Não tenho nenhum Deus humano. Na verdade meu Deus nunca esteve na TV, o que eu creio, digo. Tampouco vivo em um hotel com muitas estrelas. Não pertenço à realeza da moda nem tenho muita esperança de vida, já que cada dia me levanto com uma perspectiva diferente.
Tenho mais erros que acertos e costumo pagar meu mau humor com qualquer coisa ou, qualquer um, que apareça no meu caminho. E nesse trajeto deixo migalhas de grosseria para as vezes que esqueço o caminho de volta.Outras gravo a lição de que nem os malvados são tão malvados, nem os bons são tão bons no final das contas. Que não podemos conhecer uma pessoa pelos anos, mas sim pelos danos – que causa ou sofre, depende de quão perto você chegue.
Os conselhos que dou estão no Manual de Sobrevivência "Saber o que fazer com os problemas alheios, mas não ter a mínima ideia de como solucionar os meus", edição especial. Era o último na prateleira de coisas inúteis, assim como muitas outras que tenho, também tiradas de lá.
Às vezes, de noite, fecho os olhos enquanto escuto música e imagino as coisas que gostaria que acontecessem. Às vezes estou na praia surfando, outras em uma montanha vendo o pôr do sol. Também estive em Nova Iorque vendo as luzes desde uma sacada, depois de um longo dia de trabalho e outras atividades vazias.
Perdi a conta das vezes que enchi a boca para dizer que minha vida seria diferente e faria sempre só o que quisesse;que não seria como essas pessoas que se conformam e se acostumam. E no final... me transformei exatamente nesse tipo de pessoas.
Sorte... essa é outra coisa que eu deixei de acreditar. Não gosto de viver esperando chegar o dia seguinte para ver se acontece algo que melhore minha vida, e como lógico, também não creio na falta dela.
Mas acredito no karma.
Se o diabo sabe mais por velho do que por diabo, o karma sabe mais por justo que por filho da puta. Por isso não aceito o "por que comigo?". Cada um carrega sua cruz e sabe de suas ações, cada um da o que tem, por bem ou por mal. E esse é o ciclo da vida. Para receber tem que dar, mas quando a gente dá e não recebe, acaba se cansando também. Mas a verdade é que ninguém valoriza o que tem até que o tem longe. Não serve nada falar baixinho quando se tem medo, ele tem o sono leve e não ronca.
Com o tempo também aprendi a não falar demais. No final sempre acabo me convertendo em tudo aquilo que tanto dizia odiar. Melhor mesmo é aceitar que tudo na vida tem um preço e temos que estar dispostos a pagar sem recibo de garantia. Porque sem correr risco a gente acaba correndo do medo, ou da rotina. E olha, eu não sei muito de quase tudo, tampouco sei muito bem quem sou, mas o que sei muito bem quem não sou.
É preciso coragem e paciência pra me aguentar. Fabrico asas para que os demais consigam voar, mas nunca saio do chão. Mais que medo de altura tenho medo do futuro. Medo a encontrar uns olhos que descubram o que os meus dizem, e que quando as coisas se compliquem... que fique. Porque quando se complicam, geralmente não sei o que fazer. Então eu fujo. Por isso preciso que fique... pra me segurar. Mas... também sou muito de "silêncio, respira e basta". O próximo passo sempre é começar de novo. De onde? Eis o problema. O "como" é meu pior pesadelo e "quando" me provoca ansiedade, por isso sempre acabo no mesmo lugar, sem fazer nada.
Amar os outros já foi transcendental em minha vida. Mas entendi que já não importa tanto. E importou alguma vez?
Por isso hoje me amo, e com isso me basta.
Guardo na dispensa um pacote de sorrisos coloridos para os dias cinza, mas ainda espero a ocasião certa para abri-los.
O vento leva as palavras, mas deixa a dor, e como acabei sem espaço tive que guardá-las nas olheiras. Mas sempre acordo na hora certa e enquanto coloco a pasta de dente na escova, me pergunto por que usamos as pessoas e amamos as coisas quando supostamente deveria ser o contrário. Cada vez que abro a torneira, vejo esperança e lavo o rosto com ela para tentar disfarçar as olheiras e acordar.
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L A U R E N
FanfictionCamila Cabello sempre foi uma jovem responsável e dedicada à família que se esforçava diariamente para sobreviver. Filha de um professor e uma costureira, a jovem cresceu com o sonho de um dia ser uma grande estilista de moda. Porém, a realidade era...