Marchei pela rua, cada passo ecoando a batida furiosa do meu coração.
Sentia a raiva latejar em minhas veias, especialmente dirigida à Cleo, que ousara me julgar. Cada palavra dela ressoava na minha mente, alimentando o furacão que se agitava dentro de mim.
— Você vai acabar sendo atropelada desse jeito. — O Luke bloqueou o meu caminho, enquanto eu andava sem rumo.
— Me deixa. — Implorei, querendo liberar a tempestade que fervilhava dentro de mim.
— Te deixar? Nem fodendo. — Ele riu, como se fosse o único a entender a tormenta que me envolvia.
— Para de rir! Eu estou puta com aquela vaca! — A raiva pulsava em mim como uma chama voraz e meus punhos se cerravam involuntariamente.
Bati no braço do Luke, irritada com o riso provocador dele. Seus olhos brilhavam com malícia e ele não parecia disposto a parar de se divertir com minha irritação.
— Faz isso de novo. — Desafiou, um sorriso atrevido brincando em seus lábios. — Você fica gostosa quando está irritada.
Minha expressão endureceu, encarando-o com fúria e ele ergueu as mãos em sinal de rendição.
— Ei! — O Alex correu para alcançar a gente, respirando pesadamente enquanto tentava falar comigo. — Porra, vocês andam rápido, hein?
Olhei para ele, percebendo a intenção de resolver a situação.
— Lily, a Cleo não queria dizer aquilo. Ela quis te ajudar e acabou piorando tudo. — Ele tentou argumentar.
Respirei fundo, tentando não surtar com ele.
— Por que você tá defendendo ela, Alex? Você ouviu o que ela disse e não tem desculpas para isso. — Rebati frustrada.
— Eu não tô defendendo, Lily. Porra, a gente é um trio. Volta pra casa e vamos resolver isso como adultos. — O Alex praticamente implorou.
— Não tem mais trio, Alex. Acabou. — As palavras cortavam o ar com a certeza de uma sentença irreversível.
— Não faz isso, Lily. — A agonia na voz dele me atingia, mas meu coração se endurecia com as marcas das palavras da Cleo. — Mas que porra. Depois que meus pais morreram, eu só tenho vocês. E agora, isso vai acabar por causa de um mal-entendido?
As lágrimas ameaçavam brotar, mas eu as segurava com força.
— Você concorda com ela, certo? — Perguntei.
Um silêncio pesado pairou no ar quando fiz a pergunta a Alex. Seus olhos, antes cheios de desespero, agora refletiam uma hesitação que cortava mais fundo do que suas palavras poderiam expressar.
— Meu Deus... Você concorda com ela. — Congelei. — É por isso que você veio aqui. Você concorda com ela.
A realidade me atingiu como uma flecha.
— Lily, espera. — Ele tentou segurar meu braço. — Ela não usou as palavras certas. Ela foi rude, mas ela não mentiu quando disse que você precisa reagir. Você apanhou, Lily, e isso é grave. Você é machucada constantemente com palavras cruéis. Você é desprezada por eles.
Luke estava em silêncio, a sua mandíbula cerrando de raiva. Raiva dos meus pais.
— Eu vou denunciar eles para a polícia. — Ele falou.
As palavras de Alex reverberaram em meus ouvidos e o peso da situação fez meu coração bater mais rápido.
— Não, você não pode fazer isso. Você não tem provas e eu vou negar tudo. — Escapei com urgência, minha voz trêmula refletindo a ansiedade que me consumia.
— Eu tenho provas, Lily. — Ele murmurou.— No meu celular. Provas das agressões contra você e provas contra a homofobia dirigida a mim.
Meus olhos se abriram numa incredulidade profunda.
— A casa do Brian é perto da sua e eu escutei seus gritos. Eu tive que gravar porque estou cansado de te ver sendo abusada por eles. — Ele revelou e meus olhos vagaram pela rua, sem saber o que fazer. — Desculpa, Lily, mas eu vou fazer isso. Por você.
Olhei para ele, sentindo o peso das palavras ecoando em meu peito.
Respirei fundo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam escapar.
— Se você fizer isso, Alex, eu nunca mais vou falar com você. Nossa amizade vai acabar para sempre e eu vou te odiar. — Murmurei, deixando as palavras pairarem no ar carregado de tensão.
Eu nunca odiaria ele, mas eu precisava convencê-lo a não fazer isso. A não destruir o mínimo resquício de família que eu ainda tinha.
— Eu posso viver com seu ódio, Lily. Só não posso viver com seu sofrimento. — Ele me encarou com os olhos decididos.
Balancei a cabeça, uma negação silenciosa às circunstâncias que ameaçavam despedaçar nossa conexão.
— Você vai fazer isso? — Perguntei, buscando nos seus olhos uma faísca de hesitação, mas encontrei apenas resolução.
— Vou. — Ele assentiu.
— Você morreu para mim, Alex. —Apontei o dedo para ele, as palavras amargas que escaparam dos meus lábios ecoando no silêncio.
— Você não quis dizer isso, certo? — O Alex balançou a cabeça, buscando nos meus olhos uma negação que ele não encontrou. — Lily, não...
Ele implorou.
— Se você denunciar, você morre para mim. — Estava implorando, desesperada para que ele entendesse a profundidade do que estava em jogo. — Porque estou aqui pedindo, implorando para você não fazer isso.
Esperei pela sua resposta, mas ele apenas me encarou.
— Desculpa, Lily. — Disse ele, virando-se para ir embora.
— Alex, não faz isso! Não denuncia eles! — As palavras ecoaram no vazio, mas ele nem sequer olhou para trás. — Ele não olha para mim.
Murmurei com agonia.
O Luke passou a mão suavemente nas minhas costas, me puxando para perto.
— O que eu faço, Luke? Como se minha vida não tivesse fodida o suficiente e agora isso. — Balancei a cabeça, como se pudesse afastar os pensamentos tumultuados que me assombravam.
— Eles quebraram sua casa, Lily. Quebraram você emocionalmente. — As palavras do Luke ecoaram suavemente em meu ouvido enquanto seus braços envolviam meu corpo, oferecendo um consolo que eu ansiava. — Tenta entender...
Eu queria compreender. Eu queria encontrar sentido.
O eco do caos em minha casa reverberava em minha mente enquanto eu fechava os olhos, revivendo a imagem devastadora dos meus pais destruindo tudo. No entanto, um pensamento específico fez com que meus olhos se abrissem abruptamente, um arrepio de terror percorrendo minha espinha.
— O Floquinho. — Minha voz soou desesperada enquanto a preocupação se instalava. — Eu fui embora e deixei o Floquinho lá. E se eles machucaram o meu gato?
O pânico tomou conta de mim e eu olhei para o Luke.
Se algo acontecesse com o Floquinho, eu nunca iria me perdoar.
— Eles não machucaram o Floquinho. — Ele afirmou com serenidade e meu olhar se encontrou com o dele, sem entender. — Depois que você me enviou a localização, o Alex me mandou uma mensagem sobre seu gato, dizendo que ele tinha ficado lá. Pedi para o meu empresário cuidar disso e ele está muito bem lá em casa.
Um suspiro de alívio escapou de meus lábios e eu o abracei com força.
— Obrigada. — Murmurei contra o seu peito.
— Sempre. — Ele beijou a minha testa.
Santo Luke. Esse cara era meu anjo da guarda, ou o quê?
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CORDAS DO CORAÇÃO
Storie d'amoreNo palco, Luke é um guitarrista que conquistou o coração do mundo com suas melodias. Nos bastidores, ele é apenas um homem em busca de algo mais profundo na vida. Lily, por outro lado, é uma mulher comum, distante do glamour do mundo das celebridade...