Capítulo 1

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Lily Miller. Conhecida como a rainha da má sorte e o desastre em forma de gente.

Tudo começou quando consegui um emprego no Bella Trattoria, um restaurante "chique" da minha cidade.

A primeira semana foi um desastre desde o início. No primeiro dia, derrubei uma bandeja cheia de lasanha quente diretamente no colo do chef de cozinha babaca, um sujeito ranzinza que amava mais seus molhos do que a própria mãe.

"Miller, você é a pior garçonete que eu tive a desgraça de contratar." O demônio vociferou. Na hora, eu só vi um monstro.

Assim, naquela fatídica semana, minha breve carreira no Bella Trattoria chegou ao fim. E a minha maré de má sorte estava apenas começando. Ao retornar para casa em busca de apoio familiar, encontrei apenas a desaprovação dos meus pais.

"Como você pode ser assim? Você sempre faz tudo errado, Lily." Minha mãe lamentou e meu pai balançava a cabeça em desânimo. Ele era um pau mandado.

Fui expulsa de casa por esse pequeno erro, mas nem tudo foi perdido. Consegui ganhar um processo contra o chef do restaurante. Uma funcionária depôs ao meu favor, mencionando as calúnias proferidas por ele. Fora que ele não havia me dado nenhum treinamento decente.

Ganhei um valor significativo e era com ele que eu me mantinha viva. Também realizava alguns trabalhos como babá em um aplicativo, pois sempre tive um apego especial e me dava bem com as crianças.

Digamos que elas não eram tão falsas quanto os adultos. Se elas não gostam de você, elas falam na sua cara e não ligam se você vai ficar triste ou bravo. Ainda falam isso com um belo sorriso travesso no rosto.

20 anos e um histórico de vida um tanto problemático. Eu mesma. Completamente.

— Alô? Lily? — O Alex balançou a mão na frente do meu rosto e eu saí do devaneio.

— Desculpa. Divaguei. — Olhei para ele.

— Que novidade. — A Cleo riu. — O Alex estava dizendo que nós vamos em um show a noite. Do The Cosmic Quartet.

Inclinei a cabeça quando ela mencionou isso. Que diabos era The Cosmic Quartet?

— Ela não conhece. — O Alex suspirou com desgosto, como se eu tivesse acabado de dizer que detesto filhotes de cachorro.

— Não tenho medo dessa cara. Meus pais fazem ela toda vez que me veem por aí. — Ironizei e os dois se entreolharam preocupados. — Qual foi? É só uma piada.

Levantei os dedos com um sinal da paz.

— Eles são tipo a banda mais conhecida daqui. — A Cleo explicou e eu assenti.

— Você vai, não é? — O Alex me olhou com desespero. — Eu sei que você prefere ficar em casa e odeia interagir socialmente, mas eu preciso das minhas amigas. O término com o Harold está me afetando muito, Lily.

Ele mencionou o seu ex-namorado babaca.

— Primeiro: Eu já disse para você parar de sofrer por esse ridículo que tem nome de um velho aposentado de oitenta e cinco anos. — Suspirei. — E segundo: Eu vou, tá?

Tranquilizei ele e o mesmo sorriu aliviado.

— Boa. — A Cleo sorriu. — Eu tenho certeza que hoje nós encontraremos os amores da nossa vida. Só pressentimento.

Ela apertou os nossos braços com vigor.

— Você fala isso toda semana. Se dependesse dos seus pressentimentos "corretos", eu já estaria casada, com três filhos e dois gatos fofinhos. — Provoquei.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora