Capítulo 30

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Luke

A porta se fechou com um estrondo, ecoando a partida dela. Senti um nó se formar na garganta enquanto me afundava no sofá, as mãos instantaneamente indo para a minha cabeça, como se pudesse conter o turbilhão de pensamentos que se desencadeou.

Volta, Lily. Volta, Lily. Volta, Lily. Volta, Lily.

O silêncio que se seguiu era palpável, pesado e o impacto da sua decisão reverberava em cada canto da sala. Uma crise de pânico se insinuou, fazendo meu peito apertar e a respiração se tornar uma luta árdua. As paredes pareciam se fechar, a sala se contraindo ao meu redor.

Volta, linda.

As minhas mãos tremiam, a realidade da situação se manifestando fisicamente. Cada batida acelerada do coração martelava a dor de vê-la partir, me deixando numa sensação de desamparo.

A angústia se espalhava como um incêndio voraz, consumindo cada pensamento, cada respiração. O eco vazio da casa ressoava com a ausência dela, um silêncio pesado de desespero.

O ar estava impregnado com a lembrança da presença dela, uma lembrança intensa que se infiltrava em cada canto, intensificando a dor.

Cada recanto da sala parecia testemunhar o vácuo que ela deixou para trás.

A companhia dela, o sorriso, os olhos hipnotizantes, o cheiro, o corpo, a presença. Tudo nela me fascinava e agora ela só foi embora.

A raiva fervia dentro de mim, uma chama crescente alimentada pela frustração e autocondenação. Agarrei com força a almofada que, poucas horas antes, ela pressionava contra si mesma em êxtase.

Lancei a almofada com uma força impulsiva, como se pudesse liberar a tempestade que rugia dentro de mim.

O coração dela, bondoso até demais, parecia quase inocente diante da ideia de que seus pais poderiam mudar. Envolta por uma aura de otimismo, ela se via aprisionada em uma teia sutil de manipulação, incapaz de perceber que suas boas intenções eram exploradas.

Era difícil aceitar que alguém pudesse ser tão benevolente a ponto de ignorar a própria dor em prol daqueles que a causaram. No entanto, essa era a essência de Lily, uma alma nobre em um mundo que, muitas vezes, não retribuía sua gentileza.

— Preciso sair daqui. — Murmurei para mim mesmo.

A decisão de ir para o estúdio tomou conta de mim como uma tempestade, uma necessidade urgente de fugir dos espinhosos pensamentos que me atormentavam.

Ao entrar no carro, o cheiro dela se misturou ao couro dos bancos, uma sensação que, em outro momento, seria reconfortante.

O estúdio, meu refúgio musical, tornou-se o destino para onde me dirigi sem pensar. Cada curva, cada semáforo, eram obstáculos secundários diante da tormenta interna.

Respirei fundo e peguei o meu celular.

Com os dedos hesitantes sobre a tela, envio uma mensagem para o Alex.

"Oi, Alex. É o Luke. Eu e a Lily terminamos a nossa coisa. Ou melhor, ela terminou. Sei que ela não está falando com você, mas cuida dela, cara. Ela meio que me odeia agora." Enquanto as palavras digitadas ecoavam na tela, senti um nó se formando no meu estômago.

Uma parte de mim esperava que ele pudesse cuidar dela, mesmo que isso significasse que ela não precisaria mais de mim.

"Porra, sinto muito. Eu duvido que ela queira falar comigo, mas eu vou tentar de tudo. Fica bem e conta comigo." Recebi a resposta dele.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora