Capítulo 42

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Choque. Dor. Enjoo. Angústia. Alívio.

— Eu preciso... — Respirei com força e olhei para os quatro, que não sabiam o que falar. — Eu vou atrás do Luke.

Comecei a ir em direção a saída e o Alex segurou o meu braço, me impedindo de andar.

— Nesse estado? — Ele perguntou preocupado.

— Não me toca. — Me desvincilhei dele. — Desculpa. Eu estou bem. Eu só tenho que ir.

— Lily, não vai assim. — A Cleo pediu.

Desculpa, desculpa. — Olhei para a Emily e a mãe dela. — Me desculpem.

Corri em direção a saída, sem saber para onde ir. Sem saber como sequer respirar.

Caminhei pelas ruas, alheia ao frenesi dos carros e à agitação das pessoas ao meu redor.

Meus pensamentos estavam turvos, emaranhados na confusão de sentimentos desencadeada pela notícia da morte deles.

O falecimento deles, carbonizados na cadeia, provocou um misto de emoções complexas – luto, raiva, alívio.

Eu queria só sentir alívio. Felicidade. O que eles me causaram, vai me acompanhar pelo resto da vida e agora eu só fiquei livre. Livre deles.

Mas não consigo. Eu sinto que tudo poderia ser diferente. Eles causaram esse mal, mas poderia ter sido diferente. Não era pedir muito uma infância feliz e pais amorosos.

Eu só queria ser amada por eles. Tudo que recebi foi ódio, vingança e tentativa de assassinato. Eles tentaram te matar, Lily.

Ao chegar à casa do Luke, um refúgio já conhecido, procurei por ele, mas ele ainda não estava.

Adentrei o ambiente, tentando entender como ele foi capaz de colocar fogo na cela dos meus genitores.

Meu coração pulsava com uma mistura de curiosidade e apreensão. Se ele for preso e perder a carreira dele por causa disso, eu não sei como vou reagir em diante.

Eu deveria ficar furiosa com ele? Buscar entender e perdoar? Afinal, ele matou duas pessoas.

Um baque forte na porta ecoou.

Luke entrou na casa, a respiração ofegante ecoando pela sala, um reflexo do tumulto que sua mente estava enfrentando.

Seu olhar buscava nos meus sinais de compreensão ou reprovação, enquanto o peso do que ele fez pairava entre nós, criando uma atmosfera carregada de tensão.

— O que você fez... — Finalmente falei, com a voz trêmula. — Porra, o que você fez, Luke?

Questionei e ele parecia em transe.

— Fala! — Gritei. — Fala alguma coisa!

— Eu não sei, Lily... — Ele colocou as mãos na cabeça e andou pela sala. — Não sei o que deu em mim, mas eles te machucaram. Eles mexeram com você e isso é imperdoável. Você e minha irmã são tudo para mim, porra.

Olhei para ele e balancei a cabeça.

— Você se tornou um assassino. — Sussurrei.

— Não fala isso. Não fala isso. Não fala isso. — Ele repetiu várias e olhou para mim, buscando uma negação da minha parte. Não neguei. — Não sou um assassino, Lily.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora