Parece que vai chover

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Há sentimentos que são muito nobres pra gente andar mendigando. Atenção, carinho, desejo... amor. Às vezes precisamos saber que alguém que a gente sente muito a falta, também sente a nossa. E esperamos que tenha essa coragem de dar um passo mais e reconhecer que, mesmo o passado sendo difícil, o presente é o que conta. A culpa sempre pesa um quilo mais pra quem parte e nem sempre desistir é uma ação covarde... há momentos – pessoas – que desistimos de tentar novamente, e esse é um dos maiores gestos de coragem. Porque nós não vamos embora porque sim.

Elas nos deixam ir.

Não se trata de ir atrás ou não, nem sequer de orgulho. Trata-se de saber que se não vamos atrás, alguém está disposto a vir.Não mendigar. Que seja natural, que venha sem por que nem pra quê, desinteressado. Receber da mesma forma que damos.

Que quando o frio quebre nossos ossos, haja alguém disposto a juntá-los com o calor de seu corpo. Que quando já não tenha nenhuma possibilidade, nos empurre a tentar outra vez. O problema é que nem todos estão à altura. O problema é que mendigamos esses sentimentos sem perceber que, não ter nenhuma razão para ficar, é uma razão suficiente para partir.

Para algumas pessoas é mais fácil ser pessimista porque, ao pensar que tudo acabará mal, economizam o sofrimento. Convenhamos, preferem pensar assim porque se todas as probabilidades são negativas, a consciência tem uma desculpa para lhes deixar em paz. O problema é que nós, otimistas, sempre acreditamos que tudo pode funcionar se nos esforçamos... se os pessimistas deixam o medo de lado. Para nós, querer é suficiente. Não precisamos de segurança nem nada parecido, principalmente por que não temos medo de reconhecer que os problemas existem, mas o que importa é superar cada um deles, juntos.

Mas nem sempre querer é poder – diria o pessimista.

Ás vezes, podemos querer o que não se pode – retrucaria o otimista.

Ás vezes...

A verdade para todos é que, quem quer, procura uma forma. Quem não quer, procura uma desculpa.

O amor é uma questão de coragem, arriscar tudo por algo que nem sequer sabemos como acabará. Mas há o medo, sempre há. É coisa dos humanos (e covardes). O amor não, é mais sublime e nobre, coisa de amantes. Esses que sem pensar nas consequências, se jogam em queda livre. Talvez seja isso que os pessimistas precisam. Pular e não pensar. Porque quando queremos algo com muita força, inevitavelmente acontece. E mesmo que tentemos fugir, no final sempre acaba nos alcançando.

Os pessimistas sempre encontram os otimistas. E os otimistas, inevitavelmente, tendem a querer os pessimistas. Depositam suas esperanças em que talvez, se tentar... se...

E esse é o problema das esperanças.

Elas te seguram, mas em algum momento te soltam. E dói.

Sei como é grande essa dor. Mas já dizia um sábio de barba branca que, ás vezes a felicidade pode ser encontrada até mesmo na escuridão, se a gente se lembrar de acender a luz.

Flashback

Skyscraper finalmente pousava em território Genoviano depois de duas semanas percorrendo a Europa em uma espécie de tour que Lauren fez para fortalecer as relações com a União Européia. Camila, que estava preparando uma nova coleção, havia ficado em casa assim como Isabela. O clima chuvoso dava um ar mais triste ao pequeno principado, porém nada tirava a alegria e alívio de finalmente estar em casa.

Durante as viagens era quando ambas percebiam quão dependentes eram. Os dias pareciam passar lentos e, às vezes estando a algumas poucas horas de casa, era como se estivessem em outro planeta. As ligações sempre rápidas e as mensagens de texto cada vez menos constantes. Se não era por uma coisa era por outra, o caso é que elas sempre acabavam sentindo mais saudade do que o normal depois de todos aqueles anos.

L A U R E N Where stories live. Discover now