O teorema do coração partido

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Veronica POV

Segundo estudos, Romeu e Julieta é o terceiro livro mais lido na história da literatura, perdendo apenas para a A Odisseia e O Alcorão Sagrado. Desde aquela época, Shakespeare já sabia o que ninguém queria assumir: o amor, quando não o aceitamos, pode ser letal. E podemos interpretar issode várias formas:

A) Pela inimizade de duas famílias

B) Preconceito

C) Porque não queremos aceitar o que sentimos

Qualquer que seja a alternativa que você escolha ou se encaixe, o resultado é problema.Mas por que uma tragédia, apesar de que romântica, é a mais lida? Entre tantas histórias com final feliz, o mundo não cansa de reviver aquele amor impossível? Primeiro se apaixonam, depois descobrem o peso que o sobrenome tem sobre tal amor. Mas eles estão apaixonados, não é? E o amor tudo pode.

Ou não.

E eles tentam com ajuda, até mesmo a bênção de Deus... Mas não. Não é suficiente. Entre mortes, vingança e ódio, um sobrenome acaba sentenciando um amor. E no final, como moral da história, as famílias ante a tragédia, decidem declarar a paz. Irônico, não? E eu me pergunto... o que aconteceria se, ao invés do final triste, fosse feliz? Quantos Romeu's e Julieta's existem hoje em dia? Não pelo ódio da família... mas pelo preconceito delas. O que diria Julieta se, ao invés de homem, Romeu fosse mulher?

"O que há, pois, num simples nome? Se o que chamamos rosa, sob outra designação teria igual perfume".

Eis o preconceito. Se duas pessoas do mesmo sexo se amam, não é amor? Porque não seja heterossexual, eis que não tem o mesmo valor e significado? Afinal, amor é amor, ou apenas um nome? Quantos tipos de amores existem? E quantos são corretos? E se o meu for diferente? E por que o meu está errado? Quem define como podemos – devemos amar?

"Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira".

Por que há uma necessidade tão pulsante em dar nome ou status aos sentimentos? E se não sabemos o que sentimos? Por que chamar de amor? Por que declarar um status? Por que só posso ser fiel se tiver um compromisso com a outra pessoa? E o que acontece com o compromisso comigo mesma? Por que as pessoas não são capazes de assumir que os sentimentos das outras pessoas importam tanto quanto os nossos?

Às vezes a gente sente, não é? Sabe que há algo aí, sem saber muito bem o quê, mas há. Por que isso não é suficiente? Tanto sofrimento em vão pela necessidade banal de ter um nome.

Mas também...

Pode ser que haja medo a reconhecer que somos vulneráveis e que no final das contas, caímos nos encantos desse sentimento louco e desmesurado. E geralmente, quando queremos pronunciá-lo em voz alta, ou reconhecer, é tarde demais. Ou pior! Não é recíproco.

Provavelmente o sábio Shakespeare diria que só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido. Não há nada como amar e não ser amado para sentir na pele o poder – e dor de uma ilusão. E não há nada como um "tarde demais" pra perceber que perdemos muitas coisas pelo medo a perder.

Pobre Romeu e pobre Julieta!Se fosse à época atual, provavelmente morreriam primeiro de decepção do que pelo ódio da família. Talvez fosse melhor assim.

Eles, valentes amantes, morreram por amor. E para não ver a facilidade com que nós, amantes atuais, damos esse nome a qualquer sentimento fugaz... Ou para não ver como somos covardes, a ponto de não lutar pelo que queremos por orgulho.

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