Capítulo 44

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— Tenho que ir para a casa agora. — Olhei para o relógio e para ele de novo. — Desculpa, mas o meu outro homem precisa de mim. Floquinho.

Ele riu e assentiu.

— Quer que eu te leve, linda? — O meu namorado perguntou.

— Não precisa, eu vou andando. — Dei um beijo no Luke e levantei do sofá. — Até logo, eu espero.

Ele me levou até a porta com a mão na minha cintura.

— Eu espero mais ainda. — Senti o beijo dele no meu pescoço e sorri. — Me avisa quando chegar, tá?

Ele pediu.

— Estou sem celular. — Respirei fundo, lembrando do meu pai estraçalhando ele em mil pedaços.

— Ah, já vi tudo. — Ele logo entendeu. — Vou mandar o meu empresário comprar um e levar na sua casa ainda hoje.

Olhei para ele e neguei.

— Sem discussão. — Ele usou um tom firme. — Agora vai lá. A gente se vê em breve.

Assenti e saí, dando um último aceno.

— Te amo, minha gostosa! — Ele gritou quando eu já estava na rua, fazendo alguns olhares se virarem na minha direção.

Disfarcei e sorri para mim mesma, andando pela rua quase saltitando.

— Ele me ama. — Cantarole sozinha.

— É o que, menina? — Uma senhora olhou para mim, como se eu fosse louca.

— O Luke me ama. — Sorri.

— Como é? Você faz programa? — Ela me olhou com julgamento e eu percebi que a velha era surda.

— Bom dia para a senhora. — Acenei.

Caquética.

— Lily? — Ouvi uma voz me chamando e gelei.

— Oi, delegado. — Dei um pequeno sorriso. — Estava me seguindo, por acaso?

Perguntei, com um tom de humor.

— Só te vi passando e quis falar com você. — Ele deu uma desculpa. Sei. — Imagino que você tenha visto as notícias sobre o incêndio na cadeia.

O delegado me analisou e eu apenas assenti.

— Você está bem, Lily? — Ele perguntou.

— É um interrogatório? — Fiquei na defensiva.

— Só quero saber como você está. Me preocupo com você. — Senti sinceridade do tom dele, mas fiquei quieta. — As câmeras do lado de fora da cadeia estavam desligadas. Estranho, não?

Ele cruzou os braços, me encarando.

— Muito estranho. — Concordei.

— Talvez tenha sido acidental, quem sabe? Logo descobriremos. — O delegado deu de ombros, como se não se importasse.

— Tomara que descubram. — Forcei um sorriso.

Eu não deveria sorrir.

— Desculpa, Lily, mas eu preciso te perguntar... — Ele fez uma pausa e eu engoli seco. — Na ausência da família, as autoridades prisionais assumem a responsabilidade de realizar o enterro dos corpos. Eu suponho que, você não queira comparecer?

Pensei um pouco.

— O que é totalmente compreensível no seu caso. — O delegado me apoiou.

— Eu quero. — Assenti e ele me olhou surpreso. — Preciso desse encerramento com eles.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora