Teorema do coração partido II

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A/N: O capítulo fica gostoso de ler se vocês colocarem as músicas pra tocar. A versão acústica de Someone like you – Adele e Everytime we touch – Cascada. A segunda parte vocês podem colocar Lazy Love - NeYo e Secretos – Reykon ft Nicky Jam.

Por que nos afeta tanto as palavras – e atos das pessoas que amamos? E por que nunca são suficientemente válidos para nos fazer desistir de tentar? Talvez o grande problema seja que queremos entender algo que não tem explicação. Porque a razão nunca serviu quando se trata do coração. O coração não pensa. Mas parece que tudo machuca o dobro quando vem dessas pessoas, não é? Tudo que elas dizem tem um peso tão grande em nós... e acho que descobri o por que.

Sabemos que nos afetam o dobro porque, no fundo, as coisas que dizem em alto são em realidade o que pensam... o tempo todo.

Acho que a pior dor existente é a que provoca uma perda. Nós nunca estamos preparados para enfrntá-la. Torna-se uma ferida aberta que cicatriza lentamente, mas nos dias frios sempre voltam. Minha mãe sempre disse que se arde ou dói, é porque está curando. Uma pena que a cura sempre esteja ligada ao sofrimento. Deveria ser o contrário, né? Que estranha é a vida... Perdemos a soberania de um coração que só bate em razão e função dessa pessoa. Como um maestro que guia a sinfonia, o ritmo acelera, aperta, para... silêncio. No momento que cedemos a batuta da orquestrasinfônica do coração, ele deixa de nos pertencer. Não quer saber nunca das consequências. Ele se deixa levar no ritmo, obedecendo aos comandos e quando queremos ver, é tarde demais.

Nunca consegui entender por que acontece. Às vezes, inclusive, há alguem que nos da toda estabilidade e provavelmente conseguiria enchê-lo de alegria. Mas não. O danado só quer bater por quem lhe bate. Um masoquismo estranho. Quanto pior nos tratam parece que mais amamos. E o que nos faz bem, ou faria... nunca é suficiente. E eu me pergunto, por que o ser humano tem esse estranho desejo? O chamado efeito chiclete: quanto mais pisa, gruda; quanto mais gruda, pisa.

Talvez por isso algumas pessoas desistam do amor, ou tenham medo de se apaixonar. Mas nos temas do coração nenhuma dessas alternativas são válidas. Ele sempre encontra uma forma de escapar e correr pra outro corpo, acatando as ordens de quem, sem nossa opinião ou permissão, escolhe.

Mas e o coração, quem reconstrói?

Outro amor.

Sabe um vaso quando quebra e tentamos colar? Nunca volta ao que era. É exatamente assim.

Mas acho válido se arriscar. O importante é respeitar a liberdade de amar, por muito que machuque. No final das contas é exatamente isso. Essa possibilidade de viver algo parecido a qualquer momento, mas evitar porque no fundo essas cicatrizes nos perseguem. É como pertencer a uma pessoa sem pertencer realmente. Poder fazer algo, ser livre, e ao mesmo tempo prisioneiros desse sentimento. E é isso... a nossa liberdade é o que nos prende.

***

Em capítulos anteriores de Happy Ever After...

Ainda tremendo e completamente pálida, esquecendo-se completamente dos cacos de porcelana, a colombiana abriu a porta devagar e quando os olhos se encontraram ela soube. Seu coração estava tão acelerado como poucas vezes o sentira. Era ela, de fato. Não Veronica, mas sim... o grande amor de sua vida.

Ambas prenderam a respiração quase que instantaneamente. Estavam tão diferentes... Lucía parecia mais jovem, serena... talvez feliz? Veronica havia sentido mais o passar do tempo. Algumas ruas, olheiras, expressão cansada... Mas havia um brilho especial em seus olhos, aqueles que ela usou para admirar a mulher a sua frente com precaução. Gravou, naquelas milésimas de segundo, tudo quanto lhe foi possível. O corpo levemente bronzeado pelo clima grego coberto apenas por uma camisa de basquete do Chicago Bulls continuava impecável. Curvas finas, pele delicada e a simplicidade de seu rosto, completamente descoberto de qualquer maquiagem. O cabelo preso em um rabo de cavalo mal feito e os óculos de grau. Os pés descalços sangravam um pouco, apesar de que imperceptivelmente, devido a ação anterior. Veronica não percebeu, mas suspirou alto demais, e aquilo serviu para que Lucía acordasse do mesmo transe que estava submersa, analisando por outro lado como a latina não havia mudado em quase nada.

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