Capítulo 31

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Enquanto eu navegava pela busca de advogados, uma tensão crescente permeava o ambiente. Cada decisão se tornava um dilema entre o dever de filha e a busca por justiça.

Eu me sentia sufocada pela dualidade de defender aqueles que causaram minha dor.

Meus sentimentos oscilavam entre a necessidade de responsabilizá-los e a esperança frágil de alguma mudança.

Com uma caneta entre os dedos, anotei alguns nomes de advogados renomados. Cada linha riscada no papel parecia um compromisso, uma escolha que me puxava entre a busca por justiça e a relutância em deixar minha família completamente para trás.

O advogado mais acessível ainda exigia uma quantia assustadora, um preço em que parecia até mentira.

20 mil.

Ao confrontar os custos exorbitantes do advogado, percebi que a quantia na minha conta era insuficiente. Pagar para eles significaria esgotar todos os recursos financeiros que restavam, me deixando à beira do abismo financeiro.

O que eu faço, o que eu faço, o que eu faço?

Ao me perder em um mar de pensamentos, meu celular interrompeu a solidão com uma mensagem.

Era o Alex.

"Sei que você não quer falar comigo, mas eu preciso saber se você está bem. Manda um sinal de fumaça, qualquer coisa. Eu ainda te amo." Li o torpedo dele e respirei fundo.

— Eu ainda te amo também. — Murmurei. — E a Cleo. Aquela vaca.

Era como se uma sombra do que já fomos pairasse sobre o presente, criando um contraste doloroso entre o passado e a realidade presente.

Coloquei os meus pensamentos no lugar e coloquei o papel com os nomes dos advogados no bolso, decidindo ir até a delegacia.

Se eles ajudassem com pelo menos cinquenta por cento do valor, não ficaria tão pesado. Dez mil. Os meus pais valiam esse dinheiro? Para mim, sim.

Cada passo em direção à delegacia era um confronto com a realidade, mas eu estava determinada a seguir adiante.

Caminhando pelo parque, percebi uma mulher me observando, sua presença despertando um desconforto imediato. Seus olhos, ávidos por uma possível história, indicavam que era uma jornalista em busca de um furo.

Jane, eu acho.

Num passo acelerado, senti o peso do olhar da jornalista, como se cada passo meu fosse seguido pela expectativa de um possível escândalo. Cada instante era uma corrida contra a invasão da privacidade, enquanto ela, desesperada por uma história, persistia em me seguir.

Provavelmente ela já deveria saber do término e da prisão dos meus pais. Desde que eu me envolvi com o Luke, a minha vida só decaiu. Tirando os meus sentimentos por ele, tudo decaiu. Tudo desabou.

Ao me esquivar da intrusiva jornalista, encontrei um banco, mas a breve sensação de alívio cedeu espaço a uma sensação ruim.

Meus olhos capturaram, de forma inescapável, a vibrante interação entre a Cleo e o Alex, que estavam sentados em outro banco, conversando. Fazia sentido. Nós costumávamos vir aqui antigamente.

Contudo, agora, eu era uma espectadora de uma narrativa que não mais me incluía.

Enquanto eu tentava disfarçar meu interesse na conversa da Cleo e do Alex, a sensação de invisibilidade era quase palpável.

No entanto, num momento de surpresa, a Cleo olhou ao redor, cutucou o Alex e seus olhares finalmente se encontraram com os meus.

Eles sorriram. A Cleo parecia triste. O Alex parecia preocupado.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora