Todo Cambió

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Camila POV

Dizem que o que nos diferencia dos outros animais é a capacidade de pensar, mas fora isso temos a mesma essência: vida. Os outros dependem do instinto, olfato, audição, necessidade de sobrevivência... Nós atuamos conforme a sociedade na qual crescemos. Por muito que escrevam e digam sobre a evolução humana, no final das contas somos fantoches, peões em um jogo de xadrez chamado mundo. Pensamos que temos o poder, e de fato temos, mas acabamos esquecendo que os políticos estão ali realmente para nos servir. Decidimos quem nos governa, mas nunca estamos conformes com nossa escolha.

Desde pequenos nos ensinam a viver em comunidade. Na escola nos obrigam a manter contato com outras crianças; os professores nos ensinam coisas que nem sequer questionamos ser verdade ou mentira. Aprendemos os assuntos como robôs e segregamos nosso circulo segundo nossa escala social. Meninas com meninas, meninos com meninos. Escolhemos as profissões de forma aleatória, dependendo da nossa imaginação. Até as mochilas que usamos definem nossa personalidade. O tipo de uniforme... A todo momento somos sugestionados a viver e crescer conforme umas regras que nem sequer entendemos a finalidade. E assim o tempo passa. Crescemos. Evoluímos... Será? Dizem que as coisas foram feitas para usar-las e as pessoas para amar-las. Enão por que amamos as coisas e usamos as pessoas? À medida que o tempo passa nos acoplamos ao molde imposto. Eles querem que você se sinta mal, pois assim se sentem bem. Precisam controlar tudo o tempo todo. Porque se todos são iguais é mais fácil manipular. O problema surge quando alguém quer ser diferente, entende? É isso que eles, os que têm o poder, mais temem: o desconhecido. Porque eles não podem controlar. Ser diferente em um mundo que todos são iguais é como um vírus novo que se transforma em uma epidemia. Gera o medo, o desespero, uma procura intensa pela cura, para que todos voltem ao "normal" e não sejam infectados. Por isso é importante não ter medo de ser quem realmente somos. Se arriscar, falar, opinar, reagir, perguntar... Me nego a ser tratada como uma coisa e usar as pessoas. Me nego a aceitar um futuro incerto e cheio de injustiça para minha família. Ou a ser tratada como menos por ser como sou e amar quem amo.

Tudo isso aprendi durante os seis meses de namoro e noivado. Tudo mudou desde que a vi por primeira vez. Era como se o mundo que era preto e branco adquirisse cor. O tempo praticamente voou, mas foi tão fácil amá-la desde o primeiro sorriso... O amor é algo engraçado e fajuto. Não há certezas ou probabilidades. É como andar com os olhos vendados no meio de uma pista de Formula 1. É como o jogo da confiança. Você deixa o corpo cair esperando que a pessoa que está atrás de você vai te segurar. É como saltar no vazio sem saber ao certo o que tem no final. Mas afinal, será que amar é mesmo tudo? Como respondeu o poeta, "se isso não é amor, o que mais pode ser?". Se entregar, confiar seu coração a uma pessoa e que ela entregue o dela a você, o que é se não amor? O sofrimento é inevitável, você só deve decidir por quem vale à pena sofrer.

Dias atuais

- Mas mamá, eu não estou com sono! – Isabela disse fazendo bico e cruzando os braços enquanto me encarava com seus olhinhos verdes. A semelhança que ela tem com a Lauren chega a me assustar. Apesar de ter saído de mim, a conexão que elas têm é tão forte que com apenas três anos ela consegue dominar todo o palácio e tem a todos a seus pés. Principalmente a boba da minha mulher.

- Eu sei, cariño. Por isso vamos continuar com a história! – nem precisei dizer nada mais e ela já estava debaixo do edredon lilás abraçando Leo, o tigre que Lauren deu de presente a ela como desculpa para cuidar seu sono.

- Onde está a mami? – perguntou já colocando seu dedão na boca.

- Está na Casa Branca resolvendo coisas de adultos. – respondi enquanto ajeitava as almofadas e a luz do quarto.

L A U R E N Where stories live. Discover now