CORDAS DO CORAÇÃO

Capítulo 37

Mal cheguei em casa e uma batida fervorosa na porta me assustou completamente.

— Já estou indo. — Me direcionei até a porta e quando abri a mesma, arregalei os olhos diante da surpresa ao vê-la. — Lana?

Eu esperava qualquer pessoa. O papa, o presidente, a Taylor Swift. Mas não a irmã do Luke.

— Oi, Lily. — Ela sorriu. — Escuta, eu tenho uma viagem agora e eu estou com muita pressa, mas eu queria te entregar uma coisa.

Ela me estendeu uma caixa e eu encarei ela com confusão. Porque a Lana me daria um presente?

— Eu tomei essa atitude porque estou simplesmente cansada de ver vocês dois lutando contra o óbvio. — A Lana revirou os olhos. — E também porque eu preciso dos meus vinte mil reais.

Ela murmurou a última parte e eu fiquei mais confusa ainda.

— Você está falando grego. — Segurei a caixa com firmeza.

— Se eu falo grego, essa caixa fala a sua língua e esclarece muitas coisas. — Ela apontou para a caixa e sorriu. — Vou indo, Lily. Boa sorte e toma a decisão certa. Eu não quero ser obrigada a te odiar.

Ela usou um tom ameaçador e saiu pelas ruas, arrastando suas malas antes de eu contestar qualquer uma das suas falas.

Essa mulher deve estar bêbada.

— Você entendeu isso, Floqs? Por que eu não. — Fechei a porta e sentei no sofá, colocando a caixa em cima da minha mesinha de centro.

Agora nova e de madeira, já que a de vidro só me trouxe machucados. Literalmente.

Ao abrir a caixa que a Lana deixou para mim, me deparei com uma mistura de emoções e surpresas. Entre as folhas de papel e o gravador pendrive, a tensão crescia em meu peito.

Deslizei meus dedos sobre o nome dele gravado nas cartas e um leve tremor percorreu minha espinha, alimentando a incerteza que já habitava em mim.

Dez cartas, cada uma contendo palavras que, de alguma forma, eram destinadas a mim.

Com uma mistura de ansiedade e expectativa, conectei o pendrive ao notebook, abrindo uma pasta. Nela, encontravam-se dez arquivos de voz, numerados sequencialmente, cada um representando um dia específico.

Dia um, dia dois, dia três. E assim, até o dia dez.

Peguei a carta do dia um.

"Dia um.

Lily,

Eu nunca fui de sentir falta de alguém, o que chega a ser bem estranho para algumas pessoas. O engraçado é que, no primeiro dia depois de você terminar comigo, já percebi um vazio peculiar. As horas parecem mais silenciosas e o eco da sua ausência ressoa de uma maneira que eu não conhecia."

Dei play no arquivo de música do dia um e senti um nó na garganta.

A cada música, um trecho ficava na minha mente.

"Por entre ruas lotadas, sua luz prevaleceu,
Um caleidoscópio de sonhos, um conto revelado.
No reflexo desses olhos oceânicos,
Um mundo de maravilhas, uma doce reprise."

A voz dele. Não sei se vou aguentar até o final.

"Dia dois.

Lily,

Aqui estou, no segundo dia sem você. É estranho como você pode se tornar um pedaço essencial do cotidiano sem perceber. Sinto falta do som da sua risada. Espero que, de alguma forma, essas palavras cheguem até você, pois neste segundo dia sem você, meu mundo parece um pouco mais cinza."