Capítulo 33

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Três horas da manhã. Quem liga para alguém três horas da manhã? Claro, um desconhecido.

— Alô? — Atendi com a voz sonolenta.

Oi. — Ouvi uma voz masculina e franzi as sobrancelhas. — Escuta, eu não sei mais o que fazer. O seu namorado está aqui no bar e já bebeu mais de vinte doses de whisky. Ele não está bem.

Fiquei em silêncio por um momento.

— É trote? — Perguntei. — Eu não tenho namorado, moço.

Ele ficou em silêncio de novo.

Alguma coisa você deve ser, porque ele não para de falar o seu nome aqui. Além de que o seu contato está salvo como "linda". — O cara explicou depois de um tempo e eu congelei.

Linda.

— É o Luke? Luke Martinez? — Questionei e o homem ficou quieto. — Porra. Moreno, olhos verdes e tatuado. Ele é assim?

Tentei definir melhor e esperei com ansiedade.

Isso. — Ele confirmou. — Você pode vir buscá-lo, por favor? Eu estou começando a me preocupar. Ele está chorando, moça.

Chorando? Não. O Luke não chorava.

— Tenta ligar para a irmã... — Fiz uma pausa. — Tudo bem, eu vou. Me manda a localização por mensagem.

Pedi e ele logo me mandou a localização.

— E, por favor, não deixa ele beber mais nada. Cuida dele, tá? — Implorei e desliguei a chamada.

Coloquei uma blusa por cima do meu pijama e saí correndo de casa.

Cada passo até o carro era uma corrida frenética, o coração batendo descompassado em sintonia com o medo que pulsava nas veias.

Adentrei o veículo, a urgência transformando a noite em um turbilhão de emoções. A raiva e a apreensão se entrelaçavam, um nó tenso no peito enquanto eu amaldiçoava a situação e as escolhas dele.

— Seu idiota. — Apertei o volante com as mãos e balancei a cabeça, passando reto por todos os semáforos vermelhos.

Cada semáforo ignorado era uma pequena revolta contra o tempo, enquanto a ansiedade traçava uma trilha veloz nos pensamentos.

O volante respondia aos meus comandos quase automaticamente e o vento noturno varria os meus cabelos.

O bar estava mergulhado em um silêncio desconcertante quando entrei apressada.

— Oi. — Corri até um homem, provavelmente o dono do tal bar. — Cadê ele?

Olhei em volta com o coração descompasado.

— Lily! — Ouvi a voz dele, embriagada e chorosa. — Porra, aparece, Lily.

Encarei o homem e ele me lançou um olhar que dizia: "Viu? Eu te disse."

— Luke? — Toquei levemente no ombro dele.

— Sai! Eu tenho alguém! — O Luke se contorceu do meu toque e quase caiu do banco. — Ela só não sabe ainda, mas eu tenho. Eu perdi ela por burrice, cara. Que idiota. Me dá mais uma dose, garçom.

Reprimi os lábios e olhei para o garçom.

— A quanto tempo ele está bebendo? — Perguntei.

Muito tempo. — Ele respondeu e eu senti vontade de socar a cara dele.

O dinheiro valia mais do que ajudar um homem que claramente não tinha mais condições de beber uma gota de alcool.

— Então, você tem alguém? — Voltei a minha atenção para quem realmente importava.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora