Capítulo 40

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O clima mais bizarro da face da terra.

O silêncio pesava como uma nuvem carregada, enquanto eu e eles trocávamos olhares carregados de tensão.

A Cleo e o Alex, visivelmente inquietos, ansiavam por expressar as desculpas que pairavam no ar.

A atmosfera estava impregnada de tensão, cada um de nós hesitante em dar o primeiro passo para dissolver o desconforto.

— Vocês realmente estavam transando dentro da sala de limpeza? — O Alex cortou o silêncio e eu arregalei os olhos.

Não era isso que eu esperava.

— Podemos dizer que foi uma transa higiênica. — A Cleo riu e nós dois olhamos para ela sem entender. — Porra. Vocês são burros demais.

Ela revirou os olhos.

— Explica, sua otária. — O Alex pediu.

— A partir do momento em que eu tenho que explicar uma piada, ela perde o sentido. Isso é matemática básica. — A Cleo argumentou.

Matemática básica? — O Alex franziu as sobrancelhas.

Dei uma risada baixa, mas cobri a boca.

— Você sorriu. — Ele apontou para mim e depois para a Cleo. — Ela sorriu. Ela sorriu para a gente.

A Cleo assentiu e ambos me encararam quase assustadoramente, esperando eu sorrir de novo.

— Parem com isso. — Revirei os olhos.

— Desculpa, é o nervoso. — Ela confessou e o seu semblante voltou a ficar sério. — Principalmente da minha parte, já que magoei uma das pessoas que mais amo no mundo. Falei coisas horríveis, que me arrependo tanto.

Fiquei em silêncio e olhei para o chão.

— Por mais que eu quisesse te alertar e te acordar do seu conto de fadas, eu falei do jeito errado. Eu joguei a culpa em você, quando na verdade, a culpa era só deles. — A Cleo balançou a cabeça. — Você é a vítima, Lily e eu não enxerguei isso.

O Alex colocou a mão no meu ombro.

— Apesar de eu não ter sido tão escroto quanto a Cleo foi... — Ele provocou e ela riu um pouco. — Eu também quero te pedir desculpas. De coração. Por não ter respeitado suas decisões e ter agido contra sua vontade. Se eu soubesse isso ia abalar a nossa amizade, eu sentaria com você e faria as coisas com mais calma e do seu jeito.

Ele deu um sorriso fraco e apertou o meu ombro levemente.

— Vocês estavam certos. — Admiti.

— Meio óbvio, mas... — A Cleo ironizou.

— Porque você estraga um momento que é para ser dramático? — O Alex debochou.

— Erro meu. Vou ser mais séria. — Ela pigarreou e olhou para mim. — Rogo humildemente perdão, honrada Lily, por minha lamentável conduta, caracterizada pela iniquidade, que ousou trair a sagrada confiança que em mim depositastes.

Não aguentei e comecei a rir.

—  Também eu, estimada Lily, vi-me involuntariamente implicado neste incidente, embora minha conduta não tenha atingido o nível de desregramento perpetrado por essa insensata criatura. — O Alex fez uma voz grave falsa.

O pedido de desculpas mais louco que eu já recebi.

— Concedo meu perdão a vós, tolos, reconhecendo que, em verdade, vossas ações revelaram-se acertadas, apesar das adversidades. — Sorri para os dois.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora