O começo de um conto de fadas

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Como pode ser gostar de alguém e esse tal alguém não ser seu?

Estou tão cansada de falar de amor e fazê-lo contigo.

***

Camila estava no quarto ninando Arthur enquanto Lauren dava banho em Isabela. O churrasco havia sido um êxito e todos os membros que habitavam a casa estavam felizes. A situação era mais crítica do que nunca e um pouco de normalidade sempre ajudava.

Há poucos dias Lucy havia informado que estaria em uma viagem a trabalho, mas que quando voltasse Helena havia preparado uma noite especial para elas, o que seria o momento idôneo para que Veronica fizesse sua parte do plano.

Entrar na casa da consulesa era fácil, principalmente com a ajuda de Lucy, o que seria realmente complicado era encontrar todos os papeis necessários. Qualquer coisa seria suficiente, contanto que aparecesse a assinatura tanto dela como de Faruq para comprovar que, de fato, a crise grega havia sido uma manobra política para iniciar de lá os ataques dos jihadistas.

Com o sol deixando o céu alaranjado e o cansaço de passar o dia todo na piscina acabou levando todos a seus aposentos um pouco antes do jantar. Isabela estava morena e com marcas desajeitadas do biquíni, já que não parava quieta e a alça constantemente caía ou o pano ficava pequeno demais para seu corpo magro.

Arthur estava enjoado devido ao grande barulho e as horas ao sol, mas continuava com seus olhos castanhos esverdeados encarando a mãe.

- Você não quer dormir, não é? – Camila perguntou com um suspiro, mas não esperou por resposta e continuou a ninar o garoto que apertava com força o tecido da camisa dela. – Claro que não.

No banheiro, Isabela reclamava por ter que limpar a orelha e o cabelo. Ela só queria seu tigre de pelúcia, a cama de suas mães e uma boa história.

- Mas mami, já está mais do que limpo! – reclamava apoiando-se na parede.

- Nada disso. Esfregue bem essas orelhas, ou vou ter que chamar sua mãe! – Lauren na verdade se divertia com a birra da garota. Tinha os olhos vermelhos e a boca um tanto partida de tanto sol e água com cloro. Parecia que quanto mais enjoada ficava, mais autoritária conseguia ser.

- E agora? – perguntou depois de esfregar com mais força ainda.

- Me deixa ver. – aproximando-se um pouco da porta do box, Lauren se inclinou e sorriu vendo a zona avermelhada. – Tudo bem. Escorra o cabelo. – enquanto desligava o chuveiro, lhe estendeu uma toalha grande e aproveitou para secar os cabelos da menina com outra menor.

Já enxuta e com uma calcinha de lacinhos, Isabela esperou pacientemente a que Lauren lhe secara o cabelo com o secador. Ela estava praticamente dormindo em pé, pelo que a cabeça caía para frente e Lauren gargalhava segurando a cabeça da menina novamente.

Assim, cheirando a morango e só de calcinha como gostava de dormir, a menina estirou os braços quando Lauren guardou o aparelho.

- Você não está grande demais pra ser carregada, não? – a morena perguntou e a menina, com um bico semelhante ao que Camila fazia, negou com a cabeça e manteve os braços no alto.

A rainha não teve mais remédio que atender seu pedido e logo levou o pequeno coala até a cama, onde Leo esperava pacientemente por sua dona.

- Você a tem muito mal acostumada. – Camila resmungou quando viu a mulher entrar no quarto com uma Isabela sonolenta em braços. Lauren deu de ombros cheirando o cabelo da filha.

- Suponho que ela nunca deixará de ser meu bebê.

A colocou sob a cama e a menina logo abraçou seu pelúcia e levou o dedão até a boca. Camila estava preocupada já que, com cinco anos de idade, nenhum médico recomendava que as crianças continuassem usando chupeta ou o dedo como distração, mas a menina estava tão cansada que ficou com pena de reclamar.

L A U R E N Where stories live. Discover now