Capítulo 35

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À medida que mergulhava nas intricadas buscas por um advogado, o desespero se tornava um constante eco em minha mente.

Cada tentativa de encontrar uma solução se transformava em um labirinto sem saída, onde as esperanças se desfaziam em sombras.

O tic-tac do relógio ecoava como um lembrete impiedoso do tempo que se esgotava, enquanto eu lutava para encontrar uma luz no fim desse túnel legal.

Eu estou fodida. Simplesmente fodida.

Cada ligação era como um eco vazio, ressoando a falta de respostas concretas. As opções pareciam escassas e a ansiedade se entrelaçava com cada tentativa frustrada.

Eu tinha que reconhecer que, apesar brutalidades sofridas, aqueles agressores ainda ostentavam o título de família. Eu precisava salvá-los.

Naquele momento de introspecção, uma decisão se solidificava em minha mente: retirar as queixas contra meus pais. O peso da culpa, que por tanto tempo carreguei, se entrelaçava com a necessidade urgente de resgatar os laços familiares desgastados.

O fardo da responsabilidade me guiava em direção à delegacia, não apenas para reverter as acusações, mas para começar um diálogo delicado. Eu estava decidida a ter uma conversa com meus pais antes de tomar essa medida extrema. Era uma jornada com o objetivo de confrontar o passado e encontrar um caminho para o perdão.

Enquanto eu me dirigia à delegacia, as ruas conhecidas pareciam diferentes. A cidade, antes tão familiar, agora era palco de um drama familiar que ultrapassava suas fronteiras físicas. O peso da decisão ecoava em cada passo, reverberando nas paredes da minha mente.

Minha intenção era clara: dialogar com meus pais sobre as barreiras financeiras que nos impediam de seguir a rota tradicional da justiça. O custo dos advogados especializados era uma barreira quase impossível e minhas palavras teriam que ser o veículo da verdade. Apesar de ser mentira.

Quando entrei na delegacia, o delegado e os policiais já me reconheceram. Essa é a garota babaquinha que está defendendo os pais pelos maus-tratos que ela mesma sofreu.

Ao chegar à porta, meu coração pulsava freneticamente e minhas mãos tremiam ligeiramente. Respirei fundo, absorvendo coragem para enfrentar o diálogo iminente. Com uma inalação profunda, empurrei a porta e adentrei na sala onde meus pais aguardavam.

Ao entrar, seus olhares esperançosos se voltaram na minha direção e um sorriso se formou nos seus lábios ansiosos. Minha mãe, num ímpeto de emoção, levantou-se apressadamente e correu na minha direção para um abraço caloroso.

No entanto, eu permaneci estática, incapaz de retribuir o gesto. Eu ainda não conseguia abraçá-la.

— Novidades? — O meu pai perguntou.

Sentei-me à mesa, decidida e coloquei o celular com delicadeza. Cruzei os braços sobre o peito, um gesto que expressava não apenas uma barreira física, mas uma postura de questionamento diante da situação.

— Bom dia. Sim, estou bem. — Ironizei um pouco, querendo a porra de uma atenção deles. — Está complicado ainda. Não achei nenhum advogado que caiba no meu orçamento.

Expliquei e a expressão deles se tornou dura.

— Sua mãe está tendo que comer a comida seca daqui. Agiliza, Lily Miller. — Ele pediu.

Pelo menos ela não estava comendo o pão que o diabo amassou, como eu estava.

— Não tenho como arcar com o advogado sozinha. Vocês vão precisar arcar com pelo menos cinquenta por cento. — Apoiei os cotovelos na mesa e olhei para eles.

CORDAS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora