normal. E o seu?
- Normal? É só isso que tem pra dizer ao seu pai? - Eloíse toma a palavra.
- O que deseja que eu diga? Foi um dia comum como qualquer outro.
- E quanto a sua esposa, ela não vem jantar conosco? - É a vez de Eloíse me interrogar.
- Eu não sei. Mas mudando o assunto, o Noah está bem, pai?
- Falei com ele hoje. O quadro clínico de saúde dele evoluiu bastante. O Noah só fala em você. - Um sorriso brota nos lábios de meu pai.
- Vou visitar ele em breve. - Mantenho um leve sorriso no rosto.
- E pretende levar a Dehayne com você? A propósito, o que ela queria esta manhã? - Eloíse insiste.
- Se eu disser que não, vai parar de me questionar a respeito desse assunto? - Minha voz não soa tão educada. - Todos aqui sabem o real motivo pelo qual me casei. Estou me esforçando ao máximo pra conseguir tolerar a Dehayne. Não esperem mais de minha parte. - Ponho o garfo sobre o prato e saio da mesa.
- Cristian, ao menos termine o seu jantar - Meu pai pede.
- Perdi o apetite, pai.
***
Eu não poderia mudar de ideia no que diz respeito ao contrato com D.L porque a minha família teria muito a perder, a começar pelo Noah. Jamais seria capaz de fazer algo que pudesse magoá-lo.
- Não está pensando em voltar atrás, está? - Meu pai aparece de surpresa.
- Não, pai. Mesmo que eu quisesse não poderia. Sei o quanto tenho a perder.
- Sejamos otimistas. Sabe o quanto detesto te ver triste. - Põe a mão sobre o meu ombro.
- Vou tentar ser. Prometo. - Esboço meio-sorriso.
- Filho, por favor, não se esqueça do que prometeu ao pai da mocinha com que se casou.
- Vou tentar entrar em consenso com a Srta. encrenca. Boa noite, pai.
- Boa noite.
Enquanto o sono não vem, analiso algumas páginas da constituição federal do país onde moro. Folheio uma, duas, três páginas...
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APENAS UMA RAZÃO PARA AMAR VOCÊ
RomansaUma proposta de casamento inesperada - mesmo sendo uma conveniência - é tudo o que Christian Guiavila Santiago Rivera jamais cogitou receber. As profundas marcas das desilusões que sofreu no passado ainda estão lá para assombrá-lo. E estas servem d...