A partir de que momento nossos pais deixam de curar nossas feridas?
Sempre tem um momento que determina o passo da infância, acreditar em super-heróis e contos de fadas, a sangrar sem chorar. Ou pelo menos, aguentar até ficar só.
As crianças têm esse poder mágico de fazer tudo possível... fácil. Elas não têm limites para sonhar. Qualquer toalha se converte em uma super-capa e um pedaço de pau em uma espada. Uma caixa de papelão é um refúgio secreto, e os lençóis tem o poder de nos proteger dos monstros da noite.
Não há presente no mundo que Papai Noel não possa trazer, ou desenho que não faça a vida ficar menos triste e chata.
Quando tocamos o chão ao tropeçar, imediatamente nos levantamos e continuamos correndo, brincando. Sem importar a sujeira ou a ferida. E se arde, um beijo sara.
Mas crescemos, e descobrimos que os beijos em vez de sarar, machucam. Criam dependência e quando menos esperamos, já não há ninguém atrás para nos levantar.
Papai Noel vira lenda, decepção. Desenhos são lembranças e os lençóis não são capazes de nos defender dos monstros, porque eles passam a morar dentro de nós.
Descobrimos a existência dos limites e fracassos. E nossos pais, heróis e modelos, estão cada vez mais distantes.
A primeira decepção sempre é a pior. Mas depois a gente vai esquecendo, se acostumando ao olhar distante e vazio, onde a criança ficou pra trás com todos os sonhos e esperanças; e abriu caminho a uma versão chata e melancólica de nós mesmos.
O que a criança que fui um dia, diria à mulher que sou hoje? Ela estaria orgulhosa do que se converteu?
Veterinária, medica, advogada ou psicóloga?
Jornalista.
Eu sinto muito, pequena.
Mas a vida tem esse dom de nos fazer fortes. Porém nesse caminho, de certa forma, deixamos atrás coisas... pessoas. Nós mesmos. E construímos, em uma base lisa, um projeto de algo que queríamos ou aprendemos a ser.
E de quem é a culpa?
Dos pais?
Isso é um absurdo!
Eles também foram crianças. E será que eu sou o projeto que eles idealizaram?
E no futuro, o que você vai ser quando crescer?
Talvez o problema não esteja em ser criança, "porque elas não entendem coisas de gente grande". O problema, é que "gente grande" se esquece deserem crianças.
Acho que no fundo elas são as grandes portadoras da verdade, e nós, adultos... ha, "projetos de adultos", somos os verdadeiros monstros que elas se escondem. Porque temos esse super-poder de destruir nossos sonhos e objetivos, caímos esperando que alguém nos levante, e nos envergonhamos por reconhecer que os beijos curam, mas quando faltam... enfermam.
A partir de que momento nossos pais deixam de curar nossas feridas?
A partir do momento que crescemos.
***
O sol forte entrava pela grande janela de vidro da suíte principal. Lauren, já acordada, acompanhava a respiração leve de Camila que dormia ao seu lado.
A grande barriga, o desconforto na hora de achar uma posição, e a dificuldade para andar, já avisava que a qualquer momento o novo membro Cabello Jauregui-Grimaldi chegaria ao mundo.
Com tudo o que acontecera nos últimos dias, elas tiveram pouco tempo para pensar no estado delicado em que aquele nascimento deixava a família. Resolvido o mistério de Kawhala, ou seja, sabendo que Lauren e Allyson, além de gêmeas, eram filhas da mulher com Michael, elas começaram a encaixar as peças que faltavam.
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L A U R E N
FanficCamila Cabello sempre foi uma jovem responsável e dedicada à família que se esforçava diariamente para sobreviver. Filha de um professor e uma costureira, a jovem cresceu com o sonho de um dia ser uma grande estilista de moda. Porém, a realidade era...