Capítulo 49

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Acordei com a Isabela me chutando. Ela estava na cama pendurada no peito como sempre. A Priscilla não vai desmamar essa menina nunca e eu não ousei falar nada.

Eu: Bom dia.

Pri: Bom dia...

Eu: Bom dia filhinha... – beijei a cabeça dela – Acordou cedo minha princesa.

Pri: Ela acordou as cinco da manhã. – olhei a hora e eram sete horas.

Eu: Por que tão cedo assim?

Pri: Febre. Mas já passou.

Eu: Pri, o que acha de fazermos terapia de casal?

Pri: Pra que?

Eu: Para tentarmos chegar a um consenso.

Pri: Natalie, já tentamos conversar, já tentamos nos entender e não deu certo. Por que vamos ficar insistindo nisso?

Eu: Por que eu não quero desistir da gente.

Pri: E acha que um estranho vai salvar nosso casamento, sendo que você não fez a menor força pra isso? Não me faça rir Natalie. – foi irônica.

Eu: Parece que você está decidida então.

Pri: Sim. E isso tudo se chama cansaço. Exaustão. Uma hora cansa Natalie... E eu cheguei no meu limite muitas vezes e eu estou de saco cheio disso. Está cedo, não vou começar o dia discutindo. – eu levantei fui tomar um banho. Logo sai e ela não estava no quarto mais, deve ter ido dar banho na nossa filha. Desci e meu pai estava na cozinha conversando com a Edith.

Eu: Bom dia pai, bom dia Edith... – eles responderam. Me servi de um pouco de café e logo a Pri desceu com a Bela. – Você tá linda filha, muito linda. – ela estava com um short saia jeans e uma blusa polo branca e de tênis, e no cabelo dela tinha um laço. – Vai sair?

Pri: Sim. Vou ao shopping com ela, preciso comprar umas roupinhas pra ela. Isabela perdeu muita roupa já. E vou numa loja de brinquedos com ela também. Não nos espere para almoçar, vamos comer na rua.

Eu: Não pensou em me convidar? – ela não respondeu. – Até mais Leandro... Bom dia Edith. – saiu de casa. Nem café ela tomou.

Pai: Ela está firme no propósito dela.

Eu: Está... Eu não quero o divorcio pai.

Pai: Eu sei filha, mas talvez dar um tempo a ela, seja necessário.

Eu: Está me dizendo que eu devo aceitar o pedido de divorcio?

Pai: Estou dizendo que você deve se afastar. Se recuse a assinar, mas dê espaço a ela. Seja uma mãe presente, não fique com desconfianças porque pelo que disse foi isso que desgastou seu casamento, cobranças e ausências. – ele talvez tivesse razão nisso. Priscilla chegou em casa no fim do dia com um monte de sacolas, com a Bela dormindo e toda suja. Passaram o dia todo fora. Ela deu banho na Bela deu de mama e a colocou na cama e foi tomar banho. Quando ela saiu, ela veio falando.

Pri: Eu vou trabalhar amanhã e a babá não vem, ela tem uma consulta eu acho, não prestei muito atenção. Você pode passar o dia com a Bela?

Eu: Claro que posso que pergunta boba, ela é minha filha Priscilla.

Pri: Sempre foi somente nas horas vagas, então não custa perguntar – ela não perdia a oportunidade de alfinetar. Ela logo veio com as sacolas de roupas que comprou pra Bela, foi tirando as etiquetas.

Eu: E se não servir, como vai trocar?

Pri: Ela experimentou a maioria, e as que eu tinha certeza que serviria ela não experimentou. Ela ama shopping e experimentar roupa e a criatura só tem dois anos, meu bolso que lute.

Eu: Ela ama roupa.

Pri: Boa parte foi ela quem escolheu, e já tem bom gosto a bichinha...

Eu: Imagina quando ela já estiver na escola. E quando estiver namorando? Ai meu Deus eu não estou preparada.

Pri: Ainda falta muito pra isso Natalie. Ela vai pra escola só no meio do ano que vem como combinamos por causa da cirurgia nos ouvidos.

Eu: É. Acho que ela tem pouca interação com crianças, e ela ainda insiste muito na linguagem de sinais.

Pri: Vamos manter a linguagem de sinais com ela, a acuidade dela está em 100%, mas ela sempre usou a linguagem de sinais para bebês e a já introduzindo a de sinais nela. Ela não vai parar assim da noite para o dia. Ela tem falado mais e ela brincou com as crianças no parquinho do shopping hoje. Só que ela não está pronta pra ficar num ambiente com crianças gritando o dia todo. Ainda estamos tentando desfraldar e desmamar.

Eu: Desmamar é o mais difícil né Priscilla?

Pri: Não me julga Natalie. Ela é a minha bebê, e foi complicado ter a Isabela e é meu apego. Você amamentou o Eric por muito tempo.

Eu: Por um ano Pri.

Pri: E dai se a Isabela mama ainda? Ela vai mamar até quando ela quiser e até quando eu tiver leite. E isso não está em discussão. Quando ela não quiser mais, ela para de pedir e o leite vai secando.

Eu: Sei...

Pri: Falou com Eric?

Eu: Não. Ele não mandou nenhuma mensagem hoje. Deve estar se divertindo horrores.

Pri: Espero que sim, e que esteja fazendo amigos novos também.

Eu: É. Também espero. – ela não falou mais comigo. Desceu colocou as roupas para lavar e ficou lá embaixo por duas horas, até as roupas lavarem e secarem na secadora. Aproveitou para fazer um lanche. Ela deitou sem falar comigo.

No dia seguinte ela saiu tão cedo que eu nem vi. Os dias se passaram e eu não via a Priscilla direito, mal falava com ela. Saiamos as vezes para jantar ou almoçar com meu pai, para conhecer algum lugar com ele, mas ela quase não falava comigo. O Eric voltou do acampamento e não foi tão receptivo assim ao avô, mas meu pai entendeu, afinal de contas ele nunca foi presente. Ele foi educado, conversou com ele várias vezes, mas não foi aberto como ele costuma ser com a família da Pri ou com meus irmãos. Meu pai foi embora e as aulas do Eric na escola nova começaram. Priscilla o levou para a escola pela manhã e foi trabalhar. Quando entrei no meu escritório tinha um envelope branco com a marca do advogado da Priscilla... Eu abri e era o pedido de divórcio, já estava assinado por ela. Aquilo me feriu tanto que eu não conseguia respirar. Era o que ela queria. Eric voltou da escola as 15:30 super feliz. Nunca vi meu filho tão feliz assim. Ele dizia que a nova escola era legal, que as pessoas eram legais com ele, e que três pessoas o reconheceram, mas prometeram não falar pra ninguém que era meu filho. Os professores eram legais, as aulas eram mais dinâmicas. Eu fiquei feliz de vê-lo tão feliz assim. A turma dele ia promover diversos eventos para fazerem um baile de formatura bem legal, era a cultura da escola, os alunos promoverem eventos para o baile de formatura no próximo ano. Ele estava bem empolgado. A noite quando fui pra cama, levei o envelope junto... Fechei a porta do quarto e me sentei na mesa do nosso quarto.

Eu: É isso mesmo Priscilla? É isso que você quer?

Pri: É necessário Natalie. A gente não está funcionando mais. Eu te amo, de verdade. Mas eu não consigo mais empurrar esse relacionamento do jeito que está. Pra mim não dá mais. – suspirou.

Eu: Eu não vou assinar.

Pri: Natalie, por favor... Não está fazendo bem a ninguém essa situação.

Eu: A gente dorme separada, a gente se afasta, mas eu não saio dessa casa, e nem te dou o divorcio. Vamos tentar consertar isso. – eu levantei e fui para o quarto de hospedes. Eu não ia desistir do meu casamento e da mulher que eu amo assim tão fácil.


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