Capítulo 9

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Luke

— Vocês me foderam com esse ensaio agora. — Entrei no estúdio e vi a equipe nas suas posições. — Eu estava ocupado.

Larguei as minhas coisas e fui até os equipamentos para pegar a guitarra.

— Ocupado com o quê? Pelo que eu te conheço, você dorme tarde. — A Lety me olhou com suspeita. — Estava ficando com outra fã? Você se supera a cada dia, Luke.

Ela ironizou e o Zack riu achando graça.

— Nada é mais importante do que os ensaios e a banda, Martinez. Nós temos esse pacto. — O Nick pegou as suas baquetas do lado da bateria. — Deu de papo furado. Vamos arrebentar agora.

Ele sorriu e todos nós nos preparamos.

"Nada era mais importante do que a banda." Aquilo era o nosso pacto e a nossa paixão inabalável. Mas as coisas estavam começando a mudar e eu percebia que as prioridades estavam se transformando.

Se ela precisasse que eu a defendesse em qualquer situação, eu largaria todos os compromissos da banda e correria até a Lily. Mesmo que fossem cinquenta quilômetros e eu estivesse todo quebrado.

Não era paixão. Longe disso. Mas aquela garota era simplesmente hipnotizante em todos os sentidos. Seus olhos azuis eram como dois abismos profundos, capazes de prender minha atenção instantaneamente.

Cada traço de seu rosto era uma obra-prima da natureza e seu corpo emanava uma aura magnética que me fazia sentir uma necessidade profunda de protegê-la em todos os momentos. Era algo visceral e não podia ser ignorado assim.

— Luke Martinez! — O Zack deu um soco no meu ombro e eu voltei ao mundo real na mesma hora. — Acorda, merda. Vamos treinar. Não sei se você esqueceu, mas nós temos um show importante essa semana.

Ele relembrou e eu apenas respirei fundo.

— Me dá um soco de novo que eu enfio esse punho no seu... — Não terminei de falar. — Deixa quieto. Ia soar bem pesado.

Ironizei. Esssas zoeiras eram comuns entre a nossa pequena família musical.

— "Shadows of the Past." — A Lety pediu.

O Nick deu o primeiro passo, puxando os acordes iniciais com uma batida forte e pulsante na bateria. Seu ritmo criou a base sólida que todos nós seguimos e nos juntamos. Cada instrumento entrava em harmonia com a energia iniciada por ele.

— Um, dois, três. "In the depths of my mind, i search for what i left behind, lost in memories, i find the strength to leave it all behind." — A Lety começou a cantar e fez sinal para eu entrar juntamente com ela.

"Underneath the moon's gentle glow, i'll find my way, let the past go, with each step, my spirit will grow, into a future where i'll finally know." — Nós continuamos juntos.

Após uma hora de ensaio implacável, onde mergulhamos fundo em um repertório que misturava nossos clássicos consagrados com as nossas novas músicas, finalmente pausamos para recuperar o fôlego perdido.

Naquele instante, a atmosfera estava eletrificada e podíamos sentir a energia pulsante da nossa música no ar do estúdio.

O próximo show, um evento beneficente em um local menor, prometia uma experiência completamente visceral.

Com uma plateia esperada de cerca de três mil pessoas, sabíamos que a intensidade estava prestes a atingir níveis estratosféricos. Nós entendíamos que esse show era mais do que apenas música. Era uma oportunidade de causar um grande impacto, de inspirar e unir as pessoas através da arte. Estávamos prontos para nos entregar completamente, para incendiar o palco e criar uma experiência que ficaria marcada nas nossas carreiras.

— Eu vou precisar de dois ingressos para esse show beneficente. Quero convidar duas pessoas. — Comentei enquanto guardava a guitarra no canto do estúdio.

— Quem? — A Lety perguntou. — Todos os nossos amigos já adquiriram um ingresso.

Ela relembrou e eu assenti rapidamente.

— Eu sei. É uma amiga de fora do nosso ciclo social. Vou chamar ela e o amigo dela. — Expliquei. — Como ela não está acostumada com essas coisas, acho que um ombro amigo vai fazer a diferença lá.

Dei de ombros não querendo falar muito.

— Vai rolar o ingresso, Lety? — Perguntei.

— Eles tem grana? O evento é próprio para quem fizer doações. — O Zack perguntou.

Não respondi e peguei o meu celular.

"Marcus, faz uma doação para a instituição Associação Amor Animal no nome de Lily Miller. Entra na minha conta e transfere mais uns cinquenta mil para eles, tá?" Escrevi para o meu assistente.

"Mais, chefe?" O Marcus logo respondeu.

"Os animais merecem. Ela vai levar um acompanhante. Não quero que questionem ela sobre o dinheiro. Ela não gosta de estar nos holofotes." Mandei outra mensagem.

E ela não iria gostar de saber que eu estava fazendo uma doação no nome dela.

"Certo, Luke. Estou transferindo cinquenta mil para a conta deles agora." Ele mandou.

— Resolvido. — Guardei o celular e olhei para eles. — A Lily e o amigo fizeram uma doação generosa. Vê se descola o ingresso.

Ela tirou os ingressos do bolso da jaqueta.

— Toma. Convida essa tal amiga para o evento. — Ela sorriu de forma irônica.

— Você é foda, Lety. — Peguei eles e sorri.

Abri a conversa com a Lily para chamá-la.

"Topa ir em um evento beneficente nesse fim de semana? Vou tocar lá." Convidei.

"Até queria, mas ultimamente não estou podendo fazer doações por causa da crise do desemprego. Desculpa." Ela respondeu.

"Relaxa. Eu já consegui o ingresso. Por eu ser membro da banda, eu tenho algumas regalias. Vem comigo. Você pode convidar o seu amigo também, Lily. Consegui ingresso para os dois." Tentei convencê-la.

"Sério, Luke? Vou poder levar ele também?" Ela perguntou. Xeque-mate.

"Quem você quiser." Respondi e vi que ela estava digitando mais alguma coisa, mas apagou. "O que houve? Quer chamar mais alguém e está com vergonha de pedir?"

"Adivinhou. Outra amiga." Ela escreveu.

"Ela é bem-vinda também, Lily." Respondi e ela mandou um emoji com um sorriso.

— Vou precisar de outro ingresso. — Olhei para a Lety. — Convidei mais uma pessoa.

Recebi um olhar de desaprovação dela.

— Não se preocupa, Lety. Ela é podre de rica. — Menti com um sorriso e abri a minha conversa com o Marcus de novo.

"Mais vinte e cinco mil. Não faça perguntas. Muito obrigado." Enviei.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora