CORDAS DO CORAÇÃO

Capítulo 47

Luke

— Luke, eu te amo, porra. — Ouvi o sussurro agoniado dela e bati minha cabeça na porta.

Ela foi embora.

Cada acorde da dor ressoava intensamente, culminando em um grito que escapou de minhas entranhas, ecoando pelos recantos sombrios do quarto.

A guitarra, testemunha silenciosa de tantas histórias, tornou-se a vítima involuntária da minha fúria, voando em direção à parede em um gesto desesperado.

O estrondo metálico que se seguiu foi um eco sombrio da tormenta interna que assolava meu ser.

Os destroços do instrumento espalharam-se pelo chão, enquanto eu permanecia ali, envolto na penumbra, confrontando o vazio que a notícia deixava.

O olhar perdido, fixo no ponto de impacto, buscava compreender a cruel realidade que agora se impunha.

A respiração entrecortada narrava a intensidade da dor, como se o ar se recusasse a preencher os pulmões diante do luto fodido.

— Emily. — Chamei. — Emily! Emily, volta!

Gritei, passando as mãos no rosto.

Emily, volta, pequena.

Minha irmã entrou no quarto, seus olhos refletindo uma mistura de preocupação e compaixão diante da cena caótica.

— Sai daqui, Lana. — Pedi. — Não quero ninguém aqui.

Ela negou com a cabeça e eu respirei fundo.

— Vai. Embora. — Sussurrei entredentes e ela me empurrou na parede, batendo no meu rosto.

Olhei para ela incrédulo.

— Acorda, porra. — Ela sussurrou com irritação. — Vou embora é o caralho. Eu sou sua irmã, seu merda. Eu estou aqui, entendeu?

Ela apertou meu rosto.

— Entendeu? — Ela repetiu e eu assenti.

Ela se aproximou, seus braços envolvendo-me como uma tentativa de ancorar minha agonia.

Hesitei por um momento, sentindo a resistência interna, mas aos poucos permiti que o abraço se consolidasse.

Deslizamos juntos até o chão frio, uma espécie de rendição à tristeza que me envolvia.

— Ela morreu. — Sussurrei, com a cabeça apoiada no ombro dela.

— Eu sei, eu sei. — Ela usou o mesmo tom, acariciando minhas costas. — Sinto muito. Eu sei que ela era importante para você.

Ela é.

— Que injustiça. — Me afastei do abraço para olhá-la. — Não fiz o suficiente, eu deveria ter mandado mais dinheiro. Eu deveria ter feito mais.

A Lana limpou as minhas lágrimas raivosas que eu nem sabia que estavam caindo.

— Você salvou essa menina, cara. — Ela bateu no meu braço, me repreendendo. — Você fez um show que mudou a vida dela. Você fez tudo por ela até o último segundo, Luke. Eu vi todas as filmagens da internet e essa garota te olhava com pura gratidão.

Ela sorriu e eu balancei a cabeça.

— É sim! — Ela afirmou com veemência. —  Você mudou a vida dela. Você fez ela feliz no final da vida dela. Você lutou por ela, Luke, e eu tenho certeza que, de onde ela estiver, ela está grata.