Si tú me dices ven, lo dejo todo... pero dime ven.

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E se eu disser que andava por aí querendo te encontrar, te procurando em cada esquina mesmo sem te conhecer. Que cada suspiro pronunciava teu nome, e me contentava com esconder minhas ganas no zíper do vestido.

O pequeno príncipe me ensinou que o essencial é invisível aos olhos, hoje eu entendo o que isso quer dizer. As pessoas julgam, falam e falam o tempo todo mais não têm nada a dizer. Olha a roupa, o cabelo, a forma como sorri, muito peso, pouco peso, de onde é, de onde vem, pra onde vai... Ninguém se preocupa pelos sentimentos. Pelo que há debaixo da pele. O corpo humano funciona a base de estímulos. Se estiver fazendo frio, o corpo se arrepia. Se alguém descobrir nosso ponto fraco, também. Se uma faca nos cortar, sangramos... mas e o coração? Como saber que o estímulo chegou nele ou veio dele? Dizem que quando a gente fica vermelho é o mesmo que dizer "sim". Mas quando em vez de faca são palavras e em vez da pele é o coração, qual a resposta que o cérebro emite?

Fugir.

Sair correndo o mais rápido possível e se proteger. Do arrepio, do corte... da dor. Do medo. Fugir é nossa resposta principal e na maioria das vezes a opção mais fácil. Mas ninguém disse que a mais fácil seria a correta.

Tapete vermelho, flashes, glamour, microfones, perfume caro, cochichos. Chegamos ao Carnegie Hall em uma entrada digna de uma princesa e futuras rainhas. Nem sequer digeri a ideia de que em um mês estarei dizendo "sim" ao resto da minha vida com ela – e de brinde vou ganhar um reino para governar, também com ela – e já estou com medo da reação de todos ao descobrir nosso pequeno segredo. É a segunda vez que aparecemos juntas em um ato oficial. Um mês atrás eu era a namorada cubana e comunista que seduziu a princesa, hoje sou a futura senhora Cabello-Jauregui Grimaldi. Por favor, se for um sonho me deixe dormir até a lua de mel.

Se eu te disser que odeio cada centímetro da quilométrica distância que agora separa tua boca da minha. Que vou morrer cada vez que um avião levantar voo e ressuscitarei quando aterrissar só para não sofrer esperando sua chegada.

Lauren está usando um vestido preto e ousado. Mas no fundo, simples. (n/a: vestido que usou no VMA). Preto, também de alças, curto e com um decote que está me fazendo agradecer internamente a Dinah e Jamilly pela ajuda. Ela está impecavelmente linda com o cabelo solto sobre os ombros, salto alto e uma maquiagem leve. Sorri com sua expressão tipicamente educada, acenando e de vez em quando dando um tchauzinho de leve. Eu continuo atrás, sendo puxada por sua mão suave e delicada em direção à entrada principal do evento. Uma fila com fotógrafos focam as câmeras na gente, concretamente pra minha mão esquerda que segura uma pequena bolsa de mão. Não consigo olhar pra cima, talvez pela forte luz ou talvez pela vergonha, estou decidindo.

Allyson e Big Rob estão logo atrás, mantendo uma distância razoável e prestando atenção em tudo. Finalmente pude ver o processo para que ela possa sair de casa segura. Primeiro ainda de lingerie, Ally coloca um localizador, tão pequeno que quase precisei de uma lupa para enxergá-lo, no sutiã. Depois um ponto de rádio que a comunica com os seguranças fica na orelha direita, e antes de sair todos se certificam de que a comunicação funciona perfeitamente. Às vezes me sinto em um filme de ação, mas logo analiso a outra parte da minha vida e só então percebo que é real.

Se eu te disser que vivo em guerra com minha consciência enquanto suplico pela paz que quero encontrar em teu sorriso. Que seu abraço será, de todos, o que eu nunca esquecerei.

Já na entrada, vejo como Lauren se detém no centro do tapete onde há uma parede improvisada com o logotipo da UNICEF e outros patrocinadores. Abre seu melhor sorriso e olha para todas as câmeras, enquanto eu me mantenho atrás, sempre atrás. Mas então ela olha para o lado como procurando alguém e franze o cenho ao ver que estou afastada. Sem pensar duas vezes leva sua mão a minha cintura e me puxa para seu lado (n/a: pegada TCA) e se não fosse pela força de seu aperto provavelmente eu estaria no chão. Os flashes são cada vez mais intensos e repetidos. Lauren sorri e acena, e eu me limito a imitá-la. Caminhamos um pouco mais e voltamos a parar repetindo os gestos. Ela se coloca de lado e sorri novamente, mas dessa vez é sincero.

L A U R E N Where stories live. Discover now