O que leva uma pessoa a confiar em outra?
Empatia. Carência. Necessidade.
A confiança é um diamante em bruto que pouco a pouco vai adquirindo a forma preciosa. À medida que a relação vai se fortificando, nós vamos dando pequenos passos até que um dia baixamos a guarda e liberamos todos os demônios que adormecem em nosso interior. Fantasmas do nosso passado que ainda não descansaram, e de vez em quando atormentam. Porque as pessoas a nossa volta observam aquilo que nós queremos. O único acesso que elas têm é aquele que permitimos. Como se o coração fosse a caixa forte e para entrar, antes, todo mundo têm que passar pela recepção onde o "agente cérebro" faz o reconhecimento, examina, investiga e finalmente, decide liberar o passe de visitante. E assim como em todos os lugares que guardam uma caixa forte, durante a estadia e o recorrido, o cérebro vigia o tempo todo, cada passo, cada atitude... pra ele todos são suspeitos. Todos querem roubar a caixa ou danificá-la. É um agente experiente e desconfiado, difícil de convencer e enganar. Mas alguns, depois de muitas visitas, acabam sendo conhecidos por ele e recebem passe livre.
Todos têm passado, e já não há mais segredos. O problema são as cicatrizes que esse passado deixou. Como isso nos afeta, como somos vestígios de todas as decepções. Ruínas andantes que foram se deteriorando com o tempo. As pessoas se aproximam, observam os traços, tiram fotos do monumento, mas são poucas as que admiram a beleza real e entendem a ideia do escultor. Mas as que entendem, as que se convertem em visitantes com passe livre... essas pessoas descobrem o diamante dentro da pedra. Elas olham nos olhos dos demônios que escondemos e os acalmam, domando-os. Essas pessoas são as que entregamos o nosso principal tesouro, guardado na caixa forte. E uma vez feito, não há volta atrás.
Precisamos saber que assim como as promessas, a confiança também é uma espécie de contrato onde a palavra é a única garantia. As pessoas mudam. Às vezes, porque é inevitável. Outras, porque é necessário. O fato é que elas mudam, e pode acontecer que elas se transformem naquele tipo de pessoa que diziam odiar.
O problema de confiar nas pessoas é que elas te seguram, mas em algum momento te soltam. E dói. Assim como as caricias. Em determinados momentos salvam, mas quando deixam de estar, matam.
A confiança é que nem o diamante. Alguns são verdadeiros, inquebrantáveis. Outros... apenas imitação e no primeiro golpe, quebram. Até que o "agente cérebro" vai ficando cada vez mais desconfiado, mais rígido na hora de liberar a entrada até que já não se arrisca mais.
Por que... o certo é que só deixamos de apostar quando nos acostumamos a perder.
- Você ficou louca?! Claro que você não vai com ele! – Ally disse com um tom de voz exaltado, o rosto vermelho, andando de um lado para o outro dentro do camarim e claramente nervosa.
- Allyson, eu não estava pedindo permissão a você. Eu vou e ponto final. – Lauren estava de pé com Camila agarrada a si. Jerry, sentado no sofá de couro preto que estava no local, pressionava a ferida de bala em seu ombro, fruto do susto ao se encontrar com a filha que para confirmar que não estava alucinando, atirou.
Na verdade tudo aquilo ainda estava fora de razão para ela. Como uma dose exagerada de adrenalina seu corpo estava em constante atividade. Seu pai, o homem que ela enterrou com 17 anos de idade estava vivo. Vivo! Quem diabos estava no caixão então? Por que ele não apareceu antes? E o mais importante, o que ele estava fazendo todo aquele tempo que não entrou em contato com ela? Porque, logo agora que a ameaça estava ainda mais eminente, ele decidiu aparecer? Eram muitas perguntas e nenhuma resposta. Logo depois que ouviram o tiro, Big Rob invadiu o camarim com Lauren e Camila, ficando todos petrificados ao encarar o homem que não se abalou muito ao sentir a bala raspando seu corpo.

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L A U R E N
FanfictionCamila Cabello sempre foi uma jovem responsável e dedicada à família que se esforçava diariamente para sobreviver. Filha de um professor e uma costureira, a jovem cresceu com o sonho de um dia ser uma grande estilista de moda. Porém, a realidade era...