Capítulo 38

2.4K 214 90
                                    

Luke

— Oi. — Ela olhou para mim e deu um pequeno sorriso, com as bochechas coradas e os seus cabelos um pouco bagunçados.

Parece que a Lily acabou de correr uma maratona.

Cada detalhe dela parecia uma obra de arte e meus olhos a percorreram como se fosse a primeira vez. Uma onda de emoções conflitantes se chocava dentro de mim, enquanto eu tentava processar a presença dela ali, tão real e palpável.

O coração batia descompassado, como se quisesse alcançá-la antes que a realidade mudasse. Seu olhar, intenso e familiar, encontrou o meu e por um instante, senti como se estivéssemos em um universo à parte, isolados do resto do mundo.

— A gente pode conversar? — Ela perguntou temerosa e eu quase ri.

Conversar. Beijar. Transar. Quero tudo e mais. Não quero perder mais tempo sem tocar nela.

Claro que podemos. — Assenti.

Em meio ao frenesi do show, meus olhos captaram a visão da salinha de limpeza discretamente entreaberta.

Juntos, nos dirigimos para lá, cada passo marcado pela excitação e pela consciência de que estávamos prestes a ter um instante longe dos olhares curiosos. A porta se fechou atrás de nós, isolando-nos temporariamente da energia vibrante lá fora.

— Você estava certo sobre os meus pais. —  Ela se encostou em um balcão e olhou para mim. — Eles me manipularam de novo. Quando eu descobri que eles tentaram me abortar, eu neguei a ajuda com os advogados e eles me enforcaram.

A Lily afastou os cabelos e eu pude ver uma marca roxa no seu pescoço, coberta com um pouco de base.

Arregalei os olhos e cerrei os punhos.

— Eles o quê?! — Tentei me controlar para não explodir.

— Não é novidade. — Ela deu de ombros como se não se importasse, mas eu percebi que era uma máscara. Ela ainda se importava. — Desde que eu nasci eu fui um erro, Luke. Eles tentaram me abortar e deu errado. Até nisso eu falhei.

A Lily deu um riso sem humor.

Eu vou matar eles. No fim do dia, a cela deles vai estar pegando fogo. Esses filhos da puta vão queimar até a morte.

— Você não falhou em nada. — Encarei ela. — Lily, você é tudo, menos uma falha. O problema está neles e não em você.

Frisei e ela me olhou sem dizer nada.

Queria que ela se visse como eu a vejo.

— E você não puxou nenhum traço deles. Você é diferente. Linda, inteligente, boa até demais. Ingênua. — Continuei e ela riu um pouco na última palavra.

— Você está certo. — Ela assentiu. — Mas eu não fui ingênua, eu fui burra. Não confiei nos meua melhores amigos e agora perdi eles.

A Lily olhou para o chão.

— Sinto muito, Luke. —  Ela respirou fundo. — Eu tratei você mal e desprezei você, quando você só queria me ajudar. Eu li as cartas e as músicas. Espero que você ainda sinta um pouquinho daquilo por mim e queira, pelo menos, ser meu amigo. Já que eu estraguei tudo, eu imagino que...

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora