Capítulo 4

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Corri desesperadamente pelos fundos do restaurante, meus cabelos voando ao vento, enquanto as fãs dele se aproximavam cada vez mais. Tropecei em alguns caixotes de lixo, mas me recuperei com os meus olhos cheios de apreensão.

Atravessei um beco escuro, procurando um ambiente seguro para me esconder.

Meu coração batia acelerado e a adrenalina do momento corria pelas minhas veias. Finalmente, encontrei um esconderijo temporário atrás de algumas caixas empilhadas. Ali escondida, respirei aliviada, longe da multidão que passava correndo, enquanto Luke ficava no restaurante lidando com a situação.

— A gente viu o tweet. — Ouvi uma voz conhecida atrás de mim e quase infartei.

Os meus amigos surgiram magicamente.

— Que tweet, Alex? O que vocês estão fazendo aqui? — Perguntei sem entender.

— Uma jornalista babaca descobriu que ele estava aqui e instigou as fãs para virem tirar fotos. — A Cleo explicou e eu balancei a cabeça irritada. — E obviamente, nós estamos aqui porque somos seus amigos e queríamos te apoiar.

Quase chorei quando ela falou desse jeito.

— A gente te viu correndo para cá e viemos para te ajudar. O Luke está lidando com as doidas. — O Alex revirou os olhos.

— Mas mesmo assim, ele consegue ser atencioso. Ele parecia decidido dar atenção para todas. — A Cleo comentou.

— Coitadinha da futura namorada desse cara. — Ri um pouco. — Eu só quero sair daqui e ir para casa. Vocês vem comigo?

Perguntei e os dois assentiram amigáveis.

— Claro. — O Alex sorriu. — Podemos até fazer uma lasanha para chorar pela falha do encontro. A lasanha remete a falha do emprego. Falha por falha, ainda comemos uma lasanha deliciosa. Receita de família.

Ele tentou ajudar e eu ri com a tentativa.

Juntos, caminhamos para longe do restaurante, nos afastando da agitação enlouquecedora. Eu me senti segura ao lado dos meus melhores amigos, sabendo que eles estavam ali para me apoiar independente de qualquer situação.

Comecei a rir sozinha e eles me olharam.

— A bebida bateu, Cleo. — O Alex ironizou.

— Eu nem bebi, cara. Só estou rindo dessa situação bizarra. — Encarei eles e ri mais um pouco. — Quem diria que eu, uma anônima desempregada, sairia com um guitarrista famoso e que daria tão errado?

Os dois riram também quando pensaram.

— Mas essa é a primeira tentativa de milhares. Na próxima, ele não vai deixar isso acontecer. — A Cleo falou com certeza.

Próxima. Como se fosse ter próxima vez.

Ao chegarmos à minha casa, uma sensação de alívio e conforto preencheu o ambiente. Meus amigos e eu entramos na sala de estar e a exaustão finalmente começou a se manifestar. Com um suspiro de alívio, eu me joguei no sofá, afundando no aconchego familiar do meu próprio lar.

— Você pode descansar enquanto nós dois preparamos a tal receita de família desse maluco de cabelo rosa. — A Cleo apontou para o Alex rindo de forma provocadora.

— Obrigada pela permissão de eu descansar na minha própria casa. Eu estava precisando, Cleo. — Brinquei.

— Tudo por você, amiga. — Ela ironizou.

O meu celular vibrou quando eles saíram.

"Mil desculpas, linda. Essa é a parte ruim de ser famoso. A invasão de privacidade em um momento que isso não deveria acontecer. Desculpa, tá?" Li a mensagem.

"Não foi sua culpa, Luke. Você não tem o poder de escolher quando isso vai acontecer. E ninguém me viu." Respondi.

"Que tivessem visto e entendido que era um momento particular nosso. Na próxima vez, teremos que escolher um lugar bem mais reservado." Ele escreveu.

"Como assim na próxima vez?" Perguntei.

— Essa receita de família não está muito bonita. — Ouvi a voz da Cleo na cozinha.

— O exterior não importa. O que importa é se está gostoso, Cleo. — O Alex respondeu.

— Tipo o Taylor, não é? — Ela provocou.

— Quieta. — Ele usou um tom irritado.

"É. Não vai ter próxima vez? Você vai realmente me matar desse jeito?" Fui interrompida por outra mensagem dele.

"Você quer de novo, Luke?" Perguntei.

"De novo, de novo e de novo. Se você quiser, nós podemos nos ver pelo tempo que você desejar." Recebi a sua resposta.

Deixei o meu celular de lado e suspirei.

— Não sei. — Falei sozinha pensativa.

— Não sabe o quê? — O Alex perguntou.

— Meu Deus. Você não estava fazendo a lasanha agora? — Olhei para ele assustada pelo mesmo ter aparecido sem eu notar.

— Não sabe o quê, Lily? — Ele repetiu.

— Não sei. Só não sei. — Dei de ombros.

— Venham comer. — A Cleo nos chamou.

Obrigada por ter me tirado dessa, Cleo.

Nós fomos até a cozinha na mesma hora.

— Nossa. Que... — Olhei para a tentativa de lasanha deles. — Ficou linda. Perfeita.

Os dois não acreditaram em uma palavra.

Servi um pedaço e eles fizeram o mesmo.

— Caraca. Pior que está boa. — Elogiei.

— "Pior." Que elogio, hein? — O Alex riu.

— A apresentação está rústica. Aprendi isso com um chefe famoso da França e quis replicar. É arte. — A Cleo mentiu.

— Mas a lasanha vem da Itália. — Rebati.

— Isso. Chefe da Itália. — Ela assentiu.

Conforme o tempo passava, a atmosfera tornava-se mais divertida e acolhedora.

— O Luke já falou alguma coisa? — O Alex perguntou enquanto colocava os nossos pratos na pia. — Porque se não... Porra.

Ele balançou a cabeça e eu ri um pouco.

— Ele quer me ver de novo. — Revelei.

— E você disse "sim" ou "claro"? — A Cleo me encarou com expectativa nos olhos.

— Eu ainda não respondi. — Falei e recebi o olhar assassino dos dois. — Mas eu vou.

Deixei claro e os dois respiraram aliviados.

— Acho bom mesmo. — A Cleo assentiu e olhou para o relógio. — Caraca. Eu nem vi a hora passar. Amanhã eu trabalho cedo.

Ela levantou da mesa pronta para sair.

— Eu te dou uma carona. — O Alex ofereceu. — E você. — Ele apontou para mim. — Eu acho bom você responder esse homem ainda hoje. Eu não quero ter que cometer um crime contra a sua pessoa.

Ele ameaçou meio brincando e meio sério.

— Você ouviu ele. — A Cleo me abraçou levemente. — Espero notícias amanhã.

Levei eles até a porta e me despedi deles.

— Eu atualizo vocês. Tchau. — Acenei.

Fechei a porta atrás de mim e suspirei.

— Vamos ao Luke. — Peguei o meu celular.

"Sim. Nós vamos nos ver de novo." Escrevi.

"Vou escolher um local onde nós não sejamos interrompidos de novo. Mal posso esperar por isso, Lily." A sua resposta veio.

— É. Mal posso esperar. — Falei sozinha.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora