L A U R E N

Perdida en tus ojos

Estive pensando sobre as voltas que a vida dá. Um belo dia tudo pode estar de cabeça pra baixo, podemos julgar não ter mais um futuro, ou uma visão dele, e de repente aparece alguém que muda tudo isso. Alguém que nos devolve a esperança, essa visão de que há um futuro, há um sentido.

E a gente se pergunta por que tem que sofrer.

Minha mãe sempre disse que quem não aprende pelo amor, aprende pela dor. Que às vezes as coisas estão na nossa frente claras até demais, mas preferimos olhar em outro sentido. Ou simplesmente não acreditamos – nem aceitamos. Então o tempo passa, mas a necessidade de aprendizagem não. Por isso precisamos passar por algumas situações, e como não aceitamos o aviso, acabamos pagando pelo preço.

E ela também diz que tudo tem preço. E mesmo que agora alguém pense que não precisa pagar, em algum momento a vida cobra. E cobra caro.

Mas ela sempre completa com um: "mas não desanime não, hija mía, porque tudo nessa vida passa. Até a vida".

E como sempre, minha mãe tem razão.

Tudo na vida passa. A dor e, inclusive, o amor.

Você já se apaixonou? Mas se apaixonar de verdade. Não falo de ídolos ou crush. Falo de amor. De se entregar de corpo e alma pra uma pessoa, compartilhar quem você é, seus sonhos, medos, pesadelos... Estar tão mal que tudo parece não ter fim, cair literalmente no fim do poço das emoções e medos, e que esse alguém te resgate. Saber que talvez as coisas não mudem, mas tê-lo ali com você faz tudo mais suportável.

E acreditar.

Deus, quando a gente ama, acreditamos em tudo. Até que somos capazes de coisas que na verdade, não somos.

Se apaixonar é essa montanha russa de sentimentos e indecisões. De um dia querer e no outro não saber o que se quer. Um eterno "nem contigo, nem sem ti", não sei se me explico.

É como se jogar do penhasco esperando que te segurem lá em baixo. E às vezes nos seguram, e essa sensação é boa. Esse frio na barriga dá sentido a tudo. E acreditamos que esse é o sentido.

Mas há decepções, desamores... que chegam como um furacão, destruindo todos os sentimentos que levantamos dia após dia, às vezes em anos, meses, e em questão de segundos está tudo de cabeça pra baixo. Está tudo destruído.

A ironia é que o amor, que é amigo íntimo da felicidade (pelo menos em nossas cabeças), é um dos sentimentos que mais nos faz sofrer.

Até que um belo dia, sem saber como nem por que, sem nenhuma explicação plausível. Acontece.

Acontece que você conhece alguém que novamente te resgata e te faz compartilhar. Que te faz querer se jogar do penhasco, só que dessa vez você tem certeza que estará ali em baixo para te amparar.

Alguém que preenche o vazio. Que chega na hora em que tudo estava por um fio, e vai te reconstruindo. Curando as feridas e fechando as cicatrizes. E cura tão bem, que nem no frio elas reclamam.

Já não há um dia "quero deixar o mundo inteiro por você e na mesma noite acabo pensando que isso não vai nos levar a nenhum lugar". Há certeza. Você sabe o que quer e como quer. Não há espaço para o medo.

E você descobre que tudo que passou antes, todo aquele sofrimento, aquela sensação de amar, mas não se sentir completa, era a vida te preparando para algo muito maior.

Porque é verdade, a vida é uma vadia. Ela tira muita coisa da gente. Só que a gente só entende que na verdade não "tirou", apenas nos livrou, no final.