Capítulo 23

2.1K 221 37
                                    

Luke

Que sensação ruim do caralho.

— Acorda para o ensaio, Luke. — O Nick jogou uma das baquetas em mim e eu a peguei, não deixando ela me atingir.

— Vai se ferrar. — Olhei para ele irritado.

Uma inquietação se insinuou em meu âmago, uma sensação incômoda que se infiltrou, sem aviso, nos ritmos que criávamos. Era como se o próprio ar carregasse uma vibração estranha, um prenúncio de algo errado que pairava no horizonte.

Meus dedos hesitavam nas cordas da guitarra, buscando acordes que, de repente, pareciam escapar de minha compreensão.

O olhar distante traía a desconcentração enquanto eu tentava decifrar o que causava esse mal-estar impreciso. Uma sensação de urgência me envolvia, sem que eu pudesse explicar o motivo.

Que porra estava acontecendo comigo?

A música, que normalmente fluía como um rio infindável, tornou-se um desafio, as notas agora carregadas com a sombra da desconexão. Eu sentia que algo estava acontecendo, algo que escapava à compreensão imediata, mas que reverberava em cada acorde como um eco insistente.

— O que houve, Luke? — A Lety colocou a mão no meu ombro.

— Nada. — Respondi rapidamente.

Meu celular interrompeu o silêncio com uma melodia desconhecida, um número sem identificação pulsando na tela.

— Agora não, Luke. — O Nick reclamou.

— Deve ser mais alguma fã que descobriu o seu número. Se você atender, ela vai te incomodar para sempre. — O Zack revirou os olhos.

Contudo, uma intuição sutil sussurrou que a explicação poderia ser mais complexa.

Apesar das conjecturas, decidi encerrar a ligação abruptamente. Uma sensação desconfortável se enroscava em minha mente, como se o ato de atender pudesse desvendar algo indesejado.

— Vamos ensaiar. Ou você já esqueceu do aniversário da garotinha com câncer? — A Lety perguntou.

Se esqueci? Depois da Lily, essa era a única coisa que eu estava pensando ultimamente.

O som insistente do celular rompeu o ambiente do estúdio, mas, desta vez, não era o tom familiar de uma ligação. Era uma mensagem que iluminou a tela

"Luke, aconteceu uma merda com a Lily." Vi que foi o amigo dela quem mandou essa mensagem.

Uma pausa tensa inundou o estúdio enquanto eu absorvia a gravidade dessas simples palavras.

Respirei fundo, mas a dificuldade em capturar o ar era evidente. Meus pensamentos corriam em um turbilhão.

O ar ao meu redor parecia mais denso, como se estivesse prestes a ser sugado para um redemoinho de eventos desconhecidos. A incerteza pairava sobre mim e cada respiração tornava-se um esforço diante do desconhecido iminente.

— Já volto. — Saí do estúdio, tropeçando pelo caminho e batendo a porta atrás de mim.

Abandonei o estúdio, a pressa impulsionando meus passos enquanto me recostava contra uma parede próxima. Com mãos trêmulas, meu celular emergiu de meu bolso, discando freneticamente o número do Alex. Cada toque ecoava como uma contagem regressiva, enquanto minha agonia se intensificava a cada segundo que ele não atendia.

— Atende, porra. — Murmurei, a ansiedade transparecendo em minha voz sussurrada.

A espera parecia uma eternidade e a falta de resposta adicionava camadas de preocupação ao meu estado agoniado.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora